Vaticano orienta bispos a checarem saúde mental de quem diz ver Maria
No século passado, 1.500 pessoas
diziam ver a Virgem Maria
O Vaticano distribuiu aos bispos de todo mundo uma espécie de manual sobre como averiguar a credibilidade de fiéis que afirmam ter visões da Virgem Maria.
As “normas relativas à forma de processo no discernimento de aparições de supostas revelações” recomendam que os bispos criem comissão de peritos composta por teólogos, canonistas, psicólogos e médicos para ajudá-los a determinar a “salubridade mental, moral e espiritual” dos visionários.
O documento afirma que distúrbio psicológico, tendências psicopatas, psicose, histeria coletiva, entre outros transtornos mentais, podem influenciar na presunção da existência do sobrenatural.
As normas foram aprovadas em 1978 pelo papa Paulo VI, mas seu texto, escrito em latim e nunca publicado oficialmente, foi agora traduzido para os principais idiomas (mas não ainda para o português).
No século passado, mais de 1.500 pessoas diziam ter visões de Maria. Desses casos, a Igreja considerou como críveis apenas nove.
Atualmente, pelo menos dois brasileiros propagam que têm contato de primeiro grau com Maria. Um é o recluso Cláudio Heckert, 66, que publica no site do movimento "Salvai Almas" comunicados da Nossa Senhora — pedidos de oração, na maioria dos casos. O outro é o advogado Pedro Siqueira (na foto abaixo), 39, que assegura conversar com a santa desde os oito anos de idade. Os dois são rejeitados pela igreja.
Em nota com data de dezembro de 2011, o cardeal William J. Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, disse que a publicação das normas visa a “ajudar os pastores da Igreja Católica em sua difícil tarefa de discernir aparições presumíveis, revelações, mensagens ou, mais genericamente, fenômenos extraordinários de suposta origem sobrenatural”.
De acordo com o manual, o bispo, nesses casos, pode tomar três decisões: (1) determinar ser a aparição digna de fé, (2) concluir que não é verdadeira, com possibilidade de o vidente pedir nova avaliação, e (3) declarar-se em dúvida, pedindo ajuda para dirimi-la.
Esse processo de decisão pode demorar anos, mas a recomendação da congregação é para que seja resolvido o mais rápido possível, de modo a evitar peregrinações. “Hoje, mais do que no passado, a notícia dessas supostas aparições é difundida rapidamente entre os fiéis por causa dos meios de informação de massa", escreveu Levada.
Siqueira diz conversar
com santa desde criança
A preocupação do Vaticano é que não haja exploração comercial das supostas visões. Em 2009, Bento 16 cassou o padre Franciscano Tomislav Vlasic por promover “falsas” aparições da Virgem Maria em Medjugorje, na da Bósnia-Herzegovina.
O padre tinha feito uma fortuna ao se declarar “guia espiritual” de seis crianças que em 1981 afirmaram ter visto Maria com o menino Jesus nos braços. O santuário de Medjugorje recebe até hoje milhares de católicos por ano de vários países, incluindo o Brasil. Quando se tornaram adultas, as videntes ficaram milionárias.
O curioso é que, se o manual tivesse efeito retroativo, muitos dos santos teriam de ser destronados. Para os descrentes, o manual do Vaticano é bizarro, porque entendem não haver nenhuma diferença entre uma aparição verdadeira e uma falsa.
Com informação da íntegra das normas e do Huffington Post.
Leia mais em http://www.paulopes.com.br
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