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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Campus da USP. Quem ganhou e quem perdeu

Os alunos que invadiram o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo foram, em cumprimento à decisão liminar de reintegração na posse, tirados coercitivamente e presos em flagrante. A fiança arbitrada ficou por volta de R$ 600.

Depois de uma assembléia no prédio da FFLCH, ocupado em 26 de outubro, a maioria dos universitários decidiu deixar o primeiro imóvel ocupado (prédio da FFLCH). Uma minoria, vencida e inconformada, partiu para a invasão da Reitoria. E a reintegração forçada, realizada pela Polícia Militar consumou-se há pouco.

Tudo começou por uma trapalhada de agentes da Polícia Militar que, em vez de proteger de crimes graves os que utilizavam o  campus, resolveram partir para a burra war on drugs, em cima de universitários na posse de maconha para uso lúdico-recreativo.

Na Inglaterra, policiais, com base em lei de iniciativa da própria Polícia, só podem lavrar auto de multa ou apreender o cigarro. Nos campi, policiais não realizam rondas preventivas, ou seja, não ingressam, sem chamada, nas casas particulares: a polícia política de Vargas e a dos ditadores militares invadiam domicílios. Como ensinam os professores universitários europeus, no “quintal” das universidades os estudantes devem se sentir em repúblicas estudantis e os chamados agentes da ordem devem permanecer distantes.

Em lugares civilizados, policiais, educados para a legalidade democrática, executam uma política de segurança pública voltada a contrastar os crimes graves, de potencial ofensivo significativo, como os delitos com força para gerar sensação de medo na sociedade civil. Como se sabe, em vários bairros paulistanos as ruas ficam vazias depois das 21 horas diante do temor de se sair de casa. As empresas privadas de segurança, também como se sabe e já levantado em pesquisas, crescem economicamente em progressão geométrica diante da demanda por segurança. E pesquisas demonstram, ainda, que existe o medo dos próprios policiais militares, quase sempre violentos. E a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, tempos atrás, para enganar a população, mascarou estatísticas: um corpo crivado de balas e sem vida já ingressou EME estatística como “encontro de cadáver” e não como homicídio.
A posse de droga para uso próprio, por evidente, representa um problema sociossanitário, de saúde pública. E num campus universitário o policial que manda ou sai para reprimir usuários de maconha, por evidente, não tem noção mínima de prioridades e do que seja garantir a tranquilidade social. Conveniência e oportunidade deixam, no mundo civilizado, as polícias fora dos campi universitários.
A doutrina norte-americana e direitista da Lei e da Ordem gera violência e não tem força inibidora com relação aos graves delitos. O presidente W. Bush entendeu de colocar usuários na cadeia, com base no truísmo de que sem consumo não haveria tráfico. Entendia que pena de prisão aos usuários levaria à redução imediata de consumo. No momento, acreditam os republicanos do Tea Party que a ameaça contida na lei é suficiente para reduzir crimes, em especial com relação aos usuários de drogas para fim lúdico.
Os policiais da Polícia Militar que realizaram, no campus da USP,  a detenção de universitários e apreenderam três cigarros de maconha espelham a política de segurança do governo Alckmin. Uma política  que só não tem à frente um Saulo de Castro, ex-secretário e um dos arautos no Brasil da doutrina norte-americana da Lei e da Ordem, empregada no chamado caso da Castelinho (rodovia).  A propósito, a doutrina só foi colocada de lado num acordo com o Primeiro Comando da Capital (PCC) — cada dia mais forte na periferia — feito no período tampão de governo.
Em resumo, a confusão criada pela Polícia Militar gerou desproporcional e reprovável reação de universitários.
Uma minoria que optou pelo enfrentamento e pela invasão do prédio da Reitoria.
Aos 70 universitários presos em flagrante já se arbitra fiança desproporcional, com abertura de  apuração por formação de quadrilha, como se universitários, em reação infeliz, tivessem formado uma organização criminosa. No particular, a Polícia Civil apresenta-se com a mesma conduta inoportuna da Polícia Militar.
PANO RÁPIDO. Em São Paulo temos uma política de matriz fascista. Ela em nada contribui para ensinar os jovens universitários a agirem  orientados à legalidade e à democracia. Uma polícia que coloca em universitários o indevido carimbo de  agentes do crime organizado em quadrilha e bando.
Três cigarros de maconha, cujo porte não é punível com prisão, cai naquilo que os romanos, à luz da Justiça,  ensinavam:  de minimis non curat praetor.
 Em Portugal o consumo caiu e a violência foi reduzida, convém ser lembrado. A sua política sobre drogas é recomendada pela União Europeia: o usuário recreativo só comete ilícito administrativo e não criminal, seria o mesmo que estacionar em fila dupla, jogar lixo na calçada etc.
  O governo Alckmin (um dos poucos políticos honestos) atua de forma  lamentável em termos de segurança pública.  E o reitor Grandino Rodas, escolhido pelo então governador José Serra, que pulou os dois primeiros da lista tríplice, é uma “herança maldita” recebida por  Alckmin. E na direção da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Rodas, incluído o lamentável episódio da Biblioteca, mostrou o seu perfil filo-Bushiano.
Wálter Fanganiello Maierovitch

Fonte: TERRA

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Discordo do Wálter quando defende o asqueroso Alkmin, um conservador, fundamentalista, que posa de bom moço e também quando minimiza o uso de maconha na universidade.
Os estudantes - cujos pais, não raro, enfrentam sacrifícios significativos para mantê-los na Universidade - poderiam fazer "uso recreativo" da erva nas suas casas ou afastados do campus, já que insistem em prejudicar a própria saúde. Universidade é lugar de estudar e não de "maconhar", cheirar ou fazer idênticas asneiras. Conquanto fumar maconha não seja um delito, convenhamos que é uma idiotice, tão grande ou maior que fumar um cigarro que os maconheiros chamam de "careta" ou beber cerveja.
O governador de São Paulo, ao seu turno, tem seu perfil analisado abaixo e os leitores podem tirar suas próprias conclusões, levando em conta que o texto foi escrito em tempos pré-eleitorais e que Altamiro Borges, seu autor, tinha indisfarçável interesse em queimar a imagem do homem, o qual, todavia, não é o santo que tenta parecer:

Alckmin e o fanatismo do Opus DeiAltamiro BorgesO candidato Geraldo Alckmin realmente parece um “picolé de chuchu”, segundo a famosa ironia de José Simão. Mas de inocente ele não tem nada. Conhece bem a história nefasta do Opus Dei e os seus métodos autoritários, tecnocráticos e “discretos” de agir batem com esta doutrina. Numerário ele não é, já que não reside nos casarões da Obra de Deus, não fez voto de castidade e, tudo indica, não usa duas vezes ao dia o cilício nas coxas (cinturão com pontas de metal) e nem a “disciplina”, outro utensílio de autoflagelação utilizado para chicotear as costas. Mas Alckmin se encaixa perfeitamente no figurino do supernumerário, o seguidor da seita com “disfarce civil” e a missão divina de conquistar poder político para o Opus Dei.A origem fundamentalistaO Opus Dei (do latim, Obra de Deus) foi fundado em outubro de 1928, na Espanha, pelo padre Josemaría Escrivá. O jovem sacerdote de 26 anos diz ter recebido a “iluminação divina” durante a sua clausura num mosteiro de Madri. Preocupado com o avanço das esquerdas no país, este excêntrico religioso, visto pelos amigos de batina como um “fanático e doente mental”, decidiu montar uma organização ultra-secreta para interferir nos rumos da Espanha. Segundo as suas palavras, ela seria “uma injeção intravenosa na corrente sanguínea da sociedade”, infiltrando-se em todos os poros de poder. Deveria reunir bispos e padres, mas, principalmente, membros laicos, que não usassem hábitos monásticos ou qualquer tipo de identificação.
Reconhecida oficialmente pelo Vaticano em 1947, esta seita logo se tornou um contraponto ao avanço das idéias progressistas na Igreja. Em 1962, o papa João 23 convocou o Concílio Vaticano II, que marca uma viragem na postura da Igreja, aproximando-a dos anseios populares. No seu fanatismo, Escrivá não acatou a mudança. Criticou o fim da missa rezada em latim, com os padres de costas para os fiéis, e a abolição do Index Librorum Prohibitorum, dogma obscurantista do século 16 que listava livros “perigosos” e proibia sua leitura pelos fiéis. “Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo”, garantiu Escrivá para alguns seguidores, segundo relato do jornalista Emílio Corbiere no livro “Opus Dei: El totalitarismo católico”.
O poder no VaticanoJosemaría Escrivá faleceu em 1975. Mas o Opus Dei se manteve e adquiriu maior projeção com a guinada direitista do Vaticano a partir da nomeação do papa polonês João Paulo II. Para o teólogo espanhol Juan Acosta, “a relação entre Karol Wojtyla e o Opus Dei atingiu o seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível acessão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio ativamente no processo de reestruturação da Igreja Católica sob o protagonismo do papa e a orientação do cardeal alemão Ratzinger”. Em 1982, a seita foi declarada “prelazia pessoal” – a única existente até hoje –, o que no Direito Canônico significa que ela só presta contas ao papa, que só obedece ao prelado (cargo vitalício hoje ocupado por dom Javier Echevarría) e que seus adeptos não se submetem aos bispos e dioceses, gozando de total autonomia.
O ápice do Opus Dei ocorreu em outubro de 2002, quando o seu fundador foi canonizado pelo papa numa cerimônia que reuniu 350 mil simpatizantes na Praça São Pedro, no Vaticano. A meteórica canonização de Josemaría Escrivá, que durou apenas dez anos, quando geralmente este processo demora décadas e até séculos, gerou fortes críticas de diferentes setores católicos. Muitos advertiram que o Opus Dei estava se tornando uma “igreja dentro da Igreja”. Lembraram um alerta do líder jesuíta Vladimir Ledochowshy que, num memorando ao papa, denunciou a seita pelo “desejo secreto de dominar o mundo”. Apesar da reação, o papa João Paulo II e seu principal teólogo, Joseph Ratzinger, ex-chefe da repressora Congregação para Doutrina da Fé e atual papa Beto 16, não vacilaram em dar maiores poderes ao Opus Dei.
Vários estudos garantem que esta relação privilegiada decorreu de razões políticas e econômicas. No livro “O mundo secreto do Opus Dei”, o jornalista canadense Robert Hutchinson afirma que esta organização acumula uma fortuna de 400 bilhões de dólares e que financiou o sindicato Solidariedade, na Polônia, que teve papel central na débâcle do bloco soviético nos anos 90. O complô explicaria a sólida amizade com o papa, que era polonês e um visceral anticomunista. Já Henrique Magalhães, numa excelente pesquisa na revista A Nova Democracia, confirma o anticomunismo de Wojtyla e relata que “fontes da Igreja Católica atribuem o poder da Obra a quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982”.
O vínculo com os fascistasAlém do rigoroso fundamentalismo religioso, o Opus Dei sempre se alinhou aos setores mais direitistas e fascistas. Durante a Guerra Civil Espanhola, deflagrada em 1936, Escrivá deu ostensivo apoio ao general golpista Francisco Franco contra o governo republicano legitimamente eleito. Temendo represálias, ele se asilou na embaixada de Honduras, depois se internou num manicômio, “fingindo-se de louco”, antes de fugir para a França. Só retornou à Espanha após a vitória dos golpistas. Desde então, firmou sólidos laços com o ditador sanguinário Francisco Franco. “O Opus Dei praticamente se fundiu ao Estado espanhol, ao qual forneceu inúmeros ministros e dirigentes de órgãos governamentais”, afirma Henrique Magalhães.
Há também fortes indícios de que Josemaría Escrivá nutria simpatias por Adolf Hitler e pelo nazismo. De forma simulada, advogava as idéias racistas e defendia a violência. Na máxima 367 do livro Caminho, ele afirma que seus fiéis “são belos e inteligentes” e devem olhar aos demais como “inferiores e animais”. Na máxima 643, ensina que a meta “é ocupar cargos e ser um movimento de domínio mundial”. Na máxima 311, ele escancara: “A guerra tem uma finalidade sobrenatural... Mas temos, ao final, de amá-la, como o religioso deve amar suas disciplinas”. Em 1992, um ex-membro do Opus Dei revelou o que este havia lhe dito: “Hitler foi maltratado pela opinião pública. Jamais teria matado 6 milhões de judeus. No máximo, foram 4 milhões”. Outra numerária, Diane DiNicola, garantiu: “Escrivá, com toda certeza, era fascista”.  Escrivá até tentou negar estas relações. Mas, no seu processo de ascensão no Vaticano, ele contou com a ajuda de notórios nazistas. Como descreve a jornalista Maria Amaral, num artigo à revista Caros Amigos, “ao se mudar para Roma, ele estimulou ainda mais as acusações de ser simpático aos regimes autoritários, já que as suas primeiras vitórias no sentido de estabelecer o Opus Dei com estrutura eclesiástica capaz de abrigar leigos e ordenar sacerdotes se deram durante o pontificado do papa Pio XII, por meio do cardeal Eugenio Pacelli, responsável por controverso acordo da Igreja com Hitler”. Um outro texto, assinado por um grupo de católicas peruanas, garante que a seita “recrutou adeptos para a organização fascista ‘Jovem Europa’, dirigida por militantes nazistas e com vínculos com o fascismo italiano e espanhol”.  
Pouco antes de morrer, Josemaría Escrivá realizou uma “peregrinação” pela América Latina. Ele sempre considerou o continente fundamental para sua seita e para os negócios espanhóis. Na região, o Opus Dei apoiou abertamente várias ditaduras. No Chile, participou do regime terrorista de Augusto Pinochet. O principal ideólogo do ditador, Jaime Guzmá, era membro ativo da seita, assim como centenas de quadros civis e militares. Na Argentina, numerários foram nomeados ministros da ditadura. No Peru, a seita deu sustentação ao corrupto e autoritário Alberto Fujimori. No México, ajudou a eleger como presidente seu antigo aliado, Miguel de La Madri, que extinguiu a secular separação entre o Estado e a Igreja Católica.  
Infiltração na mídiaPara semear as suas idéias religiosas e políticas de forma camuflada, Escrivá logo percebeu a importância estratégica dos meios de comunicação. Ele mesmo gostava de dizer que “temos de embrulhar o mundo em papel-jornal”. Para isso, contou com a ajuda da ditadura franquista para a construção da Universidade de Navarra, que possuí um orçamento anual de 240 milhões de euros. Jornalistas do mundo inteiro são formados nos cursos de pós-graduação desta instituição. O Opus Dei exerce hoje forte influência sobre a mídia. Um relatório confidencial entregue ao Vaticano em 1979 pelo sucessor de Escrivá revelou que a influência da seita se estendia por “479 universidades e escolas secundárias, 604 revistas ou jornais, 52 estações de rádio ou televisões, 38 agências de publicidade e 12 produtores e distribuidoras de filmes”.
Na América Latina, a seita controla o jornal El Observador (Uruguai) e tem peso nos jornais El Mercúrio (Chile), La Nación (Argentina) e O Estado de S.Paulo. Segundo várias denúncias, ela dirige a Sociedade Interamericana de Imprensa, braço da direita na mídia hemisférica. No Brasil, a Universidade de Navarra é comandada por Carlos Alberto di Franco, numerário e articulista do Estadão, responsável pela lavagem cerebral semanal de Geraldo Alckmin nas famosas “palestras do Morumbi”. Segundo a revista Época, seu “programa de capacitação de editores já formou mais de 200 cargos de chefia dos principais jornais do país”. O mesmo artigo confirma que “o jornalista Carlos Alberto Di Franco circula com desenvoltura nas esferas de poder, especialmente na imprensa e no círculo íntimo do governador Geraldo Alckmin”. 
O veterano jornalista Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, há muito denuncia a sinistra relação do Opus Dei com a mídia nacional. Num artigo intitulado “Estranha conversão da Folha”, critica seu “visível crescimento na imprensa brasileira. A Folha de S.Paulo parecia resistir à dominação, mas capitulou”. No mesmo artigo, garante que a seita “já tomou conta da Associação Nacional de Jornais (ANJ)”, que reúne os principais monopólios da mídia do país. Para ele, a seita não visa a “salvação das almas desgarradas. É um projeto de poder, de dominação dos meios de comunicação. E um projeto desta natureza não é nem poderia ser democrático. A conversão da Folha é uma opção estratégica, política e ideológica”.

A “santa máfia”

Durante seus longos anos de atuação nos bastidores do poder, o Opus Dei constituiu uma enorme fortuna, usada para bancar seus projetos reacionários – inclusive seus planos eleitorais. Os recursos foram obtidos com a ajuda de ditadores e o uso de máquinas públicas. “O Opus Dei se infiltrou e parasitou no aparato burocrático do Estado espanhol, ocupando postos-chaves. Constituiu um império econômico graças aos favores nas largas décadas da ditadura franquista, onde vários gabinetes ministeriáveis foram ocupados integralmente por seus membros, que ditaram leis para favorecer os interesses da seita e se envolveram em vários casos de corrupção, malversação e práticas imorais”, acusa um documento de católico do Peru. 
A seita também acumulou riquezas através da doação obrigatória de heranças dos numerários e do dizimo dos supernumerários e simpatizantes infiltrados em governos e corporações empresariais. Com a ofensiva neoliberal dos anos 90, a privatização das estatais virou outra fonte de receitas. Poderosas multinacionais espanholas beneficiadas por este processo, como os bancos Santander e Bilbao Biscaia, a Telefônica e empresa de petróleo Repsol, tem no seu corpo gerencial adeptos do Opus. 
Para católicos mais críticos, que rotulam a seita de “santa máfia”, esta fortuna também deriva de negócios ilícitos. Conforme denuncia Henrique Magalhães, “além da dimensão religiosa e política, o Opus Dei tem uma terceira face: da sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e expostos em 1986, a Obra determina que ‘os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem ao Opus Dei’. Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada, o que frequentemente serve para encobrir atos criminosos”.
O jornalista Emílio Corbiere cita os casos de fraude e remessa ilegal de divisas das empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, que financiaram a Universidade de Navarra. Há também a suspeita do uso de bancos espanhóis na lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. O Opus Dei esteve envolvido na falência fraudulenta do banco Comercial (pertencente ao jornal El Observador) e do Crédito Provincial (Argentina). Neste país, os responsáveis pela privatização da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por grupos espanhóis, foram denunciados por escândalos de corrupção, mas foram absolvidos pela Suprema Corte, dirigida por Antonio Boggiano, outro membro da Opus Dei. No ano retrasado, outro numerário do Opus Dei, o banqueiro Gianmario Roveraro, esteve envolvido na quebra da Parlamat.
“A Internacional Conservadora”O escritor estadunidense Dan Brown, autor do best seller “O Código da Vinci”, não vacila em acusar esta seita de ser um partido de fanáticos religiosos com ramificações pelo mundo. O Opus Dei teria cerca de 80 milhões de fiéis, muitos deles em cargos-chaves em governos, na mídia e em multinacionais. Henrique Magalhães garante que a “Obra é vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica”. Num livro feito sob encomenda pelo Opus Dei, o vaticanista John Allen confessa este poderio. Ele admite que a seita possui um patrimônio de US$ 2,8 bilhões – incluindo uma luxuosa sede de US$ 60 milhões em Manhattan – e que esta fortuna serve para manter as suas instituições de fachada, como a Heights School, em Washington, onde estudam os filhos dos congressistas do Partido Republicano de George W.Bush.
Numa reportagem que tenta limpar a barra do Opus Dei, a própria revista Superinteressante, da suspeita Editora Abril, reconhece o enorme influência política desta seita. E conclui: “No Brasil, um dos políticos mais ligados à Obra é o candidato a presidente Geraldo Alckmin, que em seus tempos de governador de São Paulo costumava assistir a palestras sobre doutrina cristã ministradas por numerários e a se confessar com um padre do Opus Dei. Alckmin, porém, nega fazer parte da ordem”. Como se observa, o candidato segue à risca um dos principais ensinamentos do fascista Josemaría Escrivá: “Acostuma-se a dizer não”.

Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).

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