Jornal acusa Papa de ter arquivado processo contra pedófilo mexicano
A investigação se referia ao fundador da congregação Legionários de Cristo, Marcial Maciel, que teria violentado "dezenas de seminaristas menores de idade"
ANSA
O jornal Stern afirmou que o papa Bento XVI arquivou um processo de investigação por denúncias de pedofilia contra o criador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel, quando ainda era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
De acordo com a publicação alemã, o religioso mexicano também foi "particularmente protegido pelo falecido papa Karol Wojtyla [João Paulo II]".
Criada em 1941 e reconhecida pelo Vaticano em 1983, a congregação dos Legionários de Cristo confirmou no ano passado as denúncias que apontavam que seu idealizador -- morto em 2008, aos 87 anos -- havia tido uma filha com uma amante.
Posteriormente, outros filhos de Maciel se identificaram, relatando terem sofrido abuso sexual do próprio pai. Segundo reportou o Stern, Maciel também "violentou dezenas de seminaristas menores de idade".
O jornal adiantou hoje que "em fins de abril" será divulgado um relatório sobre a investigação ordenada em 2009 por Bento XVI refrente às instituições ligadas aos Legionários de Cristo.
Além disso, a publicação fala das "contas nas Bahamas" de Maciel, e de uma suposta capacidade de bloquear "por anos todos os inquéritos" internos enquanto "era um dos mais eficientes coletores de doações à Igreja Católica".
Segundo reportou a imprensa, o processo contra o religioso mexicano sofreu atrasos durante o pontificado de João Paulo II (1978-2005) e foi acelerado depois de sua morte, com a eleição de Bento XVI.
Em 2006, ao final de uma investigação de quase dez anos sobre abusos sexuais contra seminaristas, foi decidida a suspensão de Maciel do ministério sacerdotal e episcopal e, devido a sua idade avançada e saúde debilitada, houve uma renúncia ao processo canônico.
Outros casos
Citando fontes da Santa Sé, a agência estatal Notimex reportou que nos últimos nove anos o Vaticano abriu cerca de 100 procedimentos canônicos contra sacerdotes mexicanos acusados de terem molestado crianças sexualmente.
O período ao qual se referem os dados vai de 2001 a 2010, a partir do momento nos quais os chamados "delitos graves", entre os quais a pedofilia, começaram a ser julgados a nível central, sob a competência direta da Congregação para a Doutrina da Fé.
O México é o segundo país com a maior quantidade de católicos no mundo -- perdendo somente para o Brasil --, um número que equivale a cerca de 86% da população.
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