Mais de cem hectares de área de preservação ambiental
foram queimados neste domingo num incêndio na localidade de Palmas, em
Governador Celso Ramos, Grande Florianópolis. Cerca de 15 homens da Polícia
Ambiental e do Corpo de Bombeiros ficaram mais de sete horas trabalhando para
deter o fogo. Segundo o sargento da Polícia Ambiental, Adércio Manoel dos
Santos, as causas do incêndio ainda são desconhecidas. Há suspeita de que
alguém tenha resolvido limpar o terreno ateando fogo e, como o vento estava
forte, ele se espalhou rapidamente. A área verde foi reduzida a cinzas. Outro
incêndio foi registrado no bairro Ratones, em Florianópolis, por volta das 19h.
Foi num morro próximo a igreja local. As causas também são desconhecidas. Nos
dois incêndios não houve vítimas nem danos materiais, o maior prejudicado foi o
meio-ambiente.
Fonte: Diário Catarinense – 09/10/2000 -
2 - (...) já de listrões vermelhos/O céu se iluminou./Eis súbito
da barra do ocidente,/Doudo, rubro, veloz, incandescente,/O incêndio que
acordou!/A floresta rugindo as comas curva.../As asas foscas o gavião
recurva,/Espantado a gritar. O estampido estupendo das queimadas/Se enrola de
quebradas em quebradas,/Galopando no ar.
E a chama lavra qual jibóia informe,/Que, no espaço vibrando a cauda
enorme,/Ferra os dentes no chão.../Nas rubras roscas estortega as matas.../Que
espadanam o sangue das cascatas/Do roto coração. O incêndio – leão ruivo,
ensangüentado,/A juba, a crina atira desgrenhado/Aos pampeiros dos
céus!.../Travou-se o pugilato...e o cedro tomba.../Queimado..., retorcendo na
hecatomba/Os braços para Deus. A queimada! A queimada é uma fornalha!/A irara –
pula; o cascavel – chocalha.../Raiva, espuma o tapir!/...E às vezes sobre o
cume de um rochedo/a corça e o tigre – náufragos do medo-/Vão trêmulos se unir!
Então passa-se ali um drama augusto.../N’último
ramo do pau-d’arco adusto/O jaguar se abrigou.../Mas o rubro e o
céu...Recresce o fogo em mares../E após...tombam as selvas seculares.../E tudo
se acabou!...-
ANTONIO DE CASTRO ALVES (1847-1871).
3 - MARCOS SÁ CORREA, escrevendo para
a revista ÉPOCA, edição 06/09/99, uma crônica intitulada Como botar fora um país inteiro (p. 41), lembrando o pioneirismo de
alguns brasileiros na formulação de alertas contra as queimadas, entre eles
JOSÉ BONIFÁCIO, maçon, pregador da independência e protomártir do
desenvolvimento sustentado.
3 - (...) ninguém cuida de calcular os prejuízos de toda
sorte advindos de uma assombrosa queima destas. As velhas camadas de humo
destruídas; os sais preciosos que, breve, as enxurradas deitarão fora, rio
abaixo, via oceano; o rejuvenescimento florestal do solo paralisado e
retrogradado; a destruição das aves silvestres e o possível advento de pragas
insetiformes, a alteração para pior do clima com a agravação crescente das
secas; os vedos e aramados perdidos; o gado morto ou depreciado pela falta de
pastos; as cento e uma particularidades que dizem respeito a esta ou aquela
"situação" agrícola. Isto, bem somado, daria algarismos de apavorar;
infelizmente no Brasil subtrai-se, somar ninguém soma (...) - MONTEIRO LOBATO (1882-1948)
- Praga Velha, em Urupês.
4 - Ver reportagem intitulada E o fogo levou, de ANGÉLICA WIEDERHECKER, na revista ISTO É, edição
08/09/99, p. 46.
5 - VIRGÍLIO VÁRZEA (Santa Catarina/A Ilha -
Edit. Lunardelli/Fpolis-SC/1984, pág. 183, reportou-se a (...)
queimadas crepitantes, ardendo, esmaiadas e em fumo, sob o ouro dos meio-dias,
ou vermelhando rutilosamente com as suas línguas iluminantes de chamas nas
noites negras ou límpidas; das coivaras cinzadas, onde os troncos dos vegetais
seculares não foram de todo destruídos e se ostentam em espigões de cernes
carbonizados onde dobram os passarinhos (...).
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