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terça-feira, 5 de julho de 2011

Crime organizado matou 200 rinocerontes em seis meses na África do Sul


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Foto: Foto: Tobias Schwarz/Reuters/arquivo
A África do Sul alberga 70 por cento da população mundial de rinocerontes



AFP, Helena Geraldes

Nos primeiros seis meses do ano o crime organizado e os caçadores ilegais mataram 200 rinocerontes na África do Sul, a maioria no Parque Nacional Kruger, denuncia hoje a organização WWF.
Se nada for feito para travar o abate ilegal, poderão morrer mais rinocerontes este ano do que em 2010, quando se atingiu um recorde de 333 animais mortos naquele país, alerta a WWF (Fundo Mundial da Natureza).

Desde o início de 2011, a organização registou 193 rinocerontes abatidos, 126 no Kruger. “Os actos de abate ilegal são cometidos, quase sem excepção, por criminosos sofisticados que, por vezes, caçam a partir de helicópteros e utilizam armas automáticas”, disse Joseph Okori, coordenador do programa Rinocerontes na WWF.

“A África do Sul está em guerra contra um crime organizado que se arrisca a deitar por terra os progressos excepcionais que foram conseguidos até agora”, acrescentou.

Desde 2006 que o país regista um aumento da caça ilegal aos rinocerontes, cujos cornos são muito procurados na Ásia, pelas suas pretensas virtudes medicinais ou para servir de decoração. O fenómeno acelerou em 2010, com um recorde histórico de 333 animais abatidos, contra os 122 de 2009 e 13 em 2007. A imensa reserva do Kruger foi a mais afectada com 146 rinocerontes mortos só no ano passado.

Por isso, a África do Sul – que alberga 70 por cento da população mundial destes grandes mamíferos – intensificou os seus programas de luta e não hesita em responder à violência dos caçadores ilegais. Desde Janeiro, as Forças Armadas patrulham o Parque Kruger.

Este ano, as autoridades detiveram 123 pessoas suspeitas de ter cometido actos de caça ilegal; seis deles foram condenados. “Aplicar sanções severas pelos crimes cometidos demonstram o compromisso do Governo sul-africano”, comentou Morne du Plessis, director da WWF naquele país.

Em Dezembro de 2010, Joseph Okori já tinha constatado que esse ano “foi desastroso para a protecção dos rinocerontes”. “As organizações criminosas na África do Sul operam com uma tecnologia muito avançada. Estão muito bem coordenadas. Isto não é a caça furtiva habitual.”

A África do Sul não é o único país com este problema. Em Junho, a Suazilândia registou o seu primeiro rinoceronte morto ilegalmente no espaço de 20 anos.

Apenas restam no planeta 25 mil rinocerontes, distribuídos por três espécies na Ásia e duas em África, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Quatro estão ameaçadas de extinção. A caça e a desflorestação causaram danos na Ásia. Os rinocerontes de Java e de Sumatra estão classificados como espécies em perigo crítico de extinção e o rinoceronte da Índia está dado como vulnerável.

Em África, estes grandes mamíferos foram dizimados pela caça nos séculos XIX e XX. Mas graças à criação de parques nacionais e à luta contra o abate ilegal, a população de rinocerontes brancos é hoje de 17.500 animais e a de rinocerontes negros 4.200, precisa a UICN.

Ainda assim, estes esforços poderão ser anulados pela Ásia, onde um corno de rinoceronte pode ser vendido a 70 mil dólares, ou mesmo mais, no mercado negro, apesar da proibição da CITES (Convenção sobre o comércio internacional das espécies de fauna e flora selvagens ameaçadas de extinção).

Fonte: PUBLICO (Portugal)




















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