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sábado, 8 de maio de 2010

Das alianças eleitoreiras e espúrias

Sábado, 8 de maio de 2010, 09h15

Religião subiu nos palanques da sucessão presidencial

Roberto Stuckert /Divulgação
Ao lado do vereador da capital paulista Gabriel Chalita, Dilma Rousseff participou do coquetel de inaugurção das novas instalações do Sistema Canção ...
Ao lado do vereador da capital paulista Gabriel Chalita, Dilma Rousseff participou do coquetel de inaugurção das novas instalações do Sistema Canção Nova de Comunicação

Vitor Hugo Soares
De Salvador (BA)

Em março deste ano, quando o bafafá da disputa sucessória começava a ganhar pressão, o presidente Luis Inácio Lula da Silva segurou pelo braço sua candidata, a ainda ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e sem dar bola aparentemente para a justiça eleitoral, vôou com ela e comitiva para a Bahia. Cortou o caminho do litoral e pousou no aeroporto da pernambucana Petrolina. Em seguida, atravessou a ponte e logo estava na baiana cidade de Juazeiro, também na beira do Rio São Francisco, local escolhido a dedo para a lição de "como fazer política", que ele queria ministrar a Dilma e aos coordenadores de sua campanha.

No município administrado por um prefeito comunista do PC do B, ladeado pelo governador Jaques Wagner e os ministros Geddel Vieira Lima e Franklin Martins, o presidente pressionou o botão que acionava as bombas de irrigação do projeto Salitre. Em seguida, dedicou as palavras mais candentes e afetuosas de seu discurso a uma figura religiosa marcante na região, mas ausente na cerimônia: o bispo diocesano aposentado Dom José Rodrigues, chamada do "o Bispo dos Excluídos". Diante de uma espantada Dilma, o presidente recordou o velho amigo e aliado de peso - apesar da aparente fragilidade física do bispo destacado no âmbito da chamada "igreja progressista" no Nordeste. Seguidor de palavras e exemplo do arcebispo de Olinda e Recife, D. Helder Câmara, para Dom Rodrigues até figuras com voz forte na igreja da Bahia e no Vaticano, como os cardeais Avelar Brandão Vilela e Lucas Moreira Neves, tiravam o gorro cardinalício.

Voltando ao leito do rio: No comício, a título de inauguração de obra do PAC que se seguiu, Lula registrou a luta do bispo, que não mereceu nenhum destaque nos noticiários do dia seguinte, quase todo tomado pelos esforços do presidente (e da ministra Dilma) para apartar a briga feroz entre o governador Wagner (PT) com o ex-ministro Geddel, com abalos evidentes para a campanha presidencial governista no Estado.

"Todos sabem o desejo que Dom José tinha do projeto Salitre. Ele organizou 72 mil pessoas desalojadas. Diria que foi quase um herói", disse Lula sob aplausos de centenas de lavradores, vários deles representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que o bispo ajudou a criar na época da construção da Barragem do Sobradinho, cujas águas do lago artificial, 20 vezes maior que a Baia de Guanabara, submergiu quatro cidades baianas.

De olho no ato político-eleitoral no Salitre, na beira do rio de sua aldeia e na cidade em que passou alguns de seus melhores momentos na adolescência, este jornalista recua no tempo, em busca de pistas e explicações para entender os caminhos intrincados e confusos desta campanha presidencial, esquentada bem antes do toque de bola inicial da Copa do Mundo na África do Sul. Ou o sentido da "lição política" de Lula à sua candidata e seguidores, como um pregador bíblico nas margens do Velho Chico.

Chefiava a sucursal da revista VEJA na Bahia e Sergipe e fui escalado para cobrir a última etapa da campanha do candidasto do PT à presidência da República, no primeiro turno das eleições de 1998. Aquela em que Lula superou a votação de Brizola que avançava, e foi disputar com Fernando Collor de Mello o turno decisivo, no qual foi derrotado. Era o tempo em que o presidenciável petista não se preocupava com trajes e maneiras de se apresentar nas conversas e nos palanques. No périplo final da campanha, em Vitória da Conquista, depois de comer muita poeira na estrada, Lula apareceu no palanque vestido de jeans e camiseta, barbudo, cara de poucos amigos. O "visual despojado", como registrou a Folha certa vez, ajudava a solidificar o preconceito de vastas camadas da população contra o líder operário.

Mas a "queimação"- na expressão dos petistas da época - não funcionava para os fiéis seguidores das "comunidades eclesiais de base", da Igreja Católica, espalhadas por dioceses nordestinas, que atuavam pró-Lula a todo vapor e sem descanso. Em Conquista, no extremo-sul baiano, lá estavam eles, às centenas, quase meia noite, misturando cânticos religiosos com grito de "É Lula, É Lula".

Na Juazeiro do bispo Dom José Rodrigues um dos episódios mais marcantes e reveladores:

Todas as camisas e camisetas do candidato petista estavam suadas, rasgadas ou imprestáveis para uso no comício final, marcado para Paulo Afonso, por mais "despojado" que fosse o candidato. E a solução emergencial veio do guarda roupa do franzino bispo, na forma de uma camisa de tricoline de mangas curtas, que mal cabia dentro seu novo e parrudo usuário. E assim Lula desembarcou em Paulo Afonso para seu último comício no primeiro turno daquela histórica campanha.

Lula bateu Brizola por pouco no primeiro turno, mas foi abatido por Collor na decisão. Agora, 2010 é outra história. Mas a mistura da questão religiosa com a campanha presidencial já permeia os palanques dos três principais concorrentes: da evangélica declarada e de primeira hora, Marina Silva (PV); do tucano José Serra, criado e formado nas sacristias e lutas da Juventude Universitária Católica (JUC), onde foi atraído para os quadros da Ação Popular (AP), que orientou seus primeiros passos da política. "Que todos estejam na paz do Senhor", pregou o candidato do PSDB em recente ato evangélico em Santa Catarina.

Dilma Rousseff , nascida de família católica, diz acreditar em "uma força superior", mas fez confissão de fé católica, recentemente, diante de pergunta mais direta de um repórter. Só não se sabe se aprendeu a "lição" pretendida por Lula, em março passado, ao levá-la às barrancas do São Francisco, na diocese de Dom José Rodrigues, que já não está mais por lá.

A conferir.


Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site-blog Bahia em Pauta ( http://bahiaempauta.com.br/)

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Se eleita com apoio das Comunidades Eclesiais de Base da ICAR, obviamente, Dilma colocar-se-á no Governo como subservientea aos interesses da Igreja, assim como o fez o Lula, ao assinar a Concordata e ao mandar que o BNDES, mais o Ministério da Cultura, soltassem recursos públicos à pampa, para restauração de templos católicos, entre outras ilegalidades. Não consigo sufocar o asco que sinto por essa "cacarada", políticos, clérigos e membros da hierarquia católica. Nojentos!!!!

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