Oprojeto governamental prevê a proibição da interrupção da gravidez em caso de malformação do feto, permitida por lei desde 2010. Manifestantes afirmam que isto priva as mulheres de seus direitos básicos.
Centenas de pessoas manifestaram-se neste domingo (29/07) no centro de Madrid contra as reformas propostas pelo governo, entre as quais a proibição do aborto em casos de malformação do feto, prevista na lei atual.
Manifestantes, em sua maioria mulheres, gritavam frases como "nós damos a vida, nós decidimos", "nem um passo atrás" e “educação sexual para evitar gravidezes indesejadas" na Praça Tirso de Molina em Madrid. Uma jovem escreveu em seu corpo “juízes e padres, fiquem longe do meu corpo”.
A lei, aprovada em 2010 pelo regime socialista vigente, permite a interrupção voluntária da gravidez até a 14ª semana de gestação.
Nos casos de risco à vida ou à saúde da mãe ou no caso de "grave malformação do feto", o aborto é permitido até a 22ª semana, e em casos mais graves, a interrupção da gravidez pode ocorrer a qualquer momento mediante avaliação de uma comissão de ética.
Porém, em uma entrevista recente, o ministro espanhol da Justiça, Alberto Ruiz Gallardón, disse que a lei de 2010 deve ser alterada e o aborto em caso de malformação do feto deve ser banido.
Retrocesso aos tempos da ditadura Franco
"Ele [Gallardón] demonstra uma preocupação que não é acompanhada por outras medidas. Ele faz essa afirmação ao mesmo tempo em que o governo corta o financiamento de serviços para pessoas com deficiência e crianças com deformidades", disse Justa Montero, da Assembleia Feminista, um dos grupos organizadores do protesto.
Outro ponto do projeto de lei sugerido pelo Partido Popular, partido conservador no poder, estabelece a necessidade de permissão dos pais para a interrupção da gravidez por mulheres de 16 e 17 anos.
Os manifestantes acusam o governo de retroceder à ditadura de Francisco Franco e se dizem "contra qualquer reforma da atual legislação sobre o aborto que configure um passo atrás nos direitos das mulheres".
De fato, uma grande maioria de 81% dos espanhóis é a favor do aborto em caso de malformação do feto, segundo uma pesquisa publicada domingo pelo diário El País.
O projeto de reforma é rejeitado por 65% das pessoas que disseram ter votado no Partido Popular ano passado. Dos que são contrários à reforma da lei, 64% se afirmam católicos praticantes.
GMF/ap/lusa/afpe/dapd
Revisão: Roselaine Wandscheer
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