O cardeal de Los Angeles (EUA) Roger Mahony admitiu nesta terça-feira que em 1986 não denunciou à polícia o abuso sexual sofrido por duas crianças de origem mexicana por parte de um sacerdote.

Em declaração jurada divulgada em Los Angeles, Mahony disse que o autor dos abusos, identificado como Michael Baker, assegurou que as crianças eram imigrantes ilegais que tinham retornado a seu país.

O cardeal explicou que não chamou a polícia, não pediu que seu pessoal localizasse as crianças e nem advertiu os fiéis pois então ninguém denunciou os abusos.

Acrescentou que Baker confessou sua conduta garantindo que só tinha "tocado" as vítimas, fora da paróquia, e que posteriormente enviou o sacerdote a um centro de tratamento no estado do Novo México.

Além disso, Mahony disse ter limitado os ofícios religiosos do sacerdote. Após seis meses de tratamento, Baker foi alocado em várias paróquias e foi proibido que mantivesse contato com menores.

Segundo testemunhos do pessoal da igreja divulgados pela arquidiocese, Baker violou essas restrições em pelo menos três ocasiões.

"Confiei no arrependimento de Baker e em nossa capacidade de ajudá-lo com tratamento e vigiá-lo de maneira efetiva", admitiu Mahony na declaração.

A divulgação da declaração fez parte de um acordo extrajudicial de US$ 2,2 milhões que a arquidiocese de Los Angeles assinou com mais de 20 vítimas dos abusos sexuais cometidos por Baker durante 14 anos.

Em relatório emitido em 2004, a arquidiocese admitiu que Mahony cometeu erros na forma como disciplinou o sacerdote, que cumpre uma sentença a 10 anos de prisão por abuso de menores.

Fonte: Folha de SP