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quarta-feira, 27 de julho de 2011
Brasil segue como um paraíso para o lucro dos grandes bancos
A despeito da crise mundial, os maiores bancos brasileiros registraram lucros consistentes nesta quarta-feira. Maiores margens nos empréstimos e nas receitas com taxas, em meio à ainda forte expansão do crédito, fizeram o Bradesco superar a rentabilidade prevista por analistas no segundo trimestre.
O segundo maior banco privado do país reportou na manhã desta quarta-feira que teve lucro líquido de R$ 2,785 bilhões no período, valor 15,8% maior ante igual etapa de 2010. O número veio praticamente em linha com a previsão média de nove analistas consultados pela agência inglesa de notícias Reuters, de R$ 2,802 bilhões.
O resultado refletiu a atividade ainda forte nas operações de crédito, que cresceram 23,1% na comparação anual, para R$ 319,8 bilhões, mesmo num cenário de aumento dos juros e medidas do governo para tentar conter o ritmo de expansão dos financiamentos.
A expansão segue acima da faixa de crescimento estimada pelo próprio banco para o acumulado de 2011, de 15% a 19%. O destaque foram os empréstimos para empresas, que saltaram 27,6%. Já as concessões para pessoas físicas, principal alvo governamental em meio à escalada da inflação, aumentaram 14,6%, na comparação anual.
O Bradesco ainda conseguiu turbinar os resultados ao obter um aumento das margens financeiras e de 15,3% das receitas com prestação de serviços. Em relatório, o banco atribuiu o faturamento maior com tarifas ao aumento de receitas com cartões de crédito, a ganhos maiores com operações no mercado de capitais e a maiores volumes de operações de crédito, além de mais receitas com cobrança.
Além disso, a instituição conseguiu controlar a inadimplência, que ficou em 3,7%, abaixo dos 4% no segundo quarto de 2010. Por isso, as despesas com provisões para perdas esperadas com calotes, de R$ 2,44 bilhões, evoluíram apenas 12,8% na comparação anual, em ritmo menor do que a expansão da carteira. Assim, a rentabilidade do Bradesco sobre o patrimônio, importante indicador de desempenho no setor bancário, ficou em 23,2%, subindo 0,4 ponto percentual, e acima dos 21,9% esperados por analistas.
No final de junho, os ativos totais do grupo somavam R$ 689,3 bilhões, avanço de 23,5% em 12 meses.
Calotes
O Santander Brasil superou as expectativas de lucro no segundo trimestre, mas o dado foi ofuscado pelo aumento dos calotes, que elevaram as despesas com provisões para perdas. A filial do banco espanhol no Brasil reportou nesta manhã que seu lucro líquido somou 2,08 bilhões de reais no período, montante 18% superior ao ganho em igual intervalo de 2010 e bem acima dos 1,79 bilhão de reais da média esperada por oito analistas consultados pela agência Reuters.
O relatório segue o padrão contábil internacional (IFRS), por isso vários indicadores não são comparáveis aos de outros competidores no Brasil. Segundo o documento, o Santander encerrou junho com uma carteira de crédito total de R$ 171,4 bilhões, avanço de 17% em 12 meses. Os destaques foram os financiamentos para pequenas e médias empresas, que cresceram 27,7% na comparação anual. O segmento de pessoa física teve avanço de 23,4%.
Mais cedo, a matriz espanhola anunciou queda de 21% no lucro do primeiro semestre, abaixo da expectativa de analistas. A unidade brasileira, responsável por 25% do resultado do grupo, amenizou os fracos resultados com as operações na Europa. Mas o lucro acima das projeções aqui foi ofuscado pela piora na qualidade dos ativos. O nível de inadimplência da carteira, medido pelo saldo de operações vencidas com prazo superior a 90 dias, foi de 6,7%, ante 6,1% no primeiro quarto do ano e 6,6% em igual intervalo do ano anterior.
As despesas do banco com provisões para perdas esperadas com calotes totalizaram R$ 2,3 bilhões, um aumento de 11,8% sobre o trimestre imediatamente anterior.
A rentabilidade sobre patrimônio líquido da instituição ficou em 11,2%, estável ante o primeiro quarto do ano. No final de junho, os ativos totais do grupo eram de R$ 406,87 bilhões, evoluindo 17,2% em 12 meses.
Lucro menor
Em nível mundial, o Santander anunciou nesta quarta-feira queda de 21% no lucro do primeiro semestre, abaixo da expectativa de analistas. O lucro de 3,501 bilhões de euros foi afetado por provisões extraordinárias de 620 milhões de euros no Reino Unido. A América Latina voltou a ser o principal motor do grupo, com aumento do lucro líquido de 15,8% na região no semestre, para 2,457 bilhões de euros, representando 44% do lucro total do grupo. O Santander Brasil teve alta de 7,6% do lucro no primeiro semestre, para 1,381 bilhão de euros (25% do resultado do grupo). A subsidiária brasileira ainda reportará à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) seu balanço detalhado, em reais.
O grupo Santander reiterou que espera fechar 2011 com lucro recorrente próximo ao do ano passado, mantendo o dividendo em 0,6 euro por ação. O lucro recorrente do maior banco da zona do euro ficou em 4,121 bilhões de euros no primeiro semestre, resultado 7,3% menor que em igual etapa de 2010. A previsão média de analistas para o lucro líquido do banco espanhol era de 4,149 bilhões de euros.
Reino Unido
As provisões no Reino Unido serão para cobrir eventuais reclamações por seguros vendidos, informou o banco, que segue medidas similares a tomadas por instituições financeiras britânicas como Barclays, Llodys e RBS no primeiro trimestre.
– Se vão seguir adiante com o plano de abrir o capital da filial britânica, é claro que querem sanar o balanço, mas isso não responde a pergunta de por que não fizeram isso junto com os outros bancos – disse o analista Neil Smith, do West LB.
Fonte: JORNAL CORREIO DO BRASIL
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