Prisão de religioso por suspeita de pedofilia causa espanto e indignação no Sul de Santa Catarina
A Polícia Civil deve concluir o inquérito em 10 dias; supostos abusos serão relatados ao MP
Indignação para alguns, surpresa para outros. A prisão, na sexta-feira, do frei Paulo Back pela suspeita de ter cometido crime de pedofilia se tornou o principal comentário do final de semana na cidade de Forquilhinha, no Sul do Estado. A Polícia Civil deve concluir o inquérito em 10 dias e, apesar da acusação ter sido de um fato possivelmente cometido há dois meses, outros abusos supostamente acontecidos há mais de 20 anos também serão relatados ao Ministério Público.
O delegado responsável pelo caso, Leandro Loreto, conta que as investigações começaram no dia 22 de junho, quando um adolescente, acompanhado da mãe, procurou o Ministério Público para denunciar o abuso cometido pelo religioso.
— Na mesma noite iniciei as investigações e, apesar do pouco tempo (duas semanas), não tive mais dúvidas sobre o crime — afirma o delegado.
Apesar de não ter havido uma relação sexual de fato, frei Paulo acabou preso preventivamente pelo crime de estupro de vulnerável. Loreto prefere não revelar detalhes, mas uma circunstância que chamou a atenção é que abuso não aconteceu por meio de violência ou pressão, mas pelo poder de convencimento do padre e aceitação da vítima no interior da própria igreja.
A validade da prisão preventiva é indeterminada e o suspeito deve permanecer em uma cela individual no Presídio Santa Augusta, em Criciúma, mas um advogado contratado pela família já solicitou uma cópia dos autos do processo para solicitar a liberdade do padre no Tribunal de Justiça. O delegado acredita que o inquérito será encerrado em 10 dias.
Além de pároco, Paulo Back também apresentava um programa diário de mensagens religiosas e orações em uma rádio local. No final de 2010 foi criada uma comunidade em uma rede social na internet em homenagem ao padre e que atualmente conta com 88 membros. Por ser bastante requisitado para casamentos e batizados e rígido em algumas situações morais a acusação de pedofilia causou indignação em alguns moradores.
— Tenho uma amiga que era secretária do padre e depois que separou-se do marido voltou a sair com amigos e se divertir. O padre a demitiu por isso com a alegação de que o comportamento era inadequado. Ela está bem revoltada com frei Paulo — disse uma moradora.Caso reacende rumores sobre o passado
O espanto da população da cidade é de que casos de abuso sexual cometidos no passado e que até então não passavam de boatos começaram a identificados. O delegado Leandro Loreto confirmou que quatro ou cinco vítimas que teriam sido abusadas há mais de 20 anos já foram localizadas e prestaram um depoimento informal.
— Os crimes já prescreveram, mas esses episódios serão relatados no inquérito — ressalta Loreto.
Nascido em Forquilhinha, Paulo Back foi ordenado padre em 1968. Se orgulhava de ser primo do cardeal dom Paulo Evaristo Arns e, antes de assumir a paróquia Sagrado Coração de Jesus, passou alguns anos em São Paulo, onde, segundo comentários moderados de pessoas conhecidas, teriam iniciado os problemas de assédio sexual.
— Alguns comentavam que ele teria sido mandado de volta para Forquilhinha para "se acalmar" um pouco. Quem diria, um padre preso! — comenta uma moradora e frequentadora da igreja de frei Back.
A prisão do religioso também virou alvo de comentários entre adolescentes. Um rapaz que brincava de skate com amigos, ontem à tarde, na Praça dos Imigrantes Alemães, em frente à paróquia de Paulo Back, comentou que a mãe estava indignada com o fato polêmico.
— Ele sempre ia lá em casa, tomava café com minha mãe. Ela ficou indignada com o motivo da prisão — contou o adolescente.
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE
Nenhum comentário:
Postar um comentário