Guila Flint - De Tel Aviv para a BBC Brasil, via http://www.ruajudaica.com/
Em decisão polêmica, o
Parlamento de Israel aprovou uma lei segundo a qual imigrantes que
entrarem ilegalmente no país serão presos por três anos, sem fazer
distinção entre imigrantes ilegais e refugiados de áreas de risco que,
de acordo com as leis internacionais, têm direito a asilo.
Aprovada na
segunda-feira passada, a chamada "Lei contra a Infiltração" foca
especificamente os imigrantes "infiltrados", ou seja, que entram no país
por terra, a pé, em geral vindos de países africanos através da
fronteira Israel-Egito.

A medida é mais uma
entre as tomadas por autoridades israelenses com o objetivo de diminuir o
número crescente de civis africanos que atravessam a fronteira sul do
país, vindos principalmente dos empobrecidos Sudão e Eritreia, depois de
cruzarem o deserto do Sinai, que é território egípcio. Para o
presidente do Parlamento, Reuven Rivlin, do partido governista Likud, a
lei é um "mal necessário", diante dos 54 mil africanos ilegais que
entraram em Israel desde 2006.
"Sei que a lei é dura, mas a entrada em massa de infiltrados pode levar à destruição do país", disse Rivlin à rádio estatal Kol Israel. No entanto, o próprio assessor jurídico do Parlamento, Eyal Ynon, criticou a mudança legal. "No Estado de Israel não existe possibilidade jurídica de prender uma pessoa durante anos sem que ela seja julgada e condenada", afirmou.
"Sei que a lei é dura, mas a entrada em massa de infiltrados pode levar à destruição do país", disse Rivlin à rádio estatal Kol Israel. No entanto, o próprio assessor jurídico do Parlamento, Eyal Ynon, criticou a mudança legal. "No Estado de Israel não existe possibilidade jurídica de prender uma pessoa durante anos sem que ela seja julgada e condenada", afirmou.

Para conter a imigração
ilegal da África, as autoridades israelenses começaram a construir uma
cerca ao longo da fronteira com o Egito, com a extensão de 250 km, dos
quais 65 km já foram erguidos. Outra medida tomada pelo governo é a
construção de um grande campo de detenção no sul de país, denominado
Saharonim, que poderá comportar mais de 10 mil imigrantes, inclusive
crianças que tenham entrado irregularmente acompanhadas de seus pais. O
campo já tem a capacidade de abrigar cerca de 2 mil pessoas, e os
trabalhos de construção continuam.
Ao mesmo tempo, a lei
aprovada já é alvo de protestos e críticas por parte de ONGs e partidos
de esquerda. Segundo o deputado Dov Hinin do partido esquerdista Hadash,
a lei é "cruel e imoral, além de não resolver o problema". Para o
deputado, os refugiados que estiverem fugindo de áreas de risco não
serão dissuadidos pela possibilidade de serem presos.
"Essa lei é
especialmente grave pois Israel é um Estado construído por refugiados
judeus que fugiram dos horrores da Europa", afirmou Hinin.
A Associação de Direitos
Civis em Israel, uma das maiores ONGs de direitos humanos do país,
declarou que a nova lei é "draconiana".
"A lei desconsidera as
obrigações básicas de Israel como membro da comunidade das nações e
signatário da Convenção sobre o Status dos Refugiados. O Estado de
Israel tem o direito de defender suas fronteiras, mas não atropelando
direitos humanos e ignorando valores democráticos", afirmou a ONG.
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