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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Frei Caneca - Agitador político - Grande Maçon



Frei Caneca
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Joaquim da Silva Rabelo, depois Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, mas popularmente conhecido apenas como Frei Caneca (Recife, 20 de agosto de 1779 — Recife, 13 de janeiro de 1825), foi um religioso e político brasileiro. Esteve implicado na Revolução Pernambucana (1817) e na Confederação do Equador (1824). Como jornalista, esteve à frente do Typhis Pernambucano.

A seu respeito, refere Evaldo Cabral de Melo: "O homem que, na história do Brasil, encarnará por excelência o sentimento nativista era curiosamente um lusitano 'jus sanguinis'."
“ Quem bebe da minha "caneca" tem sede de liberdade! ”

Biografia

Filho primogênito de um tanoeiro português, Domingos da Silva Rabelo, e de sua esposa, Francisca Maria Alexandrina de Siqueira, incorporou ao nome o apelido que o pai ganhara por sua profissão: Caneca. A família residia em Fora-de-Portas,Portugal bairro edificado ao tempo dos Neerlandeses para o serviço do porto, de vocação artesanal e marcadamente portuguesa. A sua mãe tinha um primo carmelita, o que pode explicar que tenha-se tornado noviço do Carmo, e tomado o hábito em 1796, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, onde professou no ano seguinte (1797).

Ordenou-se em 1801, com a necessária dispensa apostólica de idade pois tinha 22 anos, e passou a ser conhecido como Joaquim do Amor Divino. Criado o Seminário de Olinda, obteve autorização para cursar ali as disciplinas que a Ordem não lhe havia oferecido. Frequentava a biblioteca do Seminário e a dos Oratorianos, em Recife, formando a sua notável erudição. Em 1803 foi nomeado professor de Retórica e Geometria de seu convento, onde lecionou posteriormente Filosofia racional e moral. A partir de certo momento, o "seu interesse extrapolou os muros do claustro, como indica seu provimento na cadeira pública de geometria da comarca de Alagoas". Ali permaneceu pouco tempo, dada a perspectiva de nomeação para idêntica cadeira no Recife, a qual não se concretizou pela Revolução de 1817.

De ideias liberais, partilhava ideias republicanas e frequentou a Academia do Paraíso, um dos centros de reunião daqueles que, influenciados pela Revolução Francesa e pela independência dos EUA, conspiravam contra o jugo português.

Movimento em Pernambuco e prisão na Bahia

Participou ativamente da chamada Revolução Pernambucana (1817), que proclamou uma República e organizou o primeiro governo independente na região. Não há referência a participação sua, diz Cabral de Mello, "nos acontecimentos inaugurais da sedição de 6 de março, como a formação do governo provisório. Assim é que da relação dos eleitores que o escolheram, não consta seu nome. Sua presença só se detecta nas últimas semanas de existência do regime, ao acompanhar o exército republicano que marchava para o sul da província a enfrentar as tropas do conde dos Arcos, ocasião em que, segundo a acusação, teria exercido de capitão de guerrilhas." Era conselheiro do exército republicano do sul, comandado pelo coronel Suassuna. Com a derrota do movimento, foi preso e enviado para Salvador, na Bahia. Ali passou quatro anos detido, dedicando-se à redação de uma gramática da língua portuguesa.
[editar] Retorno a Pernambuco

Libertado em 1821, no contexto do movimento constitucionalista em Portugal, Frei Caneca voltou a Pernambuco e retomou as atividades políticas. Durante a sua viagem, chegou a ser detido ainda na antiga cadeia de Campina Grande.

Em 1821 esteve implicado no chamado movimento de Goiana, uma segunda sedição emancipacionista que, com apoio dos principais proprietários da mata norte e algodoeira da província, proclamou adesão às Cortes de Lisboa. Um exército de milícias rurais e da tropa de primeira linha marchou contra o Recife, sem ocupar a cidade. Os goianistas tampouco conseguiram adesão substancial na mata sul. A "Convenção do Beberibe" consagrou em setembro o "status quo", prevendo que as juntas de Recife e de Goiana continuariam a atuar nas áreas sob seu controle, à espera de decisão das Cortes. Estas determinaram a eleição de uma Junta Provisória e foi instalado o primeiro governo autônomo da província em outubro de 1821.

A Junta Governativa de Gervásio

Frei Caneca apoiou a formação da primeira Junta Governativa de Pernambuco, presidida por um comerciante, Gervásio Pires Ferreira, que o nomeou para a cadeira pública de geometria da vila do Recife. Foi uma Junta muito recifense, em que o poder veio ao clero, às camadas urbanas, ao comércio, às Forças Armadas, às profissões liberais - as forças derrotadas em 1817. Gervásio foi a figura dominante de um governo que atuou para buscar o consenso, líder de um setor do comércio português já nacionalizado pela residência, pelo nascimento, por laços de família com a terra. E tinha pertencido ao governo do movimento de 1817, companheiro de Frei Caneca nas prisões da Bahia.

Em 1822 Frei Caneca, que apoiou com entusiasmo a Junta, redigiu a "Dissertação sobre o que se deve entender por pátria do cidadão e deveres deste para com a mesma pátria". Queria dar formulação teórica a um dos principais objetivos de Gervásio, conciliar o comércio português da província com a nova ordem de coisas. Sua principal tese é a de que os portugueses domiciliados na terra e a ela ligados por vínculos de família e dos interesses deviam ser considerados tão pernambucanos quanto os naturais da terra.

O dilema era entretanto grande. Diz Evaldo Cabral de Mello, página 25 da obra citada: «As Cortes de Lisboa, por um lado, e a regência de d. Pedro, por outro, encarnavam, em termos das aspirações de 1817, opções igualmente legítimas, se bem que incompletas e contraditórias. Por um lado, o Soberano Congresso oferecia um regime liberal, sob uma monarquia constitucional, muito embora, a partir de fevereiro de 1822, ficasse claro no Brasil que elas cobrariam o preço da não restauração pura e simples do monopólio comercial, que era impossível ressuscitar, mas de um sistema preferencial para o comércio e a navegação portugueses. Por sua vez, a regência do Rio prometia a liberdade de comércio e a Independência mas com a fatura previsível da construção de um regime autoritário baseado no centro-sul.»

O governo de Gervásio tentou ganhar tempo, à espera de uma conjuntura que lhe permitisse salvar ambas opções, sem descartar inteiramente a separação tanto de Lisboa quanto do Rio. (A Junta será anatemizada de Varnhagen a José Honório Rodrigues, acusada de carecer de sentimento nacional; sua defesa será feita por Barbosa Lima Sobrinho).

Sob a pressão de um motim castrense, a junta de Gervásio Pires Ferreira foi coagida a aderir à causa do Rio de Janeiro e terminou deposta por uma quartelada, formando-se um governo denominado «governo dos matutos», em outubro de 1822.

A Junta dos Matutos

Em 23 de setembro de 1822 foi eleita a chamada «Junta dos Matutos», que substituiu a Junta gervasiana. Seu governo se estenderia até dezembro de 1823. Era dominado por representantes da grande propriedade territorial. Membros eleitos da Junta foram, como presidente, Afonso de Albuquerque Maranhão, como secretário José Mariano de Albuquerque, e como membros Francisco Pais Barreto, o morgado do Cabo; Francisco de Paula Gomes dos Santos, Manuel Inácio Bezerra de Melo, Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque e João Nepomuceno Carneiro da Cunha.

É ao tempo do governo dos Matutos que verdadeiramente frei Caneca ingressou na liça ideológica. Datam de então, diz Cabral de Mello, sua polêmica com José Fernandes Gama e seu sobrinho, o Desembargador Bernardo José da Gama, cabeças da conspiração que derrubara Gervásio, e as «Cartas de Pítia a Damão». Tendo ficado comprometidos na ´Pedrosada´, tentativa frustrada de derrubar a Junta dos Matutos, os Gamas tentaram recuperar-se na corte e delataram o que chamavam facção republicana da província, elaborando uma lista de pessoas na qual figurava o frade.

Segundo a mesma obra, página 15: «Frei Caneca passou à oposição, sem combatê-la, porém, frontalmente, preferindo empenhar-se contra o grupo que, no Rio de Janeiro, pretendia ditar a sorte da província. Frei Caneca pronunciou mesmo a oração gratulatória por ocasião da cerimônia de ação de graças, na igreja do Corpo Santo, pela aclamação de Pedro I como imperador. Só a partir da constituição do governo de Manuel de Carvalho Pais de Andrade que, sete meses depois da posse proclamará a Confederação do Equador, há sinais de colaboração estreita do frade com o poder, mas ainda sob a forma de atividade jornalística e, esporadicamente, dando seu parecer sobre algumas das grandes decisões que deveria tomar o governo.»

A primeira de suas Cartas saiu a 17 de março de 1823, logo após a ´Pedrosada´. Eram publicadas no Correio do Rio de Janeiro, periódico de propriedade de João Soares Lisboa, que participaria da Confederação do Equador, morrendo em 30 de setembro de 1824, ferido em combate durante sua fuga pelo interior de Pernambuco ao lado de frei Caneca e seus demais companheiros.

Este Pedrosa, ou Pedro da Silva Pedroso, era o governador das armas da província que refez contra Pais Barreto a aliança que derrubara Gervásio, sem que se pudesse destitui-lo, pelo apoio recebido dos Gama, na corte.

Frei Caneca nunca combateu a Junta dos Matutos, composta de representantes da mata norte e sul da província, cujos interesses eram divergentes. Preferiu centrar fogo contra a facção pernambucana da Corte que endossava a política pessoal do imperador, seja sob José Bonifácio, seja sob seus sucessores.

Quanto à Pedrosada, a devassa instaurada pronunciou Pedrosa e Paula Gomes, membro do governo, e José Fernandes Gama, mas a proteção imperial fez com que nenhum fosse punido. Dividida e desmoralizada, a Junta dos Matutos arrastou uma triste resistência até dezembro de 1823 quando renunciou. Enfrentava de um lado a oposição dos antigos gervasistas reunidos ao redor do intendente da Marinha Manuel de Carvalho Pais de Andrade e de Cipriano Barata, que regressara das Cortes de Lisboa; do outro, as pressões do Rio de Janeiro, que exigia de Pernambuco as quantias mensais do tempo do rei e ainda mais dois milhões, equivalentes às remessas feitas para Portugal após a partida do rei.

A Confederação do Equador

Ver artigo principal: Confederação do Equador

É indispensável conhecer-se o contexto político e provincial das obras políticas de Frei Caneca, a situação em que viviam Pernambuco e as demais províncias, para entender o movimento que representou a Confederação do Equador - abafado sob ´o peso da tradição saquarema na historiografia brasileira da Independência´, ou seja, o que Evaldo Cabral de Mello chama ´a historiografia da corte fluminense e dos seus epígonos na República´ que reivindicam para as três grandes províncias do Sudeste o papel de construtores da nacionalidade. O ciclo revolucionário pernambucano não pode, é claro, ser considerado separatista - mas a presunção de separatismo foi consequência do hiato ocorrido entre o processo de emancipação no Sudeste e no Nordeste. No Rio, diz Cabral de Mello, ´a Independência começou como uma disputa entre absolutistas e liberais em torno da organização do Reino Unido e mesmo depois não se cogitou de separação de Portugal mas tão-somente de preservação dos status adquirido pelo Brasil no interior do Império lusitano. A situação era muito diferente no Nordeste, onde a Independência já começou com uma disputa entre colônia e metrópole, com a diferença de que esta última já não estava em Lisboa mas no Rio de Janeiro...

Em 1823 durante o movimento conhecido como ´Pedrosada´, Frei Caneca redigiu «O Caçador» e as «Cartas de Pítia a Damão». Diz Cabral de Mello, página 29 da obra citada: «Na euforia que se seguiu à revolução liberal do Reino, as expectativas do comércio e da lavoura no tocante à redução da carga fiscal não eram menores do que no resto do Brasil. Eram talvez maiores, de vez que com a instalação da corte em 1808 ela fora sobrecarregada de novos tributos destinados inclusive à iluminação pública do Rio, prontamente revogados pela junta de Gervásio. (...) O estado de falência a que ficara reduzido o Banco do Brasil com o regresso de d. João VI e a criação das juntas provinciais haviam limitado seriamente a ação da Corte, que só dispunha dos recursos da alfândega e da província do Rio, de vez que as demais províncias também negaceavam. Destarte, a adesão do Norte ao imperador era sobretudo uma questão de premente caráter financeiro, o café não proporcionando até os meados dos anos 30 a principal rubrica da receita fiscal, a qual devia provir, por conseguinte, do açúcar e do algodão, produtos predominantemente nortistas.»

Evaldo Cabral de Mello considera que seria mais apropriado, em vez de republicanismo pernambucano, considerar seu autonomismo. ´O projeto da revolução era antigo em Pernambuco´, comentaria posteriormente o desembargador da Alçada que julgou o movimento. Havia «uma releitura da história provincial à luz da modernidade revolucionária representada pela filosofia política do século das luzes e da Revolução Francesa». Para Frei Caneca e o Partido Autonomista, escarmentados pelo fracasso republicano em 1817, «a autonomia provincial tinha prioridade sobre a forma de governo». Estariam prontos a entrarem num compromisso com o Rio, o qual, em troca da aceitação do regime monárquico, daria amplas franquias às províncias. Não haveria porque rejeitar a monarquia, desde que autenticamente constitucional e desde que preservasse as franquias. A leitura do jornal de Cipriano Barata, «A Sentinela da Liberdade», desmente as acusações de republicanismo.

Em 1824 Frei Caneca se tornou um dos conselheiros de Manuel de Carvalho Pais de Andrade, opinando contra o reconhecimento de Francisco Pais Barreto, o morgado do Cabo, como presidente de Pernambuco. Opinou pela invasão de Alagoas, com vistas a debelar as forças contra-revolucionárias do morgado do Cabo; e contra o juramento da Constituição outorgada por D. Pedro I. Diz Evaldo Cabral de Mello que «frei Caneca subestimava os meios à disposição da Corte do Rio, superestimando, por outro lado, a vontade local de resistência ao despotismo fluminense (...)».

Tomou parte, com Cipriano Barata, como um dos líderes na Confederação do Equador, movimento republicano e separatista. Seus argumentos não se dirigiam contra o imperador mas contra o que considerava a derrapagem autoritária de José Bonifácio. Após o 7 de Setembro, «o acirramento da luta entre José Bonifácio e os liberais da Corte havia levado à censura da imprensa, com o fechamento de jornais e o atentado contra o diretor da Malagueta, e à prisão de mais de 300 indivíduos, os mesmos que se haviam batido pela Independência desde a partida de D. João VI». Havia outras razões de insatisfação: as exigências do erário fluminense, o projeto de Constituição divulgado pelo Correio Braziliense em setembro de 1822, a criação do batalhão de suíços, a fundação do Apostolado, a instituição da Imperial Ordem do Cruzeiro, vista como «o clube dos aristocratas servis».

O Typhis Pernambucano

Em 25 de dezembro de 1823 circulou o primeiro número do "Typhis Pernambucano", jornal que seria a trincheira de frei Caneca até à liquidação da Confederação. De sua leitura depreende-se que ainda considerava culpados da situação o partido português do Rio e o ministério que sucedera ao de José Bonifácio. A dissolução da Assembleia tomara Pernambuco de surpresa mas «de 2 de julho em diante a história da Confederação se tornou a narrativa de uma derrota». D. Pedro I suspendeu as garantias constitucionais na província, punindo-a territorialmente pois amputou a comarca do São Francisco que constituía a margem esquerda do rio São Francisco, hoje incorporada ao território da Bahia. O Recife foi submetido a bloqueio naval, desta vez pelo almirante Cochrane, que canhoneou a cidade. Pernambuco foi invadido pelo sul pelas tropas do brigadeiro Lima e Silva - a mata sul canavieira permaneceu indiferente - e a 12 de setembro de 1824 seus soldados ocuparam Recife.

Outra vez derrotado, refugiou-se com parte das tropas no interior, indo para o norte, rumo ao Ceará. Esteve no distrito, hoje município, de Abreu e Lima, de onde, pouco depois, fugiu para o Ceará. Nessa ocasião, escreveu o «Itinerário».

Prisão e fuzilamento

Foi detido no exercício de suas funções de Secretário das tropas sublevadas, das quais era também orientador espiritual, pelas tropas imperiais a 29 de novembro, sendo conduzido para o Recife.

Em 18 de Dezembro de 1824 ali foi instalada uma comissão militar sob a presidência do coronel Francisco de Lima e Silva (pai do futuro Duque de Caxias) para proceder ao seu julgamento sob a acusação do crime de sedição e rebelião contra as imperiais ordens de sua Majestade Imperial. Com plenos poderes para julgar e condenar sumariamente, o acusado foi condenado à morte por enforcamento. O próprio condenado descreveu o seu julgamento:

"No dia 20 fui eu conduzido perante o assassino tribunal da comissão de que eram membros o general Francisco de Lima e Silva, presidente; juiz relator, Tomás Xavier Garcia de Almeida; e vogais, o coronel de engenharia Salvador José Maciel, o tenente-coronel de caçadores Francisco Vicente Souto; o coronel de caçadores Manuel Antônio Leitão Bandeira; o conde de Escragnolle, que foi o meu interrogante." ("Itinerário", in: Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Coleção Formadores do Brasil, 1994. p. 604[1]

Nos autos do processo Frei Caneca é indiciado como um dos chefes da rebelião, "escritor de papéis incendiários", sendo os dois outros chefes, Agostinho Bezerra Cavalcanti, capitão de granadeiros e comandante do 4º Batalhão de Artilheiros Henriques, e Francisco de Souza Rangel, por ser do corpo de guerrilha e achado com os dois primeiros.

Ao todo foram executados onze confederados, dos quais três no Rio de Janeiro. O primeiro deles foi frei Caneca.

A 13 de janeiro de 1825, foi armado o espetáculo do enforcamento diante dos muros do Forte das Cinco Pontas. Despojado do hábito religioso, ou seja, «desautorado das ordens» na igreja do Terço, na forma dos sagrados cânones», ainda assim tendo três carrascos que se recusaram a enforcá-lo. A Comissão Militar ordenou seu arcabuzamento, («visto não poder ser enforcado pela desobediência dos carrascos»), atado a uma das hastes da forca, por um pelotão sob o comando do mesmo oficial. Seu corpo foi colocado junto a uma das portas do templo carmelita, no centro do Recife, sendo recolhido pelos religiosos e enterrado em local até hoje não identificado.

Quanto aos demais protagonistas, conta Evaldo Cabral de Mello que Manuel de Carvalho se refugiou a bordo de fragata inglesa, indo viver em Londres, de onde só retornará após a abdicação para reiniciar uma carreira política que o levará à presidência de Pernambuco e ao Senado do Império. O poeta Natividade Saldanha, secretário da Junta, se asilou na Venezuela e depois em Bogotá onde exerceu a advocacia e morreu em 1830.


Curiosidades
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* O muro contra o qual o religioso foi arcabuzado, continua de pé, vizinho ao Forte das Cinco Pontas. O local está marcado por um busto e por uma placa alusiva, colocada pelo Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco em 1917.
* A iconografia sobre Frei Caneca mais conhecida do público é o quadro Execução de Frei Caneca, de Murillo La Greca.
* O poeta e escritor João Cabral de Melo Neto descreveu, em versos, o último dia de Frei Caneca, em sua obra O Auto do Frade.
* Seu irmão, o historiador Evaldo Cabral de Mello, foi o organizador e redigiu a introdução, a qual intitulou Frei Caneca ou a Outra Independência, ao livro Frei Joaquim do Amor Divino Caneca da Coleção Formadores do Brasil, Editora 34, Ltda, 2001.

Notas

1. ↑ A mesma obra reproduz os autos do processo, à p. 607 e segs.

Bibliografia

* BRANDÃO, Ulisses. A confederação do Equador. Recife: Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, 1924.
* CANECA, frei Joaquim do Amor Divino. Obras políticas e literárias de frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Organização de Antônio Joaquim de Melo. Recife: Assembleia Legislativa de Pernambuco, 1972.
* CANECA, frei Joaquim do Amor Divino (1779-1825). Organização e introdução de Evaldo Cabral de Mello, Coleção Formadores do Brasil, 2001.
* LEMO, Brito. A gloriosa sotaina do Primeiro Reinado. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1937.
* LIMA SOBRINHO, Barbosa. Pernambuco: da Independência à Confederação do Equador. Recife: Conselho Estadual de Cultura, 1979.
* TAVARES, Francisco Muniz. História da Revolução de 1817. Recife: Goevrno do Estado de Pernambuco, 1969.

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A vinculação maçônica de Frei Caneca


A MAÇONARIA E A REPÚBLICA NO BRASIL

Primeiro Simpósio de História da Maçonaria Americana e sua Influência no Desenvolvimento Econômico, Político, Social e Cultural na América Latina desde 1800
Grande Loja de Chile
Universidade La República
Santiago do Chile 25, 26 e 27 de Maio de 2005



I – Prenúncios Republicanos Regionais

Antes da Proclamação da República no Brasil e até mesmo antes da própria Independência do País houveram quatro tentativas malogradas de movimentos republicanos regionais que contaram com a presença e participação dos maçons brasileiros.

A primeira tentativa foi o movimento apelidado nos manuais de história do Brasil de Inconfidência Mineira.

O primeiro movimento de caráter autonomista surgido na cidade de Vila Rica, sede da Capitania de Minas Gerais, em 1789, teve como decorrência o descontentamento gerado pelo abuso tributário com que o reino português, já em pleno processo de decadência, explorava as riquezas minerais da rica capitania.

Um grupo de intelectuais nessa capitania acalentou sonhos de autonomia republicana mirando-se no exemplo da iniciante Revolução Francesa e, principalmente, da independência dos Estados Unidos da América do Norte. A vanguarda desse grupo era liderada por uma elite intelectual dos estudantes mineiros que estudavam em universidades européias e que tinham sido iniciados na maçonaria francesa por volta de 1776 e almejavam a libertação de sua terra natal. Os principais próceres eram José Álvares Maciel, José Joaquim da Maia e Domingos Vital Barbosa. Maia chegou mesmo a enviar uma carta a Thomas Jefferson, ministro norte-americano na França, sondando-o sobre a possibilidade de auxílio a um possível movimento de libertação da capitania mineira e que depois deveria se espraiar pelo resto do país. A resposta de Jefferson foi vaga e ambígua. Já Maciel passou a freqüentar o grupo político maçônico de Francisco Miranda em Londres, interessado na independência dos países íbero-americanos e que viria a culminar na formação da Grande Reunião Americana. Maciel viria a ser a alma intelectual do movimento emancipador em Vila Rica.

Já na colônia, vários intelectuais, militares e sacerdotes participariam também das idéias liberais e libertárias da maçonaria aderindo ao movimento. Podem ser citados: Cláudio Manoel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga, cônego Luís Vieira, padre Rolim, padre Carlos Toledo, tenente-coronel Freire de Andrade, sargento-môr Luiz Piza e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de Tiradentes, que por não ser padre, militar de patente elevada ou desembargador foi condenado à morte quando do fracasso da intentona. Tiradentes é hoje o protomártir da Independência do Brasil.

A bandeira do movimento continha um triângulo eqüilátero (ou delta), um dos máximos símbolos maçônicos circundado pelas palavras de Virgílio: Libertas Quae Será Tamen (Liberdade ainda que tardia). Nos seus conciliábulos secretos discutiam a implantação de uma República em Minas Gerais, mudar a capital para São João del Rei, instalar uma Casa da Moeda, fábricas de ferro e pólvora e desenvolver a mineração através da iniciativa privada.

Os inconfidentes foram presos e o movimento termina praticamente com o enforcamento de Tiradentes em 21 de abril de 1792.

A segunda tentativa foi a Revolução Pernambucana de 1817, um movimento revolucionário, de tendência fortemente nacionalista que visava implantar a república na Província de Pernambuco, liderada pelo maçom Domingos José Martins.

Domingos era um comerciante estabelecido na cidade de Recife, capital da província, e que viajava constantemente ao Reino Unido. Lá, entrou em contacto com os círculos maçônicos e teria sido iniciado em 1812 por Hipólito José da Costa, o Patriarca da Imprensa Brasileira, e por Francisco Miranda.

Os conspiradores chegaram, com apoio popular, a depor o governador da província e instalar um governo em 8 de março de 1817. A reação veio através do Conde dos Arcos, governador da fronteira província da Bahia, que cercou o Recife com 1500 homens. No dia 20 de março, os rebeldes foram derrotados e presos. Domingos e todos os outros chefes revolucionários foram levados para Salvador, responderam a processo sumário e todos executados num total de 43, entre civis e militares, além de três eclesiástico. Entre estes se encontrava o Padre Roma, um maçom ativo e combativo.

O terceiro movimento foi a Confederação do Equador já com o Brasil independente e lutando pela sua unificação. Na Província de Pernambuco, os remanescentes da Revolução de 1817, reagiram contra a prerrogativa do Imperador de escolher livremente o presidente da Província. O líder dessa reação foi Joaquim do Amor Divino Rabelo e Caneca, o popular frade carmelita - frei Caneca - maçom, jornalista propagandista dos ideais republicanos, professor de filosofia, retórica e geometria. No seu jornal Tífis Pernambuco proferiu intensa campanha contra o então Imperador D. Pedro I, também maçom, desde a dissolução da Constituinte e a imposição e outorga da Constituição de 1824, a primeira constituição do país independente. A revolução rompeu com o Império recém-implantado, proclamou-se uma república com o nome de Confederação do Equador, alastrou-se para as províncias vizinhas com o apoio das lojas e dos maçons da região.

A revolução foi prontamente domada pelas forças do nascente Império Brasileiro tanto que o presidente da Confederação – Manuel de Carvalho Paes de Andrade – também maçom, fugiu para os Estados Unidos, ajudado pelos Filhos da Viúva. Os demais líderes, contudo, não tiveram melhor destino, pois foram todos presos e, em seguida, enforcados, exceto Frei Caneca, que foi fuzilado. Frei Caneca pelo seu carisma, autoridade moral e principalmente pela sua condição de sacerdote não encontrou carrascos que o enforcassem.

O quarto e último movimento republicano regional, iniciado em 1835, como uma revolução autonomista e federalista, teve como seu líder máximo o liberal maçom Bento Gonçalves da Silva e auto-intitulou-se República Piratini ou República Farroupilha.

As sociedades maçônicas floresciam então. A maçonaria, aliás, contava com muita força. Nela estavam presentes até sacerdotes, e a maioria dos homens influentes da província eram maçons. Entre os maçons ilustres, destacava-se Bento Gonçalves, que organizou diversas lojas na fronteira, e cujo codinome, na maçonaria, era Sucre e também o outro co-líder do movimento Davi Canabarro, assim como os italianos Tito Lívio de Zambeccari e o afamado Giuseppe Garibaldi, iniciado na Loja Abrigo da Virtude da província do Rio Grande do Sul, que utilizou as táticas de guerrilha aprendidas no Novo Mundo na unificação italiana.

Como causas do movimento podem ser citadas: o isolamento da província, descontentamento com o controle alfandegário, o dinheiro da província gaúcha pagava até a dívida com os ingleses, moedas falsas complicavam a economia e o clima de tensão reinante na fronteira.

Muitos dos livros de história insistem na versão de que o nome "farrapos" ou "farroupilhas", dado aos revolucionários gaúchos, teve origem nas roupas que estes vestiam - gastas e esfarrapadas. No entanto, a verdade é bem outra. A denominação é, mesmo, anterior à Revolução Farroupilha, e era utilizada para designar os grupos liberais de idéias exaltadas. Já em 1829 eles se reuniam em sociedades secretas. Uma delas era a Sociedade dos Amigos Unidos, do Rio de Janeiro, cujo objetivo era lutar contra o regime monárquico. Desde então, eram chamados de farroupilhas. Segundo Evaristo da Veiga, o termo havia sido inspirado nos "sans culottes" franceses, os revolucionários mais extremados durante o período da Convenção (1792 a 1795). Os "sans culottes", que literalmente quer dizer sem calção, usavam calças de lã listradas, em oposição ao calção curto adotado pelos mais abastados.

Os combates duraram praticamente até 1840, com os rebeldes usando a partir de então, tática de guerrilha contra as forças Imperiais. Na batalha de Fanfa, contudo, Bento Gonçalves foi preso e confinado no Forte do Mar na distante província da Bahia, de onde fugiria misteriosamente com o auxílio da maçonaria baiana no dia 10 de setembro de 1837. A partir de 1842, com a nomeação de comandante em chefe das forças Imperiais e governador da província, o então Barão de Caxias, maçom emérito, pois chegou a receber o título de Grão-Mestre de Honra do Grande Oriente do Brasil e patrono do Exército Brasileiro, iniciou o processo de pacificação da província rebelde.

II - Antecedentes da República

Como antecedentes remotos e recentes da implantação da República no Brasil podem ser citados os seguintes: i) o conflito maçônico e político entre José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência do Brasil e Joaquim Gonçalves Ledo, líder maçônico no Rio de Janeiro; ii) o Manifesto Republicano de 1870; iii) a Convenção de Itu de 1873; iv) a Questão Religiosa; v) a Abolição da Escravatura e vi) a Questão Militar.

Devido à inexistência de partidos políticos durante a independência do Brasil, a maçonaria assumiu o papel de partido político na época da independência. Naquele momento histórico, os iniciados da maçonaria juravam não só os preceitos ortodoxos maçônicos como também o de lutar pela independência do país.

Assim, o conflito político e ideológico entre dois maçons brasileiros na época de independência – José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência do Brasil e Joaquim Gonçalves Ledo, o líder dos maçons radicais liberais no Rio de Janeiro – assumiu também uma conotação entre as facções da maçonaria que defendiam a monarquia e a república. O Brasil destoou do resto do continente americano ao optar pela forma monárquica de governo, pois se tornou uma monarquia cercada de repúblicas por todos os lados. A sabedoria da elite política – na sua imensa maioria integrado por maçons - da independência brasileira foi o fato de transformar o Príncipe Regente português no Imperador do Brasil. Tal fato estratégico foi o grande responsável pela unidade do território nacional, pois enquanto o resto da América Espanhola fragmentou-se em dezenas de países, o Império brasileiro conseguiu sufocar as tendências centrífugas regionais, muitas vezes de caráter republicano, mantendo a incolumidade do território nacional. O sonho de Bolívar conseguiu materializar-se na América portuguesa.

Assim, graças à maturidade, à acuidade e à moderação de José Bonifácio - primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, fundado em 17 de junho de 1822 -, a facção moderada dos maçons conseguiu com êxito implantar a independência do país.

A idéia republicana, contudo, foi sendo acalentada, por um pequeno grupo de maçons, durante todo o Império e crescia com o tempo a cada crise vivida pelo regime monárquico.

A irrupção republicana veio à tona com o Manifesto Republicano em 1870, de nítida inspiração maçônica, pois foi liderado pelo maçom Joaquim Saldanha da Gama, que, na época, era Grão-Mestre de uma facção dissidente do Grande Oriente do Brasil, o combativo Grande Oriente do Vale dos Beneditinos.

Diversos maçons assinam o Manifesto Republicano de 3 de dezembro de 1870, tendo como seu redator o aguerrido maçom Quintino Bocaiúva que, mais tarde, em plena República, viria a ser Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.

Assim como na Revolução Francesa existiam maçons dos dois lados da contenda – monarquistas e republicanos – na época do Manifesto Republicano pode-se afirmar que também era um duelo entre maçons – também monarquistas e republicanos – pois enquanto o republicano Saldanha Marinho pontificava no grande Oriente do Vale dos Beneditinos, o Visconde do Rio Branco era o Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil e no ano seguinte seria nomeado para a Presidência do Conselho de Ministros do Império. Seu gabinete foi o de mais longa duração em toda a história do Império.

A Convenção de Itu precede as três crises que acabaram por abalar o Império: as questões religiosa e militar e a abolição da escravatura.

A Província de São Paulo congregava um número expressivo de maçons republicanos. Em 10 de novembro de 1871, 47 partidários da república federativa reuniram-se na cidade de Itu, da mesma província, sob a liderança do maçom João Tibiriçá Piratininga (nome indígena que as principais famílias patrícias usavam para expressar o espírito nativista), criando um clube republicano que servisse de núcleo com a finalidade de organizar o futuro Partido Republicano. Como corolário desse movimento, a 18 de abril de 1873, na residência de Carlos Vasconcelos de Almeida Prado realizou-se a primeira Convenção Republicana no Brasil, que viria a ser conhecida como Convenção de Itu. Participaram dessa Convenção com expressiva liderança os seguintes maçons que viriam a ser a elite da futura república: Américo Brasiliense de Almeida Melo, Francisco Rangel Pestana, Manoel Ferraz de Campos Sales (futuro Presidente da República), Américo de Campos, Bernardino de Campos, Ubaldino do Amaral Fontoura, Francisco Glicério, Manoel de Moraes Barros, Venâncio Aires, Prudente de Moraes Barros (também futuro presidente da República) etc. Ao todo a Convenção de Itu contou com 134 convencionais em sua grande maioria das cidades da Província de São Paulo. A cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, se fez representar também pela sua delegação.

O próximo fato histórico que antecedeu a República foi a Questão Religiosa, de cunho eminentemente maçônico, pois envolveu um conflito entre a Igreja Católica e Império, através de seu Conselho de Ministros, majoritariamente maçônico, e que se transformou num dos fatos basilares da historiografia profana brasileira. Como pano de fundo mais longínquo da Questão Religiosa tem-se a unificação italiana, obra da carbonária e da maçonaria italianas, lideradas pelos maçons Mazzini e Garibaldi, e a perda do poder temporal do papado. Como causa imediata, tem-se a saudação do padre Almeida Martins ao visconde do Rio Branco – chefe do Conselho de Ministros e Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil – durante a solenidade do dia 2 de março de 1872 durante a qual o padre, também maçom, teceu loas ao visconde pela lei do ventre-livre de 28 de setembro de 1871, a partir da qual todos os negros nascidos a partir de então seriam livres.

O conflito foi mais precisamente entre a elite intelectual da Igreja Católica e o Império, pois a grande maioria do clero – o padroado – era de funcionários públicos, dado que a Igreja Católica, na época, era ligada ao Estado. Os elementos de escol envolvidos na contenda foram D. Vital de Oliveira, bispo da cidade de Recife, capital da Província de Pernambuco, educado em Paris e Toulouse, tanto que recebeu o burel de capuchinho em Versailles e D. Antônio de Macedo, bispo da Província do Pará, antigo aluno de Saint Sulpice.

Após a suspensão do padre maçônico, D. Vital, bispo recém-nomeado do Recife, pois vinha da Europa, impregnado das idéias antimaçônicas de Pio IX, suspendeu todos os padres maçons do Recife e mandou que se expulsassem todos os pedreiros-livres das irmandades religiosas. Diante desse interdito, os maçons apelaram para a Coroa que, através do Conselho de Estado lhes deu razão. O governo então ordenou, em 12 de junho de 1873, que o bispo levantasse o interdito, pois este era funcionário público, para que os maçons permanecessem nas irmandades. O bispo se recusou a cumprir a ordem alegando uma incompatibilidade entre a Igreja e a Maçonaria. D. Antônio, bispo do Pará, também interditou os maçons na sua Província. Dada a insubordinação dos dois bispos, o governo mandou prendê-los em 1874 e condenou-os a quatro anos de trabalhos forçados. Pouco tempo depois comutou essa pena em prisão simples, seguida em 1875, pela anistia dos dois bispos, através do novo Gabinete, presidido pelo Duque de Caxias, também maçom.

O grande evento que afastou a classe dos proprietários de terras do Império foi a Abolição da Escravatura. O país, essencialmente agrário, tinha na mão-de-obra escrava um dos sustentáculos de sua economia. Tanto assim que foi um dos últimos países das Américas a abolir a escravidão.

A partir de meados do século XIX, a pressão externa, principalmente da Inglaterra e da França, e a crescente consciência antiabolicionista das classes médias urbanas, em grande parte dos casos lideradas pela maçonaria, forçaram o governo imperial a incrementar mudanças no status escravocrata.

Já na independência do país, o maçom José Bonifácio, cognominado o Patriarca da Independência, propunha a libertação dos escravos acoplada a uma ampla reforma agrária. Na própria Revolução Farroupilha, os maçons Bento Gonçalves e Davi Canabarro chegaram a exarar um decreto em 11 de maio de 1839 libertando os escravos.

A pressão externa contou com a aprovação de Lei Aberdeen em 1845, de clara inspiração liberal e maçônica, que determinava o apresamento de navios brasileiros que transportassem escravos. A pressão externa culminou com a Lei Eusébio de Queirós, também maçom e figura expressiva do R\E\A\A\, que extinguia o tráfico de escravos.

A pressão externa não se restringia ao Reino Unido. Em 1867, o Comitê Francês de Emancipação, entidade maçônica organizada pelo Grande Oriente de França, solicitou ao governo imperial, a libertação total dos escravos remanescentes.

A pressão interna da opinião pública das classes médias urbanas, representada por uma ala do governo central, do parlamento, dos quartéis, das letras e das ciências, encontrou eco nas lojas maçônicas, unindo o grito abolicionista com a campanha republicana. Como fatos maçônicos marcantes podem ser citados os seguintes: i) a Loja Perseverança III em 7 de setembro de 1869 cria a caixa de Emancipação para libertação de crianças do sexo feminino de 2 a 5 anos; e ii) projeto da Loja América da Província de São Paulo (SP) apresentado por Rui Barbosa (futuro Ministro das Finanças do governo republicano) em 4 abril de 1870 ao Grande Oriente do Brasil dos Beneditinos (dissidência do GOB) abrindo verba especial para alforriamento de crianças, e preceituando que só poderia ser iniciado na maçonaria o profano que declarasse livres todas as crianças do sexo feminino. Quanto aos já iniciados deveriam assinar termo compromentendo-se a libertar as crianças do sexo feminino, filhas de suas escravas.

Em 28 de setembro de 1871, foi aprovada pelo Parlamento, a já citada lei do ventre-livre do maçom Visconde do Rio Branco. Com essa lei foi dado o golpe mortal na escravidão, pois, já que fora cortado o tráfico de escravos, agora era a vez da reprodução. A abolição total era agora uma questão de tempo. A pressão maçônica, no Parlamento e no jornalismo, era cada vez mais crescente. Podem ser citados então os seguintes maçons, lideres nos seus respectivos campos de trabalho: Américo Brasiliense, Américo de Campos, Luis Gama, Francisco Glicério, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Quintino Bocaiúva, Silva Jardim, Ubaldino do Amaral, Rui Barbosa, Pimenta Bueno, Jerônimo Teixeira, José Leite Penteado e tantos outros.

Em 28 de setembro de 1875, aprovou-se a lei dos sexagenários, de lavra maçônica, libertando todos os escravos que estavam nesse faixa de idade ou acima.

Em 13 de maio de 1888, foi finalmente aprovada a Lei Áurea que libertava de vez todos os escravos no Brasil. A força dos escravagistas, contudo, era tão grande que essa lei precipitou o fim do Império e a implantação da República, pois a referida lei causou um grande descontentamento entre os proprietários de terras, um dos maiores sustentáculos do regime.

Como último antecedente imediato da implantação da República, apresenta-se a Questão Militar. Com a Guerra do Paraguai, vencida pela Tríplice Aliança – Brasil, Argentina e Uruguai – o Exército passou a ter um papel cada vez mais crescente nos destinos políticos da nação. Os dois partidos políticos dominantes no Império – o Liberal e o Conservador – diante de suas rivalidades políticas sempre procuraram respaldo nas Forças Armadas, principalmente no Exército. Tanto assim, que o Marechal Manoel Luiz de Osório, marquês do Herval, maçom iniciado na Província do Rio Grande do Sul, se tornou prócer do Partido Liberal e o Duque de Caxias – Luiz Alves de Lima e Silva, futuro Patrono do Exército e Grão-Mestre Honorário do Grande Oriente do Brasil – era líder político do Partido Conservador, chegando mesmo a ser Primeiro-Ministro por esse partido. Com a morte desses dois grandes chefes militares e políticos, os partidos dominantes trataram de substituí-los. O Partido Liberal marchou para o General Correia da Câmara, visconde de Pelotas e senador pela Província do Rio Grande do Sul. Os conservadores buscaram aliciar o general Deodoro da Fonseca, maçom que posteriormente ocupou o Grão-Mestrado do Grande Oriente do Brasil e Proclamador da República no Brasil.

A maçonaria ganhava terreno cada vez mais entre as classes médias e como a oficialidade do Exército era recrutada nessa classe, o mesmo se tornou um viveiro de maçons. Podem ser citados maçons militares que exerceram profundo papel no Império e na República: Duque de Caxias (Primeiro Ministro), Marechal Osório (senador, Ministro da Guerra e Patrono da Cavalaria), Deodoro (Presidente de República), Benjamin Costant (Ministro), Floriano Peixoto (Presidente da República), Lauro Sodré, Hermes da Fonseca (Presidente da República), Gomes Carneiro e tantos outros. Outro complicador que precisa ser levando em conta é que a corrente maçônica militar possuía uma inspiração baseada nas doutrinas e teorias de Auguste Comte, de base essencialmente positivista e que pregava uma ditadura sociocrática. Também existiam emanações civis desse positivismo, principalmente na Província do Rio Grande do Sul.

A questão militar vicejou entre 1883 e 1889 como um conflito entre os políticos civis e o meio militar. A inabilidade dos políticos que não tinham entendido o novo papel do Exército a partir da Guerra do Paraguai e a hipersensibilidade dos militares, principalmente a nova geração que estava sendo doutrina nas Academias Militares, principalmente pelo tenente-coronel Benjamin Constant, maçom positivista e republicano declarado, cognominado “o Pai da República”.

O estopim da crise foram as punições, em 1885, do tenente-coronel Cunha Matos e do major Sena Madureira, pelo ministro da Guerra, que era civil, por pronunciamentos contendo críticas ao mesmo. O referido Cunha Matos escreveu um artigo num jornal diário, respondendo a um deputado que o teria ofendido, colocando a culpa do imbróglio no próprio ministro da Guerra. A questão tomou conotação política quando o Visconde de Pelotas (o novo patrono dos liberais como vimos acima) apoiou no Parlamento a defesa de seu irmão de armas. O caso de Sena Madureira, também de insubordinação contra o ministro da Guerra, ainda foi mais grave, pois buscou apoio na tropa. O marechal Deodoro, na época num comando numa guarnição no Sul, também deu apoio a Sena Madureira. Assistia-se, de camarote, ao desencadear da crise: em 1886, Deodoro, com grande prestígio na tropa, apoiava seu agora secretário Sena Madureira e era secundado no Senado pelo Visconde de Pelotas. O governo civil procurou mostrar ao então general Deodoro as proporções que a crise estava assumindo. Como o general não mudou de posição, o governo teve que demiti-lo do seu comando no sul.

Com o crescimento do movimento, Deodoro assina, conjuntamente com Pelotas, um manifesto intitulado “Ao Parlamento e à Nação”, redigido por Rui Barbosa, onde era exposto a perspectiva dos militares. A comoção crescia e em julho de 1887 era criado o Clube Militar com Deodoro na presidência.

Se os altos chefes militares ainda mantinham um alto respeito pelo Imperador, o mesmo não acontecia com os “jovens turcos” das escolas militares formados e doutrinados por Benjamin Constant. O ponto de culminância da crise militar atingiu seu ápice quando os fazendeiros buscaram obter do governo o auxílio do Exército na caça aos escravos fugitivos. Através do Clube Militar, dirigido por Deodoro e Benjamin Constant, foi enviada uma carta à Princesa Izabel onde se solicitava à princesa regente que o Exército fosse dispensado de tal missão vergonhosa de capitão-do-mato. Esta atitude de coerência, pois tanto o Exército quanto a maçonaria estavam na vanguarda da luta abolicionista, representava um duro golpe de oposição ao regime imperial.

III – O Levante

O fatídico ano de 1887, ante véspera da Proclamação de República, apresentava um Imperador velho e adoentado, um tanto quanto alheio aos acontecimentos políticos e militares da época e com uma filha – futura imperatriz – casada com o conde D´Eu, um francês que sofria de dificuldades auditivas fato que o tornava um tanto quanto recluso e arredio ao contato com a corte e o governo, mergulhados nas intrigas palacianas. D. Izabel era acusada de servir aos interesses do clero e do marido europeu. Essa rede de intrigas aliados ao fato de que o Imperador já teria dito que a família imperial jamais lutaria para manter a coroa contra a vontade popular levaram a contra-elite republicana e maçônica a aproveitar o ano de 1889 para implantar a República no Brasil.


O levante que levou à implantação da República foi um movimento preparado pelas elites militares, republicanas e maçônicas e não teve o mínimo respaldo popular. Tanto que um historiador brasileiro chegou a afirmar que o “povo assistiu bestificado ao levante republicano”.

O levante foi preparado em segredo para eclodir no dia 20 de novembro. A vida corria tranqüila entre a população enquanto as elites fervilhavam e conspiravam abertamente. O movimento foi precipitado, pois nos dia 13 e 14 corria o boato de que o governo mandaria prender o general Deodoro. A movimentação das tropas começou então na madrugada do dia 15.

Em reunião secreta realizada na casa de Benjamin Constant, numa espécie de conclave maçônico, decidiu-se a queda do Império. O único obstáculo, por incrível que parece, era a afeição do velho general Deodoro ao Imperador. Tanto era verdade, que o general uma vez derrubado todo o ministério, disse ao visconde de Ouro Preto, presidente do Conselho de Ministros, que se deveria procurar o Imperador na vizinha cidade de veraneio – Petrópolis – para se preparar um novo ministério. A pressão afetiva e sentimental para demover Deodoro de suas lealdades ficou por conta de Benjamin Constant, o grande instigador do movimento. O argumento decisivo de Benjamin foi de que o Imperador desejava nomear como novo presidente do Conselho de Ministros o senador Silveira Martins, também maçom, desafeto e inimigo de Deodoro.

Proclamada a República em 15 de novembro de 1889 pelo Marechal Deodoro, o mesmo autonomeou-se Chefe do Governo Provisório com um ministério totalmente maçônico e filiado ao Grande Oriente do Brasil. Eduardo Campos Sales na Justiça, Wandenkolk na Marinha, Benjamin Costant na Guerra (Exército), Rui Barbosa na Fazenda (Finanças), Demétrio Ribeira na Agricultura, Quintino Bocaiúva nos Transporte e Aristides Lobo no Interior.

Um mês e pouco depois da proclamação no dia 19 de dezembro, Deodoro foi nomeado Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.

Já instalado o governo provisório já se podia divisar duas correntes republicanas: i) uma de inspiração liberal que acabou prevalecendo e ii) outra de inspiração comtiana que preconizava uma ditadura sociocrática.

Um ano após a proclamação, a 15 de novembro de 1890, instala-se a Assembléia Constituinte, que promulga a nova Constituição em 24 de fevereiro de 1891, implantando o presidencialismo e o federalismo.

Em 26 de fevereiro, Deodoro é eleito para a Presidência da República. Para Vice-Presidente, os jovens turcos positivistas conseguiram eleger o Marechal Floriano Peixoto, Ajudante General do Exército, uma espécie de Chefe do Estado-Maior, derrotando o Almirante Wandenkolk, indicado pela coalizão liberal.

As crises sucedem-se nesse período, extremamente conturbado, ainda mais que a Marinha se viu preterida por não eleger o vice-presidente na coalizão liberal majoritária. Antes de completar nove meses no governo, no dia 23 de novembro de 1891, o Marechal Deodoro é obrigado a renunciar ao cargo para não provocar uma guerra civil. O almirante Custódio de Melo, chefe da Armada, ameaçara se rebelar em relação ao golpe de Deodoro que dissolvera a Câmara e o Senado em 3 de novembro. Deodoro desgostoso, doente e alquebrado, também renunciou ao Grão-Mestrado do Grande Oriente do Brasil em 18 de dezembro.


O poder passa, pois, às mãos do vice-presidente Marechal Floriano Peixoto, também maçom, que passará à história como o Consolidador da República. Enfrentou, no seu governo, a revolta na Fortaleza de Santa Cruz, Manifesto dos 13 generais, a Revolução Federalista na Província do Rio Grande do Sul, a segunda Revolta da Armada. Floriano, no final do seu mandato, passará o poder para os presidentes civis, muitos deles maçons, que completarão o ciclo conhecido como a República Velha que durará até 1930, quando novo ciclo se abre na História do Brasil.


IV – Conclusão

Como lição histórica, a Constituição republicana de 1891 confirmou a primazia do paradigma liberal no tocante às instituições e ao direito, mas não forneceu os meios para que o país real pudesse vir a se reconhecer, ou a construir a sua identidade, no país legal.

A herança do patrimonialismo ibérico e colonial, originária de processos societais derivados do exclusivismo agrário, significava uma república de poucos – oligarquia que se tornava tão mais anacrônica quanto mais se modernizava e se complexificava a estrutura social do país. Esgotava-se, enfim, a matriz civilizatória das antigas elites socializadas no Império, e a ordem racional-legal se torna uma dimensão vazia de sentido, com o direito se aviltando em um maneirismo e formalismo dos bacharéis de direito.

Prisioneira da hipoteca ao patrimonialismo, a ordem racional-legal, ao conceber uma república sem democracia e sem incorporação social, cristalizou o liberalismo como ideologia de elites, sem desenvolver as suas potencialidades universalistas, em termos de direitos civis. E foi nessa recusa à inovação, mantendo-se indiferente às pressões dos novos setores emergentes, como empresários, militares, classes médias e operariado urbanos, que o ideário liberal, força subterrânea que presidiu o longo processo de transformações moleculares ao longo do período anterior, perdeu substância, frustrando as expectativas de uma plena passagem do país a uma ordem social competitiva.

Nesse contexto, a maçonaria exerceu um papel cada vez crescente no Brasil de 1800 até os anos 30. Atingiu o seu ápice em meados do Segundo Império e na Proclamação da República.

No período da Proclamação da República, ao lado da maçonaria como pano de fundo, deve-se levar em conta o positivismo como doutrina, os militares como estamento social, a classe rural como classe dominante e o liberalismo como ideologia que acabou prevalecendo. O conflito ideológico entre o positivismo (e os seus sucessores) e o liberalismo será uma constante nos diversos períodos republicano.

Outro ingrediente que se encontrava em todo ministério dessa República Velha ou República das Oligarquias era uma sociedade secreta proveniente dos cursos de direito da Província de S. Paulo: a Burschenschaft, ou a Bucha como popularmente era cognominada. Sociedade secreta universitária de influência alemã, maçônica, republicana e iluminista que exerceu seu poder durante todo o período dessa Primeira República brasileira (1889-1930).

A influência da maçonaria brasileira, pois, perpassa toda a história do país desde a colônia, passando pelo império e chegando até a república. Filha espiritual da maçonaria francesa encontra no liberalismo a sua mais potente coluna de sustentação. A vertente republicana cresce, através dos tempos, influenciada pelos exemplos da Revolução Francesa e da Revolução Norte-Americana.

A partir da implantação da República, as Forças Armadas, principalmente o Exército Brasileiro, passa a funcionar como uma espécie de Poder Moderador, antes exercido pelo Imperador, na complexa engrenagem institucional da República.

Assim, enquanto o Exército ganhou ascendência institucional, a maçonaria vai perdendo o seu papel de ator político, principalmente a partir da Revolução de 30, ganhando, em contrapartida uma ascendência moral sobre a agenda substantiva do país nas áreas cultural e social. Finalizada a consolidação do Estado brasileiro, a maçonaria deve agora ajudar a sociedade nacional a implementar as instituições indispensáveis ao pleno exercício da cidadania. A vertente cultural deverá ser, daqui por diante, um dos espaços da reflexão e da atuação maçônica no Brasil. A construção cultural e a luta contra as desigualdades gritantes tomarão conta do espírito maçônico nos próximos anos.

O desafio maçônico, agora, não é mais a construção da nacionalidade, mas o trabalho intelectual e de formação de nossos preciosos recursos humanos. Tarefas como, a imersão da ideologia e das propostas maçônicas no meio universitário que se tornou uma terra não-maçônica; o desenvolvimento de pesquisas historiográficas sobre o papel da maçonaria desde o Brasil independente até os dias atuais; o resgate, numa volta às fontes primitivas, dos nossos rituais, que pecam pelo sincretismo ritualístico; a melhoria no padrão de recrutamento dos novos maçons, buscando os elementos que sejam líderes nos seus diversos campos, são medidas que deverão ser prioritárias nestes próximos anos.

O desafio é grande, mas temos esperança que a maçonaria brasileira saberá adquirir a sua plenitude cultural neste terceiro milênio, ajudando o país e seu sofrido povo a fazer o desconto histórico tão almejado.

Devemos ajudar o Brasil a reencontrar as suas raízes judaico-cristãs e renascentistas, ajudando os nossos netos a adquirir a habilidade de recriar, nas suas mentes e nos seus corações, as grandes descobertas das gerações anteriores nas ciências e nas artes, evocando a chama divina que habita em cada um de nós. Uma criança que tenha acesso à música clássica, que possa estudar e apreciar os grandes pintores do mundo, saborear as verdades das grandes descobertas científicas, esta criança, nunca se tornará um drogado, pois estará exercitando a sua criatividade no mais alto grau que a espécie humana poderá lhe proporcionar.

O mundo que desejamos para os nossos pósteros não será um mundo dominado pelas epidemias, pelas máfias locais, pelos bandos armados, pela barbárie, pelo caos, pela anarquia. O lema maçônico da liberdade, da igualdade e da fraternidade, já teve pela ideologia de mercado, a hipertrofia da liberdade com as suas distorções do capitalismo espoliador; já teve também, pelas ideologias do comunismo, a hipertrofia da igualdade gerando despotismos execráveis. Falta testar o último pilar da tríade maçônica: a fraternidade. E neste momento a maçonaria terá muito a dizer.

O grande desafio do século XXI será o de incorporar a esse liberalismo um cunho social e democrático. A maçonaria não é mais a força social e ideológica dominante como foi no passado. Outros atores sociais e políticos adentraram à cena social.

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