Ontem, ao chegar num pequeno armazém do bairro onde moro, fui abordado por uma vizinha, portadora de câncer nos seios, que desejava saber como eu e minha mulher estávamos, após ter notícias do acidente de circulação em que nos envolveu um (uma?) irresponsável, no dia 22 de dezembro do ano transato.
Após fazer um breve relato para ela e proclamar nosso "contentamento" por havermos saído vivos do evento, ouvi o que já esperava: "Graças a Deus" não vinha ninguém depois do(a) abalroante para passar por cima de nós, segundo Terezinha.
Com a franqueza que costumo ter, disse a ela que não creditava a circunstância de continuarmos vivos a "Deus" porque não acredito na existência dele e ouvi as costumeiras exclamações de horror, típicas de um crente descerebrado: "Mesmo que você não acredite, foi Deus quem salvou vocês".
Então eu indaguei: "Se ele se preocupou conosco depois, porque não o fez antes que nos abalroassem"?
Claro que a a mulher se embaraçou totalmente e não atinou com uma resposta razoável, limitando-se a dizer que iria rezar pela nossa conversão, o que eu disse que dispensava.
Aquela criatura, cancerosa e com poucas perspectivas de se curar, não consegue pensar que foi "brindada" com um cancro pelo "Criador", se é ele quem decide o rumo das coisas e por que a teria "contemplado"?
Curiosa a concepção de que o que acontece de bom deve ser creditado ao "Todo Poderoso", mas as situações desastrosas não. Seria ele "Todo Poderoso" apenas para salvar e não para evitar que o mal aconteça?
Sinceramente, não consigo aceitar essa linha de raciocínio, pelo simples fato de que não acredito na existência de nenhuma divindade, como já proclamei incontáveis vezes.
Perfil
- I.A.S.
- Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR
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