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terça-feira, 22 de junho de 2010

Biocombustíveis

Biocombustíveis

Afinal, não são tão verdes

16 junho 2010 | Trouw Amsterdam
Campo de colza no condado de Wiltshire, Inglaterra

Campo de colza no condado de Wiltshire, Inglaterra

M. Llorden

Ao introduzir uma nova certificação para biocombustíveis, a 10 de Junho, a Comissão Europeia propõe-se lutar contra a desflorestação. Mas os biocombustíveis são ávidos de solos aráveis. E, se deslocarmos as superfícies agrícolas, vai ser necessário desflorestar noutro lado qualquer…

Para produzir biocombustível – ou combustível de origem agrícola – são frequentes os abates de florestas, a fim de criar espaço para as culturas necessárias. Daí que seja difícil considerar esta fonte “sustentável". Para tentar remediar a questão, a Comissão Europeia anunciou esta semana um novo regulamento para certificar o “verdadeiro” biocombustível sustentável. Mas esta nova diligência de Bruxelas tem em conta as críticas formuladas em relação ao grau de sustentabilidade dos biocombustíveis?

Efeitos indirectos dos biocombustíveis

Ainda não, afirma Jan Ros, responsável pelo projecto Bioenergia do Gabinete do Plano Holandês para o Ambiente (PBL). Talvez a certificação permita evitar que algumas florestas sucumbam em proveito do óleo de palma ou colza que meteremos nos depósitos dos automóveis. Mas a colza pode passar a ser cultivada num solo onde anteriormente crescia trigo destinado à alimentação. E este trigo terá então de migrar para outros solos agrícolas, dos quais as árvores terão de desaparecer… Neste caso, as emissões de gás com efeito de estufa não diminuem, que é afinal o objectivo da utilização de combustíveis biológicos. Pelo contrário, aumentam. E a directiva da Comissão Europeia não tem em conta ainda este "efeito indirecto".

"É uma fonte de preocupação", constata Ros. E é também esse o parecer da Comissão, que está a estudar critérios complementares, para definir com mais precisão a sustentabilidade dos biocombustíveis. A tarefa não é simples, constata Ros, que contacta regularmente com os peritos envolvidos, em Bruxelas. De acordo com Ros, é necessário construir modelos que permitam calcular os dados da produção agrícola mundial. "Se, por exemplo, um cereal desaparece em proveito da colza, é necessário colocar-se a questão sobre se esse desaparecimento irá provocar um aumento da procura de cereais no mercado mundial.” Estes modelos são muito complexos, porque têm de ter em conta numerosos factores, como o aumento da população mundial. "Mas, pelo menos, permitirão fazer uma avaliação dos riscos”, explica Ros.

O novo desafio da sustentabilidade

Supondo que todos os modelos revelem que a produção crescente de biocombustíveis conduz indirectamente ao desaparecimento de zonas naturais noutros lugares, o que podem fazer responsáveis políticos, como a Comissão Europeia, para remediar a situação? Uma solução pode consistir em intensificar a produção alimentar, de forma a obter maiores colheitas numa mesma superfície. Mas isso requer mais adubos artificiais, o que nos conduz a um aumento dos gases com efeito de estufa ainda mais significativo. As outras opções remetem para a utilização de mais produtos residuais do cultivo das plantas alimentares, uma aplicação ainda a ser desenvolvida; ou a limitação das culturas destinadas aos biocombustíveis a terras improdutivas para a produção alimentar. A Europa poderia também, muito simplesmente, aumentar os objectivos de redução das emissões. Ou ainda recompensar os países que evitam utilizar novas terras, desenvolvendo a produtividade da sua agricultura.

Não é nada fácil, insiste Ros. "Mas é o novo desafio incontornável pela sustentabilidade. Não somente cada cadeia de produção deve ser limpa, como devemos interrogar-nos sobre quantas dessas cadeias consegue o mundo suportar.

Fonte: Der Spiegel

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