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domingo, 23 de maio de 2010

Eleições na Colombia

publicado em 23/05/2010 às 06h00:

Presidente colombiano é vítima da própria força

Analista diz que personalismo de Uribe enfraqueceu instituições; opositor Mockus lidera

Maurício Moraes, do R7
Fernando Vergara - 12.nov.2008/APFoto por Fernando Vergara - 12.nov.2008/AP
Juan Manuel Santos, no primeiro plano, e Uribe; candidato é identificado por falhas do governo

Há poucos meses, quase ninguém poderia imaginar que o grupo do presidente Álvaro Uribe, com mais 70% de popularidade, seria derrotado nas eleições da Colômbia. A menos de duas semanas, o governista Juan Manuel Santos patina e as pesquisas indicam a vitória do excêntrico Antanas Mockus, do Partido Verde, no segundo turno. Para a cientista política Elisabeth Ungar, diretora do instituto Transparência para Colômbia, Uribe está sendo vítima do próprio personalismo.

"Não há uribismo sem Uribe", diz Elisabeth. Ela diz que os oito anos de governo "personalista" de Uribe enfraqueceram as instituições na Colômbia. O sucesso no combate às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o crescimento econômico deram a ele alta popularidade, mas o presidente não consegue transferi-la ao candidato Juan Manuel Santos. Uribe tentou até o último momento mudar a Constituição para conseguir a possibilidade de uma segunda reeleição. Com o rejeição da Suprema Corte, abriu caminho para seu ex-ministro da Defesa.

Quem acabou decolando foi Antanas Mockus, do Partido Verde, ex-prefeito de Bogotá. Com um discurso de combate à corrupção, ele pode impor uma derrota impensável a Uribe. Em pesquisa da última sexta-feira (21), Mockus aparecia com 38% e Santos com 34% das intenções de voto no primeiro turno. No segundo, Mockus ganharia com 50% frente ao governista, com 43%. Veja a entrevista:

R7- Por que Uribe não consegue transferir sua popularidade?

Elisabeth Ungar - Não há uribismo sem Uribe. Uribe está sendo vítima de si mesmo. Ele fez um governo muito personalista, com altos custos para a institucionalidade. Nessa medida, ele mesmo é o uribismo. Por isso é difícil transferir votos. Além disso, Santos não é um candidato atrativo, não tem o carisma do atual presidente. E também há um cansaço na Colômbia com este estilo de governo. Os casos de abusos de direitos humanos, de escutas ilegais, de desaparecimentos forçados tiveram um impacto muito grande entre os colombianos. Há vários aspectos. Santos já participou de muitos governos. E há, sim, uma identificação do pior do governo de Uribe em Santos [que era ministro da Defesa quando o Exército colombiano entrou sem permissão no território do Equador para atacar as Farc].

R7- E como se explica o fenômeno Mockus?

Elisabeth - Há uma grande parcela da sociedade que está dizendo não a um estilo de governar que não é só de Uribe, mas de presidentes anteriores. Dizem não a um clientelismo exacerbado, da utilização da máquina pública para interesses particulares, a complicada política de direitos humanos. Essas pessoas querem uma política diferente. Se Mockus vai responder a esta expectativa é outra questão. Alguns comparam Mockus ao fenômeno Obama, mas há uma grande diferença. Obama tinha atrás dele um grande partido [o Democrata]. Mockus tem um partido em gestação. Isso pode provocar sérios problemas de governabilidade caso ele ganhe.

R7- Os uribistas aceitariam facilmente a vitória de Mockus?

Elisabeth - Creio que vão aceitar a vitória. O que me preocupa é que utilizem a máquina pública nas eleições para favorecer o candidato do governo, ou que pressionem quem recebe benefícios sociais para que votem no governo. Será uma eleição muito apertada. Nas eleições para o Congresso houve registro de fraudes. Nas últimas eleições para presidente o problema diminuiu, mas nestas eleições o risco será maior.


R7- O que mudaria na Colômbia com Mockus presidente?

Elisabeth - Acho que é mais uma mudança de estilo. Haverá mais foco no respeito às leis, na tolerância zero em relação à corrupção, o que é muito importante, pois trará reflexos para uma política mais eficiente, de administração do dinheiro público. Mas eu não creio em mudanças na estrutura do Estado, na relação com os países vizinhos e na economia. Mockus não é um homem de esquerda, talvez nem de centro-esquerda. Mockus é homem de centro.

R7- E o combate às Farc e aos paramilitares? Mudam com Mockus?

Elisabeth - Creio que haverá menos tolerância com os paramilitares [grupos armados de direita, que combatem as Farc e também tem ligação com o narcotráfico]. Com as Farc não penso que haverá mudança substancial. Mockus disse que não vai negociar com a guerrilha [a política de Uribe]. Mockus tem se esforçado para mostrar que sua política não é muito diferente da de Uribe. Tanto porque ele precisa do voto de boa parte dos colombianos uribistas.

R7- Como seria a relação de um eventual governo Mockus com os EUA, a Venezuela e o Brasil?

Elisabeth - Creio que será uma relação de respeito. Não vejo que o governo de Mockus pudesse bombardear a fronteira do Equador [o que Uribe fez, penetrando no território] isso não seria possível. Aí há uma diferença. Haveria mais respeito às organizações internacionais. A política seria mais multilateral e menos bilateral, como ocorre atualmente em relação aos EUA.

R7- E o venezuelano Hugo Chávez mudaria sua posição crítica à Colômbia se Mockus chegasse à Presidência?

Elisabeth - Chávez é imprevisível. Ele sempre terá na Colômbia uma forma de desviar a atenção dos problemas internos da Venezuela. Mas é preciso lembrar que Mockus não é um provocador, é um conciliador. Talvez as relações com a Venezuela não seriam boas num governo Mockus, mas certamente seriam menos piores que as do governo Uribe e de um eventual governo Santos.

mockus g

A "Mockusmania" ganhou apoio sobretudo da juventude colombiana. Na foto, Antanas Mockus faz campanha em Cucuta (Crédito: Manuel Hernandez - 2.mai.2010/Reuters)


http://noticias.r7.com

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