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sexta-feira, 15 de abril de 2011

MP pede a prisão preventiva de policiais acusados de atirarem em juiz


POR ADRIANA CRUZ

Rio - O promotor Homero das Neves denunciou à Justiça, por tentativa de homicídio, os policias civis Bruno Souza da Cruz e Bruno Rocha Andrade. Eles atiraram no juiz Marcelo Alexandrino da Costa Santos, o seu filho Diego Lopes, 11 anos, e a enteada Natália Lucas Cukie, 8 anos, no dia 2 de outubro por volta das 19h, na Avenida Menezes Cortes, Freguesia, Zona Oeste do Rio.
O veículo do juiz bateu em um muro no dia 2 de outubro de 2010 | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

O juiz achando que se tratava de uma falsa blitz tentou fugir com seu carro dando ré. O promotor pediu, ainda, a prisão preventiva dos policiais. O juiz Marcelo Alexandrino também foi atingido na parte superior do tórax. Já a menina de 8 anos foi atingida por uma bala no tórax e teve hemorragia. O filho do juiz também foi baleado no tórax. A bala atingiu o pulmão, o diafragma e o fígado. 

Além de Marcelo e das crianças, a esposa dele Sanny Lucas, de 28 anos, e a mãe dela, Arlete Castro Aragão, de 53, que sofreu um corte na boca, também estavam no veículo.

Perícia confirma que balas partiram do fuzil do policial

A pericia feita pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) confirmou que as balas que atingiram o juiz e sua enteada de 8 anos partiram do fuzil que estava com o policial Bruno Rocha Andrade. O outro policial, Bruno de Souza da Cruz, também foi indiciado porque fez disparos e sustentou a versão de uma troca de tiros com os ocupantes de um Honda civic.

De acordo com os peritos, os cartuchos arrecadados no local eram dos fuzis que estavam com eles. O agente Bruno Andrade estava com um fuzil IMBEL calibre 5.56 e o outro policial estava com um fuzil Norinco do mesmo calibre. Os fragmentos e balas encontradas no corpo do juiz e o projétil encontrado no corpo da enteada dele partiram da arma que estava com Bruno Andrade.

Em carta, juiz critica ação de agentes

Em 2010, através de uma carta, o juiz agradeceu as vibrações positivas e fala sobre um "agente público, que de nós deveria cuidar, disparando arma de fogo, com a intenção de matar, contra um casal de bem e suas crianças inocentes apenas para satisfazer seu desejo de exibir um poder".

Leia a carta completa do juiz Marcelo Alexandrino da Costa Santos abaixo:

“Às milhões de pessoas que, no Brasil e no mundo, têm-nos enviado mensagens e pensamentos de preocupação, carinho e solidariedade:

Eu e toda a minha família, do fundo de nossos corações, agradecemo-lhes e pedimos que continuem orando e nos enviando vibrações positivas, pois, apesar da distância, a tremenda energia que acompanha seus pensamentos nos tem ajudado a seguir em frente, vencendo a cada dia uma nova batalha contra todo o sofrimento físico, emocional, mental e espiritual que temos atravessado.

Todos os dias e em todas as horas, o planeta assiste às mais variadas violações dos Direitos Humanos. Porém, nada há de mais aterrador do que a imagem de um agente público, que de nós deveria cuidar, disparando arma de fogo, com a intenção de matar, contra um casal de bem e suas crianças inocentes apenas para satisfazer seu desejo de exibir um poder que, fora dos limites legais, simplesmente não existe.

Já é passado o momento da mudança. Já não se deve mais aceitar o inaceitável. Já não se pode mais observar a violência e o mau exercício da autoridade pública como convidados bem-vindos a nossas vidas.

Portanto, que essa vibração positiva que nos tem sido enviada se estenda também a todos os seres humanos, a fim de que, da criação de espaços de resistência, onde impere a dignidade, possa nascer uma sociedade verdadeiramente livre, justa e igualitária.

Por fim, não podemos deixar de registrar nossa gratidão a todos os profissionais dos hospitais em que estamos internados. Sua dedicação é confortante e nos inspira a confiança em um amanhã sempre melhor.

Mais uma vez, muito obrigado. Marcelo Alexandrino da Costa Santos e família”

De acordo com a assessoria do hospital, o juiz ainda permanece internado num quarto particular, sem previsão de alta hospitalar. Ele está lúcido, respirando espontaneamente (sem aparelhos) e, além da equipe médica recebe acompanhamento fisioterápico e psicológico.

Fonte: O DIA

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