O procurador-geral de Israel, Yehuda Weinstein, aconselhou a Alta Corte de Justiça a não colocar em prática a ordem de prisão de 22 judias ultra-ortodoxas acusadas de violar uma ordem judicial para integrar suas filhas ashkenazi com colegas de origem sefardita. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira pelo jornal israelense "Haaretz".

Os ashkenazi ---judeus do centro e leste da Europa --dizem não ser racistas, mas querem que as salas de aula da escola Beit Yaakov em Emanuel, na Cisjordânia ocupada, continuem segregadas --como é feito há anos-- argumentando que as meninas sefarditas, que são descendentes de judeus vindos do norte da África, não são "religiosas o suficiente".


Ammar Awad/Reuters
Policiais entram em confronto com manifestantes ultra-ortodoxos durante protesto em Jerusalém
Policiais entram em confronto com judeus ultra-ortodoxos durante protesto em Jerusalém

As mães ashkenazi apelaram à Alta Corte depois que a Suprema Corte de Justiça determinou que 43 pais desafiaram os esforços de integração ao manter suas filhas em casa após a decisão judicial, e que por isso seriam presos ontem e ficariam duas semanas na cadeia.

Segundo o "Haaretz", Weinstein respondeu ao apelo dizendo que as mulheres não deveriam ser detidas, e deveriam ter a possibilidade de permanecer em casa com suas filhas.

Os pais das meninas ashkenazi -- um total de 35 homens-- se apresentaram ontem na prisão Ma'asiyahu nesta quinta-feira para cumprir a sentença de duas semanas de detenção.

A Alta Corte agora deve decidir o destino das 22 mães e dois pais que não se apresentaram para cumprir a prisão. Uma audiência sobre o caso deve ocorrer no próximo domingo (20).

Ontem, dezenas de milhares de judeus ultra-ortodoxos participaram de uma manifestação nas ruas de Jerusalém em protesto contra a decisão da Suprema Corte.

Manifestantes lotaram ruas e praças da cidade, levando cartazes com críticas à decisão judicial e pedindo a supremacia da lei religiosa. Muitos usavam roupas pretas e barbas longas, em trajes típicos dos ultra-ortodoxos.

Segundo a polícia, cerca de 50 mil pessoas participaram do protesto em Jerusalém. Outras 20 mil se juntaram às manifestações na cidade de Bnei Brak.

A minoria ultra-ortodoxa possui cerca de 650 mil judeus --apenas 10% da população de Israel.

Fonte: Folha de SP