Jovens egípcios acamparam nesta quinta-feira na Praça Tahrir, no Cairo, e prometeram ali ficar até que o Exército entregue o poder em mãos civis, um dia após uma manifestação em massa marcar um ano desde o levante que derrubou Hosni Mubarak. Dezenas de milhares de egípcios acorreram à praça e às ruas de outras cidades para o aniversário de 25 de janeiro, dia do início da revolta em 2011. Embora bem-humorada, a manifestação expôs rixas na mais populosa nação do mundo árabe.
As multidões de Tahrir estavam grandemente divididas entre jovens exigindo que o Exército ceda o controle aos civis imediatamente e islamistas comemorando uma transformação política que lhes rendeu enormes conquistas no Parlamento após décadas de repressão. Outras vigílias realizadas antes desencadearam violência, já que a polícia e o Exército buscaram dispersar os manifestantes, mas nesta quinta-feira o cenário era pacífico.
Dezenas de jovens ocupavam a praça em meio a dezenas de barracas. Ambulantes vendiam bebidas quentes e alguns ativistas se espremiam ao redor de fogueiras para se manter aquecidos no inverno egípcio.
– O conselho militar comete os mesmos abusos que Mubarak cometia. Não sinto nenhuma mudança. O conselho militar está liderando uma contrarrevolução. Vamos protestar até o conselho militar se retirar – disse o estudante Samer Qabil, de 23 anos.
O conselho do Exército assumiu quando Mubarak foi deposto e é liderado por seu ministro da Defesa dhavia duas décadas, o marechal de campo Mohamed Hussein Tantawi, que insiste que entregará o poder aos civis após a eleição presidencial de junho. Mas muitos ativistas dizerm temer que o organismo queira se ater ao poder nos bastidores. Embora as tropas tenham sido saudadas quando receberam ordens de ocupar as ruas durante o levante, passaram depois a atrair a revolta de muitos por sua tática truculenta contra manifestações que exigiam que voltassem aos quartéis.
– Haverá uma vigília até que se retirem – disse Alaa Abdel Fattah, um blogueiro e ativista que havia sido detido pelo Exército depois de confrontos que mataram 25 manifestantes em outubro.
Em Alexandria, porto mediterrâneo que é a segunda maior cidade do Egito, cerca de cem manifestantes também ergueram barracas no final da quarta-feira perto do quartel-general da polícia, exigindo que o Exército entregue o poder imediatamente. Mubarak, de 83 anos, está sendo julgado e pode pegar até a pena de morte. Um novo Parlamento, dominado por seus adversárioas islâmicos, foi instaurado nesta semana. Mas muitos ativistas jovens que deram início à revolta do ano passado estão cansados do governo militar e preocupados que os grupos islamistas possam sufocar suas esperanças de um grande expurgo da velha ordem.
Eles temem que os grupos islamistas façam concessões políticas ao Exército para preservar seus ganhos políticos. A Irmandade Muçulmana, que agora tem o maior bloco no Parlamento após a primeira eleição livre em décadas, e outros islamistas negam que estejam mantendo negociações com os militares.
Fonte: http://correiodobrasil.com.br
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