quarta-feira, 23 de março de 2011
Por Altamiro Borges
A Justiça do Trabalho deveria dar a máxima atenção à grave denúncia do sítio Comunique-se. Segundo reportagem de Izabela Vasconcelos, “a Folha de S.Paulo registrou dois jornalistas como assessores administrativos. A informação foi confirmada pelo vice-presidente do Comitê de Imprensa do Senado, o jornalista Fábio Marçal, que também é membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal”.
O sitio teve acesso aos documentos que comprovam as irregularidades na contratação dos jornalistas. Diante do questionamento, “o jornal alegou que o registro como assessor administrativo é uma norma da empresa”. Para o sindicalista Fábio Marçal, esta prática é ilegal, criminosa. Serve para “fugir do sindicato ou pra burlar a legislação, é um absurdo”. Ele acredita que, além destes dois casos, que se tornaram público, existem outros profissionais na mesma situação irregular.
Diploma e precarização do trabalho
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, Lincoln Macário Maia, a fraude na contratação “é um absurdo. É uma demonstração de que veículos como a Folha são muito apressados em denunciar irregularidades, mas não prestam atenção no que acontece debaixo do seu nariz”. Segundo informou ao Comunique-se, outras empresas comentem a mesma irregularidade, como forma de rebaixar os salários e burlar os direitos trabalhistas.
O sítio também ouviu o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que pede a volta da exigência do diploma de jornalismo para atuar na profissão. Informado sobre a irregularidade na Folha, ele protestou. “Isto é uma sinalização clara de que o fim do diploma levará à precarização da profissão”. Procurada pela reportagem, a direção do Grupo Folha não se manifestou sobre o caso. Preferiu o silêncio, o pior tido de censura, que acoberta tantos outros crimes da mídia.
Abusos no jornal Agora SP
Em outra matéria recente no sítio, Izabela Vasconcelos já havia denunciado que “jornalistas que trabalham no Agora SP, veículo popular do Grupo Folha, estão passando por maus momentos. Segundo apuração do Comunique-se, os profissionais chegam a trabalhar de 12 a 15 horas por dia e não têm direito a banco de horas ou horas extras. Além disso, a empresa cortou todos os freelancers que cobriam férias de outros jornalistas”.
Com o enxugamento da equipe na redação, os repórteres chegam a cuidar de 8 a 15 pautas por dia. O sítio ouviu jornalistas que confirmaram os abusos. “Parece absurdo, mas até pra sair, e beber água, é difícil, porque temos várias pautas e depois ainda há as especiais”, denunciou um deles, que preferiu não se identificar para evitar retaliações. Outro lembrou o caso “de um repórter que teve que trabalhar com a perna engessada”.
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