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quarta-feira, 6 de julho de 2011

EUROCÉTICOS? - Críticos da moeda comum questionam na Justiça ajuda alemã ao euro

Tribunal avalia constitucionalidade da ajuda alemã ao pacote de resgate do euro
 Tribunal avalia constitucionalidade da ajuda alemã ao pacote de resgate do euro

Processo inédito avalia se ajuda alemã a pacotes de resgate à Grécia, Irlanda e Portugal lesou a Lei Fundamental da Alemanha. Grupo de "eurocéticos" levou o caso ao Tribunal Constitucional Federal.


Aconteceu nesta terça-feira (05/07) no Tribunal Constitucional Federal em Karlsruhe a primeira audiência na inédita ação iniciada no ano passado por um grupo de catedráticos alemães e o deputado democrata-cristão Peter Gauweiler, contra duas leis alemãs que regulam a ajuda do país ao pacote de resgate do euro.
Segundo a argumentação do grupo, já a criação de fundos de resgate econômico viola o artigo 125 do Acordo da União Europeia (UE), segundo o qual "as dívidas de um país-membro não podem ser saldadas por instituições europeias ou por outros países-membros". Além disso, eles reclamam que as decisões teriam sido tomadas em um processo acelerado no Parlamento, o que não as tornaria democráticas.
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, havia argumentado tratar-se de uma ajuda voluntária, e que por isso seria legal. Joachim Starbatty, um dos que move a queixa, diz: "Isso pode ser verdade, contanto que ele use seu próprio dinheiro. Mas ele está usando o dinheiro dos contribuintes, então ele tem que perguntar aos contribuintes se pode ser tão generoso com o dinheiro deles. Isso é algo que o senhor Schäuble deveria considerar, afinal, em primeiro lugar e acima de tudo, as obrigações dele são com os contribuintes alemães".
Medo da decadência do euro
Especialistas como Jörg Krämer, economista-chefe do Commerzbank, esperam que o tribunal estabeleça condições claras para qualquer outro novo pacote. "Muitos economistas concordam que os pacotes de ajuda para países periféricos, para a Grécia, contradizem o espírito do Tratado de Maastricht", aponta Krämer.
"No entanto, depois de se ler o tratado da UE cuidadosamente, não se pode dizer que é explicitamente proibido dar apoio a países periféricos", complementa o economista. Na visão de Krämer, a corte alemã não deve tomar uma decisão contrária aos pacotes de ajuda. "Não será decidido nada que pare o mecanismo de resgate, porque a Justiça não irá arriscar trazer instabilidade à união monetária europeia", prevê.
No entanto, o tribunal poderá estabelecer condições para futuros planos de ajuda, opina Krämer. O "eurocético" Starbatty, também economista, reconhece que o tribunal de Karlsruhe não deve determinar que o governo alemão desfaça seus compromissos financeiros já assumidos com o fundo atual. No entanto, Starbatty espera que os juízes critiquem o que o grupo considera violações à lei orçamentária do Parlamento alemão.
"Se a corte disser que tudo está sendo feito agora é inconstitucional, a Grécia teria que deixar a união monetária e haveria uma reprogramação da dívida", comenta Starbatty. "Não tem como escapar. O que estamos fazendo agora não está resolvendo qualquer problema. Continuar dando dinheiro à Grécia para que o país pague seus credores significa empurrar o país ainda mais fundo na armadilha da dívida. É um pacote de resgate para os bancos, mas que não salva o sistema monetário europeu", adiciona.
O veredicto dos juízes do Tribunal Constitucional Federal deve sair até setembro.

Autora: Daphne Grathwohl (np)
Revisão: Roselaine Wandscheer


Fonte: DEUTSCHE WELLE

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