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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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quarta-feira, 2 de março de 2011

Sobre a QUEIMADA


1 - Dois incêndios destroem mata nativa em SC

Mais de cem hectares de área de preservação ambiental foram queimados neste domingo num incêndio na localidade de Palmas, em Governador Celso Ramos, Grande Florianópolis. Cerca de 15 homens da Polícia Ambiental e do Corpo de Bombeiros ficaram mais de sete horas trabalhando para deter o fogo. Segundo o sargento da Polícia Ambiental, Adércio Manoel dos Santos, as causas do incêndio ainda são desconhecidas. Há suspeita de que alguém tenha resolvido limpar o terreno ateando fogo e, como o vento estava forte, ele se espalhou rapidamente. A área verde foi reduzida a cinzas. Outro incêndio foi registrado no bairro Ratones, em Florianópolis, por volta das 19h. Foi num morro próximo a igreja local. As causas também são desconhecidas. Nos dois incêndios não houve vítimas nem danos materiais, o maior prejudicado foi o meio-ambiente.

Fonte:  Diário Catarinense – 09/10/2000 -

2 - (...) já de listrões vermelhos/O céu se iluminou./Eis súbito da barra do ocidente,/Doudo, rubro, veloz, incandescente,/O incêndio que acordou!/A floresta rugindo as comas curva.../As asas foscas o gavião recurva,/Espantado a gritar. O estampido estupendo das queimadas/Se enrola de quebradas em quebradas,/Galopando no ar.  E a chama lavra qual jibóia informe,/Que, no espaço vibrando a cauda enorme,/Ferra os dentes no chão.../Nas rubras roscas estortega as matas.../Que espadanam o sangue das cascatas/Do roto coração. O incêndio – leão ruivo, ensangüentado,/A juba, a crina atira desgrenhado/Aos pampeiros dos céus!.../Travou-se o pugilato...e o cedro tomba.../Queimado..., retorcendo na hecatomba/Os braços para Deus. A queimada! A queimada é uma fornalha!/A irara – pula; o cascavel – chocalha.../Raiva, espuma o tapir!/...E às vezes sobre o cume de um rochedo/a corça e o tigre – náufragos do medo-/Vão trêmulos se unir! Então passa-se ali um drama augusto.../N’último  ramo do pau-d’arco adusto/O jaguar se abrigou.../Mas o rubro e o céu...Recresce o fogo em mares../E após...tombam as selvas seculares.../E tudo se acabou!...- ANTONIO DE CASTRO ALVES (1847-1871).

3 - MARCOS SÁ CORREA, escrevendo para a revista ÉPOCA, edição 06/09/99, uma crônica intitulada Como botar fora um país inteiro (p. 41), lembrando o pioneirismo de alguns brasileiros na formulação de alertas contra as queimadas, entre eles JOSÉ BONIFÁCIO, maçon, pregador da independência e protomártir do desenvolvimento sustentado.

3 - (...) ninguém cuida de calcular os prejuízos de toda sorte advindos de uma assombrosa queima destas. As velhas camadas de humo destruídas; os sais preciosos que, breve, as enxurradas deitarão fora, rio abaixo, via oceano; o rejuvenescimento florestal do solo paralisado e retrogradado; a destruição das aves silvestres e o possível advento de pragas insetiformes, a alteração para pior do clima com a agravação crescente das secas; os vedos e aramados perdidos; o gado morto ou depreciado pela falta de pastos; as cento e uma particularidades que dizem respeito a esta ou aquela "situação" agrícola. Isto, bem somado, daria algarismos de apavorar; infelizmente no Brasil subtrai-se, somar ninguém soma (...) - MONTEIRO LOBATO (1882-1948) - Praga Velha, em Urupês.

4 - Ver reportagem intitulada E o fogo levou, de ANGÉLICA WIEDERHECKER, na revista ISTO É, edição 08/09/99, p. 46.

5 - VIRGÍLIO VÁRZEA (Santa Catarina/A Ilha -  Edit. Lunardelli/Fpolis-SC/1984, pág. 183, reportou-se a  (...) queimadas crepitantes, ardendo, esmaiadas e em fumo, sob o ouro dos meio-dias, ou vermelhando rutilosamente com as suas línguas iluminantes de chamas nas noites negras ou límpidas; das coivaras cinzadas, onde os troncos dos vegetais seculares não foram de todo destruídos e se ostentam em espigões de cernes carbonizados onde dobram os passarinhos (...).

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