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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Nova extrema-direita: o miúdo da porta ao lado

26 julho 2011 Gazeta Wyborcza Varsóvia
 
Na esteira do ataque a bomba em Oslo e do massacre de Utøya, a atenção está agora focada em grupos de extrema-direita extremista que proliferam na web.
Mas os seus membros têm pouco em comum com os tradicionais neo-nazis e os movimentos extremistas conservadores.


O Nordisk, um fórum online para extremistas nórdicos, a que Anders Breivik chegou a pertencer, registava, recentemente, 22 mil membros de todos os países nórdicos. Apesar de, no cômputo dos extremistas escandinavos, os noruegueses serem os menos numerosos (até mesmo na internet), a polícia norueguesa alertou, num relatório de fevereiro, para as suas ligações, cada vez mais intensas, com os homólogos suecos e com movimentos da extrema direita na Rússia (sobretudo, neonazis de São Petersburgo). 

Os extremistas nórdicos não têm uma estrutura comum mas, de acordo com a Europol, os contactos internacionais entre grupos extremistas são cada vez mais próximos, com ligações iniciadas na internet, desenvolvidas depois em concertos de bandas ‘white power’ que propagam a filosofia de uma supremacia da raça branca.

“Assistimos a um fundamentalismo do século XXI, uma rebelião contra a odiosa modernidade, a defesa de uma identidade baseada na cruz cristã, ligações de sangue alemãs, o culto de Odin, deus da guerra escandinavo, e as sagas do Nibelungo”, diz Ugo Maria Tassinari, perito italiano em extremismo de extrema direita.

Extrema-direita não são só rapazes musculados com tatuagens e cabelo rapado

Na Europa, a combinação de xenofobia racista e questões religiosas é uma especialidade escandinava, que já conseguiu ser exportada para Itália, por exemplo, onde o movimento nórdico inspirou o movimento extremista, Militia Christi.

De acordo com dados recentes, havia apenas 2 mil extremistas de extrema direita na Noruega. Nos tempos da pré-internet, teriam provavelmente ficado dispersos pelo país, sem grande facilidade em se encontrarem e potenciarem o seu fanatismo em ralis difíceis de organizar. Hoje em dia, a Web permite que até um “rapaz de uma família perfeitamente normal” tenha uma vida aparentemente normal e, ao mesmo tempo, participe nos trabalhos de uma ‘internacional extremista’, ali mesmo ao alcance de um clique. E converse, partilhe leituras, troque informação sobre inimigos da nação e arranje mais apoiantes.

Também na Alemanha, a extrema direita dos tempos modernos tem cada vez menos a face de um corpulento cabeça rapada tatuado e cada vez mais um tipo bem vestido, do prédio ao lado, que só mostra o seu verdadeiro eu quando entra na internet. É o mesmo fenómeno que aconteceu na última década com a Al-Qaeda e seus apoiantes.

"Outros" que estragam o espírito saudável das nações

Mas, hoje, o extremismo norueguês não começou com os portais comunitários. Já em meados da década de 1990, um Alfred Olsen, uma pessoa com um equilíbrio mental questionável, organizou “conferências antissionistas” e queria organizar o Movimento da Resistência do Povo – Alternativa Cristã para combater o “capitalismo marxista”, “o marxismo liberal” e os “agentes estrangeiros” no Governo norueguês. Varg Vikernes, cantor de ‘black-metal’, propagou o ódio pelo mundo exterior numa linguagem neopagã e até mesmo satânica – e atraiu um grupo de apoiantes.

Vikernes acabou por ser preso por incendiar igrejas e pelo homicídio de um colega cantor e, na prisão, escreveu o manifesto Vargsmål, ou “A história do lobo”, um louvor à lealdade, coragem, sabedoria, disciplina, saúde e poder dos nórdicos. O texto ainda hoje circula em foruns extremistas na internet e tem contribuído para uma peculiar salgalhada simbólica: hoje, a cruz, a suástica e Odin são todos abraçados pelos apoiantes de mesma ideologia de extrema direita.
Os inimigos incluem os “outros” raciais, nacionais, ou religiosos (muçulmanos, judeus) e também os “outros” que conspurcam o espírito saudável das nações: banqueiros, executivos de empresas internacionais, mundialistas e governos que não compreendem o perigo ali mesmo, ou então apoiam os “outros”. O que os extremistas querem é uma cruzada e uma revolução antimundialista.

Fonte: PRESSEUROP

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