SÃO PAULO - O verdadeiro atleta das provas de hipismo é mesmo o cavalo. A amazona ou o cavaleiro que montam o animal passam a ser meros coadjuvantes quando o assunto é a preparação para provas olímpicas, mundiais ou até mesmo nacionais. Prova disso é o tratamento que tem o cavalo Samba, da amazona brasileira Luiza Almeida, a mais jovem atleta a participar de uma Olimpíada. Em Pequim 2008, ela competiu com apenas 16 anos de idade. Além disso, Luiza é também a primeira atleta sul-americana a disputar uma final de Copa do Mundo entre os 15 melhores do mundo.
"O interessante do hipismo é isso. O cavalo e a amazona tornam-se um coisa só, trabalham juntos e um depende do outro. Mas o atleta mesmo é o cavalo. Nós fazemos musculação e condicionamento físico, mas a preparação do cavalo é muito mais importante e muito mais detalhada. Eles até fazem exercício na esteira", afirmou Luiza Almeida, em entrevista ao Terra.
O fato é que os animais da Sociedade Hípica Paulista, no bairro do Brooklin, em São Paulo, passam o dia em uma verdadeira mordomia. O local em que vivem se torna um spa e os animais têm direito a massagem, bolsa de gelo após os exercícios, banho de sol, barbeiro, escovação, limpeza do casco e inúmeras outras regalias que nem mesmo os mais luxuosos apartamentos da zona sul de São Paulo têm.
"Ele tem trato diário, com direito a tudo. Tiramos o pó da serragem, fazemos a orelha, a barba, fazemos trança na crina, no rabo. É um verdadeiro spa, principalmente quando os cavalos são das provas de adestramento, já que a estética conta muito. Às vezes dão muito trabalho, porque tem muita coisa para fazer. Para eles é como se fosse um hotel, é como se uma pessoa estivesse no melhor hotel da cidade, mas isso é porque eles são considerados atletas", afirmou o tratador Genoílson Oliveira, conhecido como Baianinho, que cuida do cavalo Samba, e trabalha na Hípica Paulista.
O tratador é sempre uma pessoa de confiança do cavaleiro. Baianinho cuida tanto do cavalo Samba quanto de Pastor, adquirido por Luiza no fim do ano passado. Samba é um animal mais experiente e participa das principais provas com a brasileira. Já Pastor está sendo preparado para grandes competições e deve ser montado por Luiza nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011.
"Ela (Luiza) chega, monta, desce e vai embora. Ela confia muito na gente, porque sabe que cuidamos bem dos cavalos. Ela não fica conferindo nosso trabalho, porque sabe o que temos que fazer e fazemos bem. Cuidamos dos cavalos com muito carinho", afirmou o tratador.
Para manter um cavalo na Hípica Paulista, uma das mais caras e tradicionais do Brasil, é preciso desembolsar nada menos que R$ 1,3 mil, que inclui cocheira, tratador, ração e todas as já conhecidas regalias dos animais. Mas para tornar o hipismo - um dos mais caros esportes do País -, uma modalidade mais acessível, algumas escolas disponibilizam aulas de montaria a partir de R$ 150 mensais. Quanto mais "profissional" você se torna, mais caro ficam as aulas, como normalmente acontece com esportes de alto rendimento.
Para isso, as escolas da Hípica Paulista disponibilizam os cavalos para ingressar no esporte, mas obrigam os alunos a comprarem o material de segurança. Porém, se o aluno cumprir todas as etapas e ainda desejar evoluir é preciso sair da escola. Então é o momento de contratar um professor particular e comprar um cavalo, o que não é nada barato. Para se ter uma ideia, segundo Luiza Almeida, o cavalo Samba, experiente e olímpico, deve custar em torno de US$ 300 mil (cerca de R$ 480 mil). No entanto, a amazona lembra que no ano passado, um dos melhores animais do planeta foi vendido por nada menos que 14 milhões de euros (cerca de R$ 32 milhões).
Fonte: JORNAL DO BRASIL
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