A violência sexual sempre foi um instrumento de guerra. Cada vez mais mulheres sofrem em áreas de conflitos armados. O compromisso com tais mulheres deu à Monika Hauser o prêmio de Europeia do ano 2011.
Este ano, o prêmio Europeia do Ano, dado pela revista Reader's Digest, foi para uma ginecologista na Alemanha engajada na luta contra a violência sexual nas mulheres.
Os editores chefes das 21 edições europeias da revista Reader's Digest elegem desde 1996 personalidades que melhor representam as tradições e os valores europeus. Neste ano, o destaque foi para a médica de Colônia Monika Hauser. Ela ganhou o prêmio pela sua luta pelas mulheres vítimas de violência sexual em regiões de guerra em todo o mundo.
A médica suíça de 51 anos fundou, em 1993, o centro terapêutico "Medica Zenica", na Bósnia, e a associação Medica Mondiale, em Colônia, na Alemanha. Cerca de 100 mil mulheres vítimas da violência sexual em áreas de conflitos já foram ajudadas com serviços médicos e sociais, segundo dados da organização.
Nem tudo está perdido
"Hauser ajuda as mulheres a perceberem que, apesar de suas horríveis experiências, nem tudo está perdido", sublinhou, em seu discurso em Colônia, a representante especial da ONU para questões de violência sexual,
Wallström não só reconheceu o trabalho de Hauser em regiões de conflito como Afeganistão, Libéria e Congo, mas também ressaltou o eficiente trabalho da médica como coordenadora do tema em nível internacional. Hauser criou parcerias e não economizou esforços na luta contra a discriminação das mulheres e violação dos direitos humanos.
No discurso de agradecimento pelo prêmio, a ginecologista contou que seu trabalho foi movido pela raiva que sente a respeito das injustiças enfrentadas pelas mulheres na Bósnia e em outras partes do mundo.
“O estupro e outras formas de violência sexual não são, para as sobreviventes, um trauma momentâneo, mas sim um trauma com consequências maciças para toda uma vida e que afeta geralmente as gerações seguintes”, lembrou Hauser.
A médica complementou, afirmando que o envolvimento na luta pelos direitos destas mulheres não é apenas uma questão social, mas sobretudo uma responsabilidade política.
Solidariedade e responsabilidade política
A constante repetição destas formas de violência e suas consequências são injustificáveis, segundo a médica. "Da mesma forma como é inconcebível a posição da comunidade internacional quanto ao tema: esperar, superar e fazer a política de apaziguamento com os déspotas", disse.
A ativista sueca fez um apelo em defesa do fim das soluções armadas para conflitos políticos. "Ao invés disso, precisamos de solidariedade e um compromisso claro para com a defesa dos direitos humanos", argumentou.
Ainda no discurso de agradecimento, Hauser pediu uma maior participação de mulheres em negociações de paz. “Enquanto 75% dos ativistas pela paz no mundo são mulheres, nas negociações de paz elas são apenas quatro ou cinco por cento”.
A ginecologista foi uma das ganhadoras do Prêmio Nobel Alternativo de 2008.
Autora: Ulrike Mast-Kirschning / Bettina Riffen
Revisão: Márcio Damasceno
Revisão: Márcio Damasceno
Fonte: DEUTSCHE WELLE
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