Montes de dejetos são usados para lembrar da arte roubada, destruída ou desaparecida
Reuters
BERLIM - Os visitantes do principal museu de arte moderna de Berlim deverão tomar cuidado para não pisar em montes de estrume de cavalo, colocados como um lembrete da arte que foi roubada, destruída ou desapareceu durante o governo nazista.
Thomas Peter/Reuters
Os montes de estrume são um lembrete tácito de que obras ainda podem ser recuperadas
Com sua instalação na Nova Galeria Nacional de quatro montes de estrume artificial, pintados de azul, o artista austríaco Martin Gostner disse prestar uma homenagem à pintura A Torre dos Cavalos Azuis, de Franz Marc.
Os nazistas confiscaram a obra expressionista de Marc em 1937, classificando-a de "não-alemã" e de "degenerada". Até hoje não se sabe se a obra foi destruída ou está escondida. Ela nunca foi encontrada.
Cada monte de estrume azul corresponde a um dos cavalos da pintura perdida. A instalação tem como finalidade fazer com que os cavalos pareçam estar vivos e trotando pelo museu.
"O que aconteceria se a pintura ainda existisse, se houvesse um sinal dela e os cavalos viessem aqui?", disse o curador da galeria, Dieter Scholz.
A instalação de Gostner também relembra uma série de outras obras modernistas destruídas ou confiscadas pelos nazistas, em uma tentativa de expurgar a Alemanha da arte que eles consideravam de influência judaica ou bolchevique. Os montes de estrume são um lembrete tácito de que essas obras ainda podem ser recuperadas um dia.
A coleção permanente da Nova Galeria Nacional inclui obras de vários artistas, incluindo Max Beckmann, Otto Dix e Ernst Ludwig Kirchner, rotulados de "degenerados" pelos nazistas.
Algumas pessoas que viram a instalação de Gostner ficaram perplexas.
"É exótico e estranho para mim", disse Jota, uma escrivã de 57 anos que não quis dar seu sobrenome.
Obras de arte confiscadas pelos nazistas têm reaparecido de tempos em tempos desde a Segunda Guerra Mundial. Em 2010, 11 esculturas "degeneradas" foram recuperadas durante a construção de uma linha de metrô em Berlim.
"Talvez outras obras ainda estejam escondidas por aí", disse Scholz. "Muitas ainda podem aparecer."
Fonte: ESTADO SP
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