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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Qual a diferença?

Existe alguma diferença entre certos padres, pastores, bispos e políticos corruptos? Nenhuma: apropriam-se, igualmente, de dinheiro do povo.
Para nossa vergonha, um juiz e advogados (muitos também são "cacos") envolvidos.

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Investigado por corrupção, Alberto Bejani quer virar pastor Ex-prefeito de Juiz de Fora, preso por envolvimento na Operação Pasárgada, se converte ao protestantismo e garante que agora quer ser apenas candidato a filho de Deus

Ricardo Beghini - Estado de Minas

Publicação: 13/06/2010 08:02 Atualização: 13/06/2010 08:16


"Tenho certeza de que Deus já perdoou os vários erros que cometi. Estou nas mãos da Justiça da terra e o que ela resolver, eu vou cumprir"

O ex-prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani (PTB), surpreendeu o meio político da principal cidade da Zona da Mata. Contrariando os apelos da direção regional do partido, baseadas em pesquisas que lhe dariam boa votação, Bejani anunciou que não vai concorrer às eleições em outubro. As apostas eram de que o ex-chefe do Executivo disputaria uma vaga na Câmara dos Deputados. Assim, conseguiria foro privilegiado para responder a uma avalanche de acusações que vieram à tona com a Operação Pasárgada. Em abril de 2008, ele foi preso, com 49 pessoas, entre prefeitos, advogados, um juiz e servidores públicos, supostamente envolvidas num esquema de desvio de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), retidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).


A decisão de abandonar a candidatura é tão surpreendente quanto as razões elencadas por Bejani para desistir do cargo eletivo. No domingo passado, o ex-devoto de Nossa Senhora de Rosa Mística se converteu ao protestantismo. Ele, a mulher, Wanessa Loçasso, e os três filhos, na presença de milhares de fiéis, foram batizados na sede principal da Igreja Batista de Juiz de Fora. “Ninguém pode suspeitar que estou procurando a igreja para buscar votos. Sou candidato a filho de Deus e a mais nada. Minha vida mudou completamente”, avisou o ex-prefeito.

Um novo Bejani surge quase simultaneamente à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou o desmembramento do Inquérito 603, a Operação Pasárgada. Com a medida, toda a parte referente a Juiz de Fora será enviada ao promotor Paulo César Ramalho, que será o responsável por apresentar a denúncia formal contra todos os envolvidos, incluindo o próprio Bejani, empresários, assessores, autoridades e até o ex-presidente da Câmara, Vicente de Paula (PTB), o Vicentão.

“Acho primeiro uma falta de respeito ser candidato a qualquer cargo eletivo, seja estadual, municipal ou federal, neste momento em que estou sendo investigado. Tenho que ter as condições normais de um cidadão comum para a investigação caminhar normalmente. Não quero atrapalhar ou retardar o processo”, disse ele em seu escritório da Avenida Rio Branco, no Centro de Juiz de Fora, em mais uma entre várias surpreendentes declarações. O ex-prefeito recebeu a equipe do Estado de Minas na companhia do irmão e de um amigo, diferentemente dos tempos em que vivia cercado por seguranças e assessores.

Perdão

Apesar de se apresentar serenamente, Bejani não poupou críticas ao promotor Paulo Ramalho, a quem acusa de perseguição. “Quando vejo o promotor dizer que vai dedicar tempo exclusivo, isso mostra um indício de perseguição”, reclamou ele, que alega estar sendo condenado antecipadamente. Mas, segundo Ramalho, a decisão de priorizar o inquérito da Operação Pasárgada veio da Procuradoria por causa da repercussão do caso. “Faz parte do planejamento e a sociedade precisa de uma resposta. Não estou perseguindo ninguém”, rebateu o promotor.


Embora as denúncias relativas à Operação Pasárgada só devam ficar prontas no fim deste ano ou início do ano que vem, Bejani já responde a processos nas esferas civil e penal pelo suposto esquema de corrupção envolvendo o Executivo juiz-forano e o grupo SIM, contratado sem licitação, em 2007. Nessas ações, o ex-prefeito foi denunciado por corrupção passiva, dispensa indevida de licitação, improbidade administrativa com lesão ao erário, enriquecimento ilícito e ofensa aos princípios da administração pública. O Ministério Público requer a prisão de Bejani por até 15 anos e oito meses, perda de direitos políticos por 10 anos e ressarcimento aos cofres públicos de R$ 1,12 milhão, equivalente ao valor apreendido pela Polícia Federal na mansão do ex-prefeito. “Tenho certeza de que Deus já perdoou os vários erros que cometi. Estou nas mãos da justiça da terra e o que ela resolver, eu vou cumprir”, salientou Bejani, ressaltando, por outro lado, que não abre mão de seus direitos constitucionais e que vai se defender em todas as instâncias.


Bíblia no cárcere e curso para pastor

Dos envolvidos na Operação Pasárgada, Bejani foi o que mais tempo permaneceu na prisão. Foram mais de 80 dias no cárcere em dois momentos distintos. O petebista foi detido em 9 de abril e liberado no mesmo mês. Em 12 de junho, o ex-prefeito voltou para a cadeia, porque teria ameaçado uma testemunha, ficando mais dois meses na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH. A situação do ex-prefeito havia se agravado, porque a Polícia Federal apreendeu DVDs que mostram negociações entre ele e empresários, supostamente para liberar o aumento das tarifas de transporte público na cidade.

A passagem pela cadeia foi que o motivou Bejani a buscar outros caminhos religiosos. “Vi muitos garotos condenados que não precisam de prisão, mas sim de um hospital. Não vi padres, mas somente pastores orando e escutando os detentos, amenizando o sofrimento daquelas pessoas”, ressaltou. Bejani conta que, na cadeia, ganhou uma Bíblia de um dos religiosos, e começou a ler os textos do livro sagrado. “Não tinha outra coisa a não ser conversar com Deus”, relatou.

O ex-prefeito e a mulher estão cursando teologia no Seminário Internacional de Teologia, em São Paulo. O curso é à distância, mas exige dois encontros presenciais por mês. Curiosamente, o futuro pastor ingressou no gabinete da Prefeitura de Juiz de Fora, em 2005, segurando uma imagem de Nossa Senhora da Rosa Mística, conhecida como a “santa que chora”. Hoje, o sentimento em relação à mãe de Jesus não é mais o de um devoto.

“Maria foi uma mulher abençoada, porque foi escolhida entre milhares para receber o menino Jesus”, disse Bejani. Por outro lado, e com a ajuda de um iPhone, ele localizou o capítulo 20 do livro de Êxodos. “Não devemos adorar imagens”, citou o ex-prefeito, salientando, por outro lado, que não guarda rancor da Igreja Católica. “Vocês estão perdendo fiéis, pois não estão comparecendo aos lugares onde mais se precisa da palavra de Deus”, alertou.

O Bejani engajado na fé garante que não está usando a religião para comover as autoridades e faz questão de frisar que por trás de sua conversão não há interesses eleitorais. “Geralmente, o político procura a igreja para ser candidato, mas eu estou querendo o voto de Deus”, disse ele, que agora trabalha como empresário da construção civil no interior do Rio de Janeiro. “Mesmo que a justiça dos homens ache que um dia eu devo voltar para lá, nada vai me tirar deste caminho.”

Fonte: www.uai.com.br

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