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quinta-feira, 3 de junho de 2010

A INTERNET E OS JORNAIS

A nossa luta

por Serge Halimi


Desde há vinte anos, o Le Monde diplomatique tem vindo a anunciar a formação do ciclone económico que actualmente está a devastar as redacções dos jornais e a despovoar os quiosques. Como a análise das causas não premune contra os efeitos, o Le Monde diplomatique também está a sentir as consequências destas intempéries. Menos do que outros títulos e de forma diferente; não estão em causa a sua sobrevivência e independência, mas faltam-lhe meios para se desenvolver. Para elucidarmos o futuro, tomar parte por inteiro na batalha das ideias e transmitir a novos leitores a nossa maneira de ver e de decifrar o mundo, apelamos pois a quem nos lê.

Depois do sector têxtil, da siderurgia e do sector automóvel, o sector agora atingido é o da imprensa. Os operários dos países do Norte pagaram bem caro a deslocalização da produção para o Sul; é agora a vez de os jornalistas verem desaparecer os seus empregos com a migração dos leitores para a Internet. Poderíamos concluir que se trata da substituição de um modelo económico por outro, suspirar que a roda do mundo gira, que é a vida. Mas põe-se de imediato a questão da democracia. O automóvel, ao que nos dizem, longe de constituir um bem público insubstituível, não passa de uma mercadoria. Pode fabricar-se noutro lado, de outra forma, pode substituir-se-lhe um modo de transporte diferente. Nada de muito grave, no fundo. Ao passo que a imprensa…

Esta última dispõe de um trunfo de peso no debate público. Quando vê que a sua existência está ameaçada, toca a rebate mais facilmente do que o operário cuja fábrica vai fechar. E para juntar toda a gente sob a sua bandeira, basta-lhe pronunciar a fórmula ritual: «Quando um jornal desaparece, a democracia morre um pouco». Este enunciado, todavia, é absurdo, chegando mesmo a ser burlesco. Basta irmos a um quiosque para constatar que dezenas de títulos poderiam perfeitamente deixar de existir sem que a democracia sofresse com isso; nesse transe, as forças da ordem ideológica perderiam até algumas das suas esquadras. Tal facto não torna ilegítimas as inquietações dos respectivos jornalistas. Mas há milhões de pessoas neste mundo que para defenderem o seu emprego não precisam de inventar outra virtude além da de ele lhes facultar um salário.

Desde há alguns anos, a indústria da imprensa está em queda. Quanto ao jornalismo, este padece desde há muito mais tempo. Com efeito, acaso seriam extraordinários os conteúdos redactoriais há vinte anos, quando a maior parte dos periódicos eram sacos de publicidade e máquinas de facturar? E quando nos Estados Unidos os mastodontes The New York Times Co., The Washington Post Co., Gannett, Knight Rider, Dow Jones ou Times Mirror acumulavam lucros vinte vezes superiores aos da era do Watergate, apogeu do «contrapoder»? [1] Dotados de tais meios, encostados a margens anuais que chegavam aos 30 ou 35 por cento, teria nessa altura o jornalismo desses jornais audácia, criatividade, independência?

E em França, estaria a informação crítica em primeiro plano quando, com muitos milhões nas mãos, os grupos Lagardère e Bouygues disputaram entre si o controlo da TF1? Ou quando, rivalizando em vulgaridade, os canais televisivos privados se multiplicaram como os pães do Novo Testamento, pagando salários de marajás a um punhado de jornalistas cujo amestramento já demonstrara ser eficaz? Agora, muitos directores de imprensa fazem frente comum perante a tempestade e imploram o socorro financeiro da instância a que noutras circunstâncias chamam desdenhosamente «mama estatal». O Le Monde diplomatique, que lhes deseja boa sorte, não esquece a participação que eles tiveram no seu presente infortúnio. Mas para continuar a defender uma concepção do jornalismo diferente da deles, é em primeiro lugar aos seus leitores que este jornal apela.

Se uma ampla fracção da opinião pública se mostra indiferente aos tormentos dos media, é em parte por ter compreendido uma coisa: a alegação da «liberdade de expressão» serve com frequência de pretexto aos interesses dos proprietários dos meios de comunicação. «Há décadas», considera o co-fundador do sítio alternativo CounterPunch.com, Alexander Cockburn, «que os jornais dominantes tendem a obstruir ou sabotar os esforços destinados a melhorar a nossa condição social e política» [2]. As investigações e reportagens realizadas pela imprensa, cada vez mais raras, permitem sobretudo manter a ficção de um «jornalismo de investigação», ao mesmo tempo que noutras páginas proliferam os casos do dia, os retratos, as rubricas de consumo, de meteorologia, de desporto, ou os compadrios literários. Sem esquecer o mero copiar-colar das notícias de agências, executado por assalariados em vias de rápida desqualificação.

«Imaginem», propõe o universitário americano Robert McChesney, «que o governo pega num decreto e exige a redução brutal da importância atribuída às questões internacionais na imprensa, que impõe o encerramento dos escritórios de correspondentes locais ou uma drástica redução dos seus efectivos e dos seus orçamentos. Imaginem que o presidente ordena aos media que concentrem a atenção nas celebridades e em ninharias, em vez de investigarem os escândalos associados ao poder executivo. Numa tal hipótese, os professores de jornalismo desencadeariam greves de fome e universidades inteiras teriam de fechar por causa dos protestos. Mas quando são interesses privados em posição de quase monopólio que decidem mais ou menos a mesma coisa, não se registam reacções assinaláveis.» [3]

Robert McChesney prolonga o seu exercício de ecologia mental levantando a seguinte questão: visto falar-se constantemente de democracia, quando foi que nós decidimos colectivamente – em que ocasião? em que escrutínio importante? – que um punhado de enormes empresas, financiadas pela venda de publicidade e prioritariamente preocupadas com a obtenção do lucro máximo, seriam os principais agentes da nossa informação?

A Internet não dizimou o jornalismo, ele já estava agonizante

Em 1934, o dirigente radical francês Édouard Daladier fustigou as «duzentas famílias» que «colocam no poder os seus delegados» e que «intervêm na opinião pública, porque controlam a imprensa». Três quartos de século depois, exercem uma influência comparável menos de vinte dinastias, mas agora à escala do planeta. O poder destas novas feudalidades hereditárias – Murdoch, Bolloré, Bertelsmann, Lagardère, Slim, Bouygues, Berlusconi, Cisneros, Arnault [4]… – excede amiúde o dos governos. Se o Le Monde diplomatique dependesse de uma delas, teria posto em causa o controlo do mundo editorial pelo grupo Lagardère? O destino que o grupo Arnault inflige às suas operárias? As plantações de Bolloré em África?

Ao lembrar as condições em que saiu do Libération, diário por ele fundado, depois de Édouard de Rothschild ter entrado no capital deste jornal, Serge July explicita: «Édouard de Rothschild (…) aceitou comprometer-se financeiramente, contanto que eu me comprometesse a abandonar, não só as minhas funções, mas também o jornal. Não tinha outra opção, aceitei de imediato» [5]. É deveras sarcástico que o seu sucessor, imposto pelo accionista, pretenda agora fazer-se notado como tribuno da liberdade de imprensa…

Ouvimos dizer com frequência que todo o presente mal viria da pelada e sarnenta Internet. Não foi porém a Internet que dizimou o jornalismo, que já desde há muito vacilava sob o peso das reestruturações, do marketing redactorial, do desprezo pelas camadas populares, da influência dos multimilionários e dos publicitários. Não foi a Internet que serviu de caixa de ressonância aos boatos dos exércitos «aliados» durante a Guerra do Golfo (1991) ou aos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) durante o conflito do Kosovo (1999). É também impossível imputar à Internet a incapacidade dos grandes media para anunciar o desmoronamento das caixas de poupanças nos Estados Unidos (1989) e para imaginar, oito anos depois, a situação catastrófica dos países emergentes, ou para evitar a bolha imobiliária, cujo preço o mundo continua a pagar. Tão-pouco se devem à Internet as terríveis acusações de pedofilia no caso de Outreau ou de anti-semitismo no caso do RER D. Por isso, se de facto é preciso «salvar a imprensa», o dinheiro público deverá ser reservado a quem leve a cabo uma missão de informação fiável e independente, não aos transmissores de boatos. O serviço do accionista e o comércio de «cérebros disponíveis» encontrarão os seus recursos noutro lado [6].

Nas censuras feitas à «Internet» detecta-se amiúde algo que não é a inquietação legítima perante modos de aquisição do saber e de transmissão da informação, algo que é, isso sim, o pavor de estar a chegar ao fim o magistério de uns quantos barões do comentário. Dispondo de um privilégio feudal, estes tinham-se apoderado de domínios próprios e organizado sinecuras, podendo «fazer» ou «desfazer» ministérios e reputações. Um concerto de unânimes elogios acolhia com a mesma febre todas as suas atamancadas obras e os seus empolados artigos [7]. Aqui e ali, alguns jornais irreverenciosos expunham-se como cidadelas cercadas. Mas um dia irromperam revoltosos da plebe, com os seus próprios teclados…

Temos de reconhecer que o contexto geral da informação, transformada por uma recomposição brutal, também não nos poupou a nós. Depois de um incremento ininterrupto entre 1996 e 2003, a difusão do Le Monde diplomatique nos quiosques registou um recuo muito grande até ao ano passado; mas o número de assinantes continuou a aumentar. No respeitante aos exemplares vendidos, todavia, a redução é real e remete-nos para os nossos números de 1994, altura em que o jornal passou à situação de filial. Seguramente, a percepção geral melhora de forma palpável se juntarmos a este total as setenta e três edições internacionais do mensário (a primeira, em Itália, data de 1994), os cerca de dois milhões de exemplares que elas difundem e as centenas de milhares de leitores do nosso sítio Internet.

Mas audiência e rendimentos são coisas muito diferentes. As vendas e as assinaturas constituem, de longe, os nossos dois principais pilares financeiros [8]. Os internautas contribuem para a influência que o jornal exerce, mas não para a sua existência. Entre estes, os que nunca contribuem para as nossas receitas agem à maneira dos passageiros clandestinos, cuja deslocação é inteiramente paga pelos viajantes que compraram bilhete.

Para sobreviver, muitos jornais optaram por alinhar mais o seu conteúdo pelos supostos gostos dos seus leitores. O que disso resulta é sabido de antemão: «Eles preferem artigos curtos e as notícias que lhes dizem directamente respeito. Na Internet, procuram de preferência o que lhes facilite a vida. Os textos extensos relativos à política externa são pouco apreciados, tanto mais que os internautas se limitam a passar os olhos pelos títulos. No Zero Hora, diário brasileiro pertencente ao grupo RBS, o departamento de difusão inquire 120 leitores sobre o que pensaram do jornal do dia. O director, Marcelino Reich, recebe um relatório às 13 horas: “Em geral, reclamam mais suplementos sobre culinária e imobiliário, e menos artigos sobre o Hezbollah e os tremores de terra”» [9]. Temos de convir que o Le Monde diplomatique não é provavelmente o título que esses leitores procuram.

O desinteresse que atingiu o nosso jornal não é estranho ao desencorajamento das pessoas que observam que, por falta de eco suficiente e de intermediários políticos, a desmontagem dos principais dispositivos da ordem social e internacional teve poucos efeitos sobre a perenidade do sistema. A lassitude exposta na interrogação «Para que serve isto?» foi portanto substituindo aos poucos a antiga pergunta «Que propõem vocês?», que no nosso caso já não se justificava, de tal modo as pistas e propostas se foram sucedendo ao longo dos anos nestas páginas (abolição da dívida do Terceiro Mundo, reforma das instituições internacionais, taxa Tobin, nacionalização dos bancos, proteccionismo europeu, «guilhotina fiscal» aplicada a certos rendimentos do capital, desenvolvimento da economia solidária e da esfera não-mercantil, etc.).

Um mensário muito pouco recomendável…

É óbvio que o declínio do alterglobalismo nos atingiu mais duramente a nós do que a outros. A hegemonia intelectual do liberalismo foi posta em causa, mas a argila endureceu rapidamente. Porque se a crítica não basta, a proposta também não: a ordem social não é um texto que bastaria «desconstruirmos» para ele se recompor sozinho; muitas ideias causam fendas no mundo real sem que as paredes caiam. Espera-se por vezes de nós, no entanto, que os acontecimentos se adaptem às nossas esperanças comuns. E no caso inverso consideram-nos um pouco deprimentes…

Seja como for, no tocante ao futuro deste jornal baseamos o nosso optimismo numa certeza, a de poder contar com o contributo dos leitores. Não aumentaremos pois os nossos preços por enquanto e vamos mantê-los mais baixos nos países pobres. Continuaremos a acompanhar novas edições internacionais propondo-lhes que de início nos paguem direitos limitados. Continuaremos a estar devidamente actualizados nas tecnologias multimédia, nomeadamente para chegar às novas gerações e assegurar a transmissão dos valores intelectuais e políticos do nosso jornal. Continuaremos a encomendar, e até mais, grandes reportagens e pesquisas de jornalistas, de investigadores, e também de activistas, sobre os conflitos em curso, sobre as crises, as alternativas, as experimentações.

A continuação do nosso desenvolvimento depende em grande medida da mobilização financeira dos leitores que estão ao nosso lado. Comprando mais regularmente o jornal nos quiosques, assinando-o, oferecendo uma assinatura a potenciais leitores, aderindo à Associação dos Amigos do Le Monde diplomatique; os meios de intervenção dos leitores são numerosos. Recentemente, foi criado um novo dispositivo graças ao qual o leitor pode deduzir do montante dos seus impostos 66 por cento dos donativos feitos ao nosso jornal. Deste modo, depois de ter ajudado os bancos, o dinheiro público poderá finalmente servir para investigar as suas infâmias…

Comparadas com as de outros títulos, as nossas perdas podem parecer modestas (330 000 euros em 2007, 215 000 o ano passado). Mas nenhum banqueiro desocupado e ansioso por fazer de mecenas irá querer colmatá-las. Um jornal como o nosso, em que todo o pessoal é accionista, em que os leitores, que também detêm uma parte do capital, oferecem assinaturas de solidariedade a bibliotecas e prisões sem recursos (consultar o sítio, na ligação de hipertexto, em «Leitores solidários») e em que o director é eleito, seria sem dúvida para esse banqueiro muito pouco recomendável.

A questão que se nos põe colectivamente é simples: quem além de nós vai continuar a financiar um jornalismo de interesse geral aberto ao mundo, dedicar duas páginas aos mineiros da Zâmbia, à marinha chinesa, à sociedade letã? Este mensário não está isento de erros, mas estimula os autores que viajam, investigam, saem de casa, ouvem, observam. Os jornalistas que o concebem nunca são convidados para jantares de gala, não branqueiam os lóbis farmacêuticos ou a indústria da embalagem, não têm assento nos grandes media. Estes, de resto, que dão conhecimento de cada «nova fórmula» que surge noutros jornais e transformam as suas «revistas de imprensa» em albergue reservado a cinco ou seis títulos, sempre os mesmos, ocultam cuidadosamente o Le Monde diplomatique, apesar do seu impacto mundial sem equivalentes. No fundo, é o preço a pagar pela nossa singularidade.

Contamos porém com muitos cúmplices noutros lados: na Associação dos Amigos do Le Monde diplomatique, cuja existência fortalece a independência da redacção e que organiza todos os meses dezenas de debates em torno dos temas que desenvolvemos; os profissionais dos quiosques que velam por que o nosso jornal fique bem exposto e às vezes o recomendam; os professores que o dão a conhecer aos seus alunos; a imprensa alternativa que utiliza as nossas informações, alguns animadores da qual se exprimem nas nossas colunas; muitos curiosos, alguns jornalistas franco-atiradores, certos intratáveis… E todos vós, sem os quais nada é possível.

segunda-feira 12 de Outubro de 2009

Notas

[1] A revelação pelo The Washington Post, a partir de 1972, das condições em que foi efectuado o assalto ao edifício do Partido Democrata (o Watergate) na capital federal levou à demissão do presidente republicano Richard Nixon em Agosto de 1974. Entre 1975 e 1989, os lucros anuais da empresa The New York Times Co. passaram de 13 milhões de dólares para 266 milhões de dólares. Durante o mesmo período, a The Washington Post Co. passou de 12 milhões de dólares para 197 milhões de dólares. Cf. Howard Kurtz, «Stop the Presses», The Washington Post National Weekly Edition, 3 de Maio de 1993.

[2] Alexander Cockburn, The Nation, Nova Iorque, 1 de Junho de 2009.

[3] Citado pela Columbia Journalism Review, Nova Iorque, Janeiro-Fevereiro de 2008.

[4] Em Maio de 2008, Bernard Arnault, segunda fortuna de França, director-geral da LVMH e proprietário do diário económico Les Échos, nomeou o seu filho Antoine membro do «comité de independência editorial» do grupo Les Échos. Anteriormente, Antoine Arnault ocupara o lugar de director de comunicação da empresa Louis Vuitton…

[5] Serge July, Jean-François Kahn e Edwy Plenel, Faut-il croire les journalistes?, Mordicus, Paris, 2009, p. 67.

[6] Em Outubro de 1984, Claude Julien (director do Le Monde diplomatique entre 1973 e 1991) propôs que as ajudas do Estado à imprensa, que em França representam 10 por cento do volume de negócios do sector, fossem reservadas a sociedades sem fins lucrativos, que «não poderiam ter como objectivo ganhar dinheiro e distribuir dividendos». Os seus lucros seriam «entregues a uma obra de utilidade pública. Os jornais que optassem por esse estatuto não teriam, portanto, possibilidade nenhuma de excitar a cobiça dos homens de negócios sem escrúpulos».

[7] Ver o dossiê «L’imposture Bernard-Henri Lévy» em www.monde-diplomatique.fr/dossier/BHL.

[8] Em 2008, as edições internacionais pagaram 350 000 euros de direitos de autor ao Le Monde diplomatique, correspondentes a cerca de 3 por cento do seu volume de negócios.

[9] «More media, less news», The Economist, Londres, 26 de Agosto de 2006.


Fonte: LE MONDE DIPLOMATIQUE

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