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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Afanando o Iraque

16/07/2010 07h15 - Atualizado em 16/07/2010 07h41

Ruínas e relíquias históricas do Iraque sofrem com novas pilhagens

Sítios arqueológicos no país não têm mínimas condições de segurança.

Não há esperança de que peças roubadas sejam recuperadas no futuro.

Por Steven Lee Myers Do New York Times, em Dhahir, Iraque


A pilhagem das ruínas antigas do Iraque está ocorrendo novamente. Desta vez, ela não vem como resultado do caos que se seguiu à invasão dos Estados Unidos, em 2003, mas da indiferença burocrática do novo governo soberano no país.

Milhares de sítios arqueológicos – contendo alguns dos mais antigos tesouros da civilização – foram deixados sem proteção, permitindo o que as autoridades da comissão de antiguidades do Iraque dizem ser um reinício de escavações audaciosamente ilegais, especialmente no sul do Iraque.

A nova força policial de antiguidades, criada em 2008 para substituir as tropas dos EUA que se retiravam, deveria ter mais de 5 mil policiais até agora. Ela tem 106, apenas o bastante para proteger seu quartel general – uma mansão da era otomana às margens orientais do rio Tigre, em Bagdá.

“Estou sentado em minha mesa e estou protegendo as ruínas”, afirmou com exasperação o comandante da força, o brigadeiro-general Najim Abdullah al-Khazali. “Com o quê? Palavras?”

O fracasso em recrutar e usar a força (e as consequentes pilhagens) reflete uma fraqueza mais ampla nas instituições de estado e lei do Iraque, enquanto o exército norte-americano se retira de forma constante – deixando para trás um legado de incerteza.

Iraque pilhagens 1ABeduínos observam tumba suméria violada em Dhahir, sul do iraque. (Foto: Holly Pickett/New York Times)

Muitos dos ministérios do Iraque continuam frágeis, minados pela corrupção, pelas divisões incertas de poder e recursos e pela paralisia política que consumiu o governo antes e depois das eleições deste ano.

No caso das ruínas antigas do Iraque, o custo foi a perda incalculável de artefatos da civilização da Mesopotâmia, uma história que os líderes do Iraque frequentemente evocam como parte da antiga e, antecipando as pesquisas arqueológicas e o turismo, futura grandeza do país.

“As pessoas que tomam essas decisões falam tanto sobre história em seus discursos e conferências”, afirmou o diretor da Comissão Estadual de Antiguidades e Patrimônio, Qais Hussein Rashid, referindo-se às dificuldades da nova força policial, “mas não fazem nada”.

As pilhagens não foram retomadas na escala dos anos imediatamente subsequentes à invasão dos EUA, em 2003, quando os saqueadores – ladrões de túmulos, basicamente – atacaram locais de todo o país, deixando para trás crateras onde existiram cidades sumérias, acadianas, babilônicas e persas.

Mesmo assim, autoridades e arqueólogos relataram dúzias de novas escavações durante o ano passado, coincidindo com a retirada das tropas americanas, que até 2009 conduziam operações conjuntas com a polícia iraquiana em muitas regiões hoje sendo atacadas, mais uma vez, por saqueadores. A polícia das antiguidades afirma não ter recursos nem mesmo para manter registros das pilhagens relatadas.

Aqui, a pilhagem é evidente nos fragmentos da civilização – pedaços de cerâmica, vidro e pedra esculpida – espalhados por uma extensão do deserto que já foi uma cidade suméria de comércio, conhecida como Dubrum.

Os vasos, tigelas e outras peças são destruídas e descartadas por saqueadores que buscam ouro, joias e cilindros ou placas cuneiformes que são fáceis de contrabandear e revender, segundo Abdulamir al-Hamdani, ex-inspetor de antiguidades na província de Dhi Qar. A cidade mais próxima, Farj, é notória por seu mercado negro de antiguidades saqueadas, disse ele.

“Para mim, para você, tudo aquilo não tem preço”, disse ele. “Mas, para eles, o que não pode ser vendido no mercado é inútil”.

O sítio de Dubrum – que se esparrama por quilômetros numa região pouco povoada – é marcado por centenas de trincheiras, algumas com mais de 3,5 m de profundidade. No fundo de algumas delas é possível ver os tijolos de tumbas, marcando a área como um cemitério.

Al-Hamdani disse que as tumbas são os alvos mais bem avaliados – para arqueólogos e saqueadores.

Muitas das trincheiras datam do caos pós-invasão, mas outras foram recém-cavadas. No mês passado, alguém usou um trator e fez um corte de meio metro no deserto, revelando os tijolos e o betume de uma escada possivelmente levando a outro cemitério. Os materiais datavam ao período babilônico, no século VII a.C.

Iraque pilhagens 2Sede da Polícia de Antiguidades, que sofre com falta de verbas e pessoal. (Holly Pickett/New York Times)

A precisão do novo saque indica uma especialização.

“O ladrão está em casa”, disse al-Hamdani, sugerindo que muitos dos envolvidos trabalharam nos sítios anos atrás, quando ocorreram as legítimas escavações arqueológicas – antes da guerra que derrubou Saddam Hussein.

Um beduíno reportou a nova escavação à polícia local em Dhi Qar, mas não havia muito que os policiais podiam fazer além de atrair a atenção pública ao problema.

O sucessor de al-Hamdani como inspetor de antiguidades para a província, Amir Abdul Razak al-Zubaidi, reclamou que não tinha verba nem mesmo para a gasolina usada ao dirigir aos locais de novos saques.

“Nenhum guarda, sem cercas, nada”, disse al-Hamdani. “O local é enorme. Você pode fazer o que quiser”.

Até a criação da polícia de antiguidades em 2008, a responsabilidade de proteger sítios arqueológicos ficava com a Polícia de Proteção Federal, criada, equipada e treinada pelos militares americanos. A polícia federal, entretanto, também protege autoridades e prédios do governo, como escolas e museus. As ruínas, algumas delas apenas trechos desolados no deserto, ficavam bem abaixo na lista de prioridades.

Em vez de preencher a lacuna, a criação da polícia de antiguidades a aprofundou. As diversas forças militares e policiais do Iraque simplesmente deixaram o assunto a uma agência que, quase dois anos depois, nem mesmo opera efetivamente.

Rashid, diretor da comissão de antiguidades, também disse que a solicitação de sua agência para um orçamento de US$ 16 milhões em 2010 foi reduzida para US$ 2,5 milhões. Os policiais prometidos pelo Ministério do Interior ainda não se materializaram, apesar de uma ordem, no ano passado, do primeiro- ministro Nouri al-Maliki.

“Nem tudo que o primeiro-ministro pede a seus ministros é obedecido”, explicou ele.
Um porta-voz do Ministério do Interior não quis comentar a situação atual da polícia de antiguidades.

Rashid continuou, afirmando que os saqueadores de algumas províncias do sul – incluindo Dhi Qar e Wasit – operavam com a conivência das autoridades da lei.

“A mão da lei não consegue atingi-los”, disse ele.

O extenso e duradouro impacto das pilhagens em locais como Dubrum podem nunca ser conhecidos, já que eles jamais foram adequadamente escavados.

Al-Zubaidi, o inspetor em Dhi Qar, comparou a crise atual com os saques ao Museu Nacional em Bagdá, uma pilhagem extrema que estimulou o mundo a fazer algo. O destino do museu continua atraindo uma atenção muito maior do governo e dos benfeitores internacionais.

“A maioria das peças roubadas do Museu Nacional será recuperada”, disse al-Zubaidi. “Todas elas eram marcadas e registradas”.

Quase metade das 15 mil peças saqueadas do museu já foi devolvida.

“As peças que foram roubadas daqui nunca voltarão”, concluiu ele. “Elas estão perdidas para sempre”.


Fonte:G1

Um comentário:

Anônimo disse...

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