Perfil

Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

Mensagem aos leitores

Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.



quarta-feira, 18 de julho de 2012

Empresas lucram com uso de cadáveres humanos


DO CONSÓRCIO INTERNACIONAL DE JORNALISTAS INVESTIGATIVOS*

Em 24 de fevereiro, autoridades ucranianas descobriram ossos e outros tecidos humanos amontoados em caixas refrigeradas num micro-ônibus. Entre as partes de corpos, encontraram envelopes cheios de dinheiro e relatórios de autópsia em inglês.

Não era obra de um serial killer, mas parte de um escoadouro internacional de ingredientes para produtos médicos e odontológicos utilizados ao redor do mundo.

Os documentos apreendidos indicavam que os corpos eram destinados a uma fábrica na Alemanha pertencente à subsidiária de uma empresa norte-americana de produtos médicos, com sede na Flórida, a RTI Biologics.
Fotos Mar Cabra/ICIJ/Editoria de Arte/Folhapress 


A RTI faz parte de um negócio crescente de empresas que lucram transformando restos mortais em tudo, de implantes dentários a material para reduzir rugas.

À medida que a indústria cresceu, suas práticas despertaram preocupações sobre como os tecidos são obtidos e com que grau de detalhe as famílias dos doadores e os pacientes transplantados são informados sobre as realidades e os riscos do negócio.

Só nos EUA, o maior mercado e o maior fornecedor, estima-se que 2 milhões de produtos derivados de tecidos humanos sejam vendidos a cada ano, um número que duplicou na última década.

Numa investigação de oito meses em 11 países, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) descobriu que as salvaguardas para garantir que todo tecido usado seja obtido legalmente são inadequadas.

Apesar das preocupações dos médicos de que um negócio mal regulado permita que tecidos doentes transmitam a transplantados doenças como hepatite, HIV e outras, as autoridades não têm como saber com precisão de onde vêm e para onde vão a pele e outros tecidos.

NEGÓCIO LUCRATIVO

No mercado de tecidos humanos, as oportunidades de lucros são imensas. Um único corpo livre de doenças pode gerar fluxos de caixa de US$ 80 mil a US$ 200 mil para os vários envolvidos na recuperação de tecidos, de acordo com documentos e especialistas entrevistados.

É ilegal nos EUA, como na maioria dos outros países, comprar ou vender tecidos humanos. No entanto, é permitido que se paguem taxas de serviço que cubram os custos de encontrar, armazenar e processar tecidos humanos.

Olheiros podem ganhar até US$ 10 mil para cada cadáver que garantam em hospitais e necrotérios. Funerárias podem atuar como intermediárias para identificar potenciais doadores. Hospitais podem ser pagos pelo uso de salas de recuperação de tecidos.

E as multinacionais de produtos médicos como a RTI? Ganham bem, também. No ano passado, a RTI lucrou US$ 11,6 milhões antes dos impostos sobre receita de
US$ 169 milhões.

OUTRO LADO

Representantes do setor argumentam que supostos abusos como o ocorrido na Ucrânia são raros e que a indústria opera com segurança e responsabilidade.

A RTI não respondeu a repetidos pedidos de comentário ou a uma lista de perguntas encaminhada há um mês.

Em declarações públicas, a empresa diz que "honra a doação de tecidos tratando o material com respeito".

Clique aqui para ler a íntegra da reportagem.

(KATE WILLSON, VLAD LAVROV, MARTINA KELLER, THOMAS MAIER e GERARD RYLE)

Colaboraram MAR CABRA, ALEXENIA DIMITROVA e NARI KIM.

O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos é uma rede independente global de jornalistas que colaboram em reportagens investigativas internacionais. Para ver vídeos, gráficos e mais reportagens desta série, visite http://www.icij.org/. Esta reportagem foi apurada em colaboração com a National Public Radio (EUA).

Tradução de MARCELO SOARES.



Fonte: FOLHA DE SP

Nenhum comentário: