sábado, 7 de março de 2009
Igreja deveria excomungar ladrões e corruptos, diz promotor
O promotor de Justiça criminal José Carlos Blat lamentou que o arcebispo José Cardoso Sobrinho, de Olinda e Recife, tenha excomungado as pessoas que, dentro da lei, interromperam a gravidez da menina de 9 anos estuprada pelo padrasto.
“A Igreja Católica simplesmente ignorou que o Brasil é um Estado laico”, disse Blat (foto), que de 1998 a 2004 fez parte do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público do Estado de São Paulo.
E já que igreja tem dificuldade em aceitar uma legislação laica, continuou o procurador, os padres e bispos deveriam examinar os processos criminais e excomungar os ladrões e corruptos, além dos assassinos.
Ao menos assim, na opinião de Blat, haveria coerência da parte da igreja. Porque, disse, não faz sentido o arcebispo excomungar médicos e a mãe da menina e não aplicar a mesma punição ao estuprador.
Em um artigo publicado no site Consultor Jurídico, o procurador observou que a menina – que deu o consentimento para o aborto - só escapou da excomunhão de dom Sobrinho porque é menor de idade.
Concluiu: “Mesclar assuntos que envolvem a fé, a aplicação da lei penal e o direito de punir do Estado é querer ressuscitar a Santa Inquisição”.
Fonte: Blog do Paulo Roberto Lopes
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