Wagner Rossi, da Agricultura, convocou coletiva para contestar as denúncias sobre o suposto conluio entre PTB e PMDB na Conab
Paulo de Tarso Lyra - Correio Braziliense
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A presidente Dilma Rousseff encerrou ontem, durante a tradicional reunião da coordenação política de governo às segundas-feiras, a era do “eu não sabia”, propagada durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Após mais um fim de semana de acusações e desmentidos públicos em seu ministério — o episódio mais recente foram as acusações do ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto, que apontou a existência de uma quadrilha na autarquia —, Dilma determinou que todas as ações tomadas por subordinados, incluindo pagamentos e celebração de convênios, deverão ser obrigatoriamente informadas para os titulares das respectivas pastas. E, nessa cadeia de comando, os ministros terão que prestar contas sobre quaisquer irregularidades praticadas.A presidente já havia ensaiado essa determinação no episódio envolvendo o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento. Mas não tinha sido tão incisiva. Ela obrigara o então titular da pasta a colocar-se à disposição do Congresso para prestar todos os esclarecimentos necessários — estratégia que havia sido rejeitada pelo próprio Planalto na crise anterior, que culminou com a saída de Antonio Palocci da Casa Civil.
Agora, os ministros não poderão se escorar na justificativa do desconhecimento para se esquivar de responsabilidade, como fez Carlos Lupi (Trabalho) na última sexta-feira, em entrevista ao Correio, instado a explicar por que seu ministério havia firmado convênios para repassar recursos a entidades fantasmas. “Você acha que eu acompanho tudo isso? Eu não tenho como acompanhar. Eu sou obrigado a conhecer todo mundo?”, questionou ele na ocasião.
Para Dilma, esse tipo de declaração não será mais tolerada. Há poucos dias, segundo uma fonte palaciana, ela convocou um ministro para sua sala, dizendo que havia um zum-zum-zum em sua pasta. “Vai lá, antecipe-se, apure o que está acontecendo porque, depois, não vou aceitar o ‘eu não sabia’”, disse a presidente.
Na reunião de ontem, no Palácio do Planalto, que contou com a presença dos líderes do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP); do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR); e do Congresso, Mendes Ribeiro (PMDB-RS), Dilma baixou a norma, citando especificamente o episódio envolvendo a demissão de Jucá Neto da Conab — ele é irmão do senador roraimense. Denúncias publicadas na imprensa mostram que ele autorizou o pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa de armazenagem chamada Renascença. Como não havia dinheiro em caixa, foram utilizados recursos de um fundo destinado à compra de alimentos e, por essa razão, a Justiça penhorou um terreno de estacionamento da autarquia.
Metralhadora
Quinteto da Esplanada na mira da oposição
De volta do recesso parlamentar, a oposição aproveita o clima de “faxina” instaurado na Esplanada para reunir as denúncias contra ministros e criar a CPI da Corrupção. Ontem, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), apresentou requerimentos de convocação de cinco ministros e três comandantes do segundo escalão para comparecerem à Casa e prestarem esclarecimentos sobre suspeitas que atingem suas respectivas pastas. Estão na mira os titulares de Transportes, Paulo Sérgio Passos; Agricultura, Wagner Rossi; Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence; Minas e Energia, Edison Lobão; e Cidades, Mário Negromonte; além do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa de Lacerda; do secretário nacional de Saneamento Ambiental, Leodegar
Tiscoski; e do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo
Lima. (Josie Jeronimo)
Para Dilma, esse tipo de declaração não será mais tolerada. Há poucos dias, segundo uma fonte palaciana, ela convocou um ministro para sua sala, dizendo que havia um zum-zum-zum em sua pasta. “Vai lá, antecipe-se, apure o que está acontecendo porque, depois, não vou aceitar o ‘eu não sabia’”, disse a presidente.
Na reunião de ontem, no Palácio do Planalto, que contou com a presença dos líderes do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP); do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR); e do Congresso, Mendes Ribeiro (PMDB-RS), Dilma baixou a norma, citando especificamente o episódio envolvendo a demissão de Jucá Neto da Conab — ele é irmão do senador roraimense. Denúncias publicadas na imprensa mostram que ele autorizou o pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa de armazenagem chamada Renascença. Como não havia dinheiro em caixa, foram utilizados recursos de um fundo destinado à compra de alimentos e, por essa razão, a Justiça penhorou um terreno de estacionamento da autarquia.
Metralhadora
Após a exoneração, Jucá Neto revelou, em entrevista, que existe um “conluio entre PTB e PMDB” na Conab e declarou que “lá só tem bandido”. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, convocou coletiva ontem para rebater as denúncias feitas pelo ex-subordinado. “Ele foi flagrado cometendo uma ilegalidade e quer criar uma crise em cima de um suposto fato político. Ele quer colocar todo mundo no mesmo saco, mas não conhece a Conab e não conhece o ministério”, alegou Rossi, completando que cumpriu sua parte ao demiti-lo.
De acordo com Rossi, Jucá Neto “entrou sozinho no sistema e pagou o recurso”, em uma operação que fugiu dos padrões, o que levantou a suspeita dos funcionários. Rossi assegurou que a situação não se repetirá. “Esse é um caso isolado. Estamos fazendo um pente-fino nas contas por meio da Controladoria-Geral da União, mas posso garantir que não serão encontrados outros problemas”, prometeu, colocando-se à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários no caso. “Não é a oposição que vai convocar o ministro Rossi, é o PMDB. O partido tem todas as respostas para dar”, corroborou o líder da legenda na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).
Rossi ainda elogiou a conduta do senador Romero Jucá, que, segundo ele, “foi muito correto em todo o processo e me disse para fazer o que precisasse ser feito”. Pela manhã, o parlamentar aproveitou a reunião de coordenação e se explicou à presidente Dilma. Ele aguardou o término do encontro para conversar a sós com a presidente. “Foi um absurdo o que ele (Jucá Neto, seu irmão) fez. Eu desaprovei a sua conduta”, disse Jucá no Senado, reproduzindo o que falara a Dilma.
O peemedebista declarou ainda não saber que o irmão daria a entrevista na qual fez as denúncias. “Ele saiu da Conab depois de se desentender com a diretoria. A oposição vai tentar fazer uma onda política, mas a presidente entendeu a minha posição e disse que o ministério está averiguando as acusações”, completou o senador.
De acordo com Rossi, Jucá Neto “entrou sozinho no sistema e pagou o recurso”, em uma operação que fugiu dos padrões, o que levantou a suspeita dos funcionários. Rossi assegurou que a situação não se repetirá. “Esse é um caso isolado. Estamos fazendo um pente-fino nas contas por meio da Controladoria-Geral da União, mas posso garantir que não serão encontrados outros problemas”, prometeu, colocando-se à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários no caso. “Não é a oposição que vai convocar o ministro Rossi, é o PMDB. O partido tem todas as respostas para dar”, corroborou o líder da legenda na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).
Rossi ainda elogiou a conduta do senador Romero Jucá, que, segundo ele, “foi muito correto em todo o processo e me disse para fazer o que precisasse ser feito”. Pela manhã, o parlamentar aproveitou a reunião de coordenação e se explicou à presidente Dilma. Ele aguardou o término do encontro para conversar a sós com a presidente. “Foi um absurdo o que ele (Jucá Neto, seu irmão) fez. Eu desaprovei a sua conduta”, disse Jucá no Senado, reproduzindo o que falara a Dilma.
O peemedebista declarou ainda não saber que o irmão daria a entrevista na qual fez as denúncias. “Ele saiu da Conab depois de se desentender com a diretoria. A oposição vai tentar fazer uma onda política, mas a presidente entendeu a minha posição e disse que o ministério está averiguando as acusações”, completou o senador.
Dilma teve uma conversa reservada com Romero Jucá: senador criticou o próprio irmão |
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De volta do recesso parlamentar, a oposição aproveita o clima de “faxina” instaurado na Esplanada para reunir as denúncias contra ministros e criar a CPI da Corrupção. Ontem, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), apresentou requerimentos de convocação de cinco ministros e três comandantes do segundo escalão para comparecerem à Casa e prestarem esclarecimentos sobre suspeitas que atingem suas respectivas pastas. Estão na mira os titulares de Transportes, Paulo Sérgio Passos; Agricultura, Wagner Rossi; Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence; Minas e Energia, Edison Lobão; e Cidades, Mário Negromonte; além do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa de Lacerda; do secretário nacional de Saneamento Ambiental, Leodegar
Tiscoski; e do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo
Lima. (Josie Jeronimo)
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE
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