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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O MEDO FAZ COISAS...




Reprodução/Charlie Hébdo
 

A revista satírica francesa Charlie Hebdo, dona de um histórico de polêmicas com o islamismo, cumpriu a promessa e publicou, nesta quarta-feira (19/09), caricaturas do profeta Maomé nu em sua contracapa.

O governo francês, que já se dizia “preocupado” e pedia “responsabilidade” à publicação, reagiu imediatamente e deu ordens para que a segurança de suas embaixadas sejam reforçadas em países muçulmanos e anunciou o fechamento de sedes diplomáticas e escolas em mais de 20 países na sexta-feira (21/09).

[Primeira página da mais nova edição da revista divulgada nesta terça-feira (18/09)]

“Eu, obviamente, enviei ordens para que tomem precauções especiais de segurança em todos os países nos quais isso possa causar problemas”, disse o chanceler francês Laurent Fabius à radio France Info. “Na França, o princípio de liberdade de expressão não deve ser prejudicado. Mas no contexto atual, com esse filme imbecil, esse vídeo absurdo que foi ao ar, os ânimos estão exaltados em países muçulmanos”, afirmou.

O filme classificado como “imbecil” por Fabius é A Inocência dos Muçulmanos, que vem gerando revolta há duas semanas ao satirizar e ofender o profeta Maomé e o Islã. Manifestações já ocorreram no Egito, Iêmen, Iraque, Paquistão, Jordânia, Indonésia, Catar, Sudão, Turquia, Afeganistão, Tunísia, Líbano e Palestina, entre outros. Na Líbia, um embaixador e três funcionários norte-americanos acabaram mortos na terça-feira passada (11/09), deflagrando uma crise internacional.

Pela manhã, o site da revista Charlie Hebdo estava fora do ar. Os principais jornais franceses se abstiveram de reproduzir a charge com Maomé nu. Seu diretor, que se identifica apenas como Charb, ainda não se manifestou nesta quarta (19/09). Ontem (18/09), ele admitiu que as caricaturas seriam “polêmicas”, mas acredita que a “liberdade de expressão” não pode ser cerceada ou isso levaria a uma “vitória dos extremistas”.

“Publicamos caricaturas de todo mundo, toda semana, mas quando fazemos do Profeta isso é chamado de provocação”, disse à rede de TV francesa iTele.

Segundo o jornal francês Le Monde, a embaixada do país em Jacarta, capital da Indonésia, majoritariamente muçulmana, está fechada temporariamente, assim como todas as representações francesas em território indonésio. O Ministério de Relações Exteriores da França anunciou nesta quarta (19/09) o fechamento de embaixadas, consulados, centros culturais e escolas em países muçulmanos na próxima sexta (21/09), por ser um dia sagrado de orações do Islã.

O presidente do Conselho Muçulmano Francês, Mohammed Mossaoui, afirmou à France24 que há uma “profunda indignação” sobre a publicação das caricaturas. Em Paris, a sede do Charlie Hebdo também recebe policiamento reforçado. Em novembro passado, o prédio foi incendiado após publicação de representações semelhantes do profeta Maomé em sua capa. A comunidade muçulmana na França é a maior da Europa.

Histórico

A revista, de orientação anarquista à esquerda, já possui um histórico complicado envolvendo polêmicas com grupos muçulmanos.

Em 2006, ela reproduziu as charges do profeta Maomé utilizadas no jornal dinamarquês Jyllands-Posten que, na época, provocaram uma onda de protestos no mundo muçulmano. Embaixadas da Dinamarca chegaram a ser queimadas em países de maioria islâmica. Algumas das caricaturas comparavam o profeta a um cachorro e associavam a religião ao terrorismo. A revista foi absolvida em primeira e segunda instâncias na Justiça francesa.

Charlie Hebdo/divulgação

No ano passado, sua redação foi incendiada por extremistas islâmicos, quando prometeu publicar novas caricaturas do profeta. Em resposta e com a ajuda dos jornais Libération e Le Monde, saiu com um dia de atraso com uma caricatura de Charlie beijando um muçulmano na boca sob o título: “o amor é mais forte que o ódio” (caricatura acima).

A Charlie Hébdo se posiciona criticamente em relação ao integracionismo cristão e ao muçulmano. Também reivindica o direito de cartunistas, desenhistas ou redatores de revistas satíricas de fazerem piadas da forma que quiserem e sobre o que bem lhes interessar.

“Compreendemos perfeitamente que um muçulmano não queira ver desenhos de seu profeta, nem comer porco, muito menos rir dos desenhos de ‘Charlie’. Mas há outros que não são muçulmanos. Portanto, temos direito de desenhar Maomé, comer porco ou rirmos de qualquer coisa. Também não somos cristãos, judeus ou budistas”, disse o editorial da revista na ocasião.

O texto também afirma que os muçulmanos foram “as primeiras vítimas do incêndio criminoso e noturno que incendiou a sede da revista semanal. (...) Só torcemos para que esse incêndio tenha sido, na verdade, organizado pela extrema-direita, com o intuito de desacreditar todos os muçulmanos”.

Fonte: OPERA MUNDI

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