Juiz acolheu ainda mais duas denúncias. A acusação de embriaguez ao volante, entretanto, foi rejeitada, pois, de acordo com a defesa, faltou ao inquérito a realização de prova material
A Justiça de Ibiporã, no Norte do Paraná, acolheu três das quatro acusações propostas pelo Ministério Público (MP)Silvio Andrei, detido nu e com sinais de embriaguez no dia 16 de maio. Entre as acusações está corrupção ativa, já que, segundo os policiais, o sacerdote teria tentado suborná-los. Além disso, há as denúncias de importunação ofensiva ao pudor e ato obsceno. A Justiça rejeitou, porém, a de embriaguez ao volante, por falta de prova material. A informação é do advogado de defesa, Walter Bittar, já que o despacho, que saiu no dia 30 de agosto, teve decretado segredo de Justiça. contra o padre
A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público (MP), no dia 1º de julho. “O juiz substituto Renato Garcia só recebeu a denúncia parcialmente. Ele não aceitou a acusação de embriaguez ao volante porque não tem materialidade delitiva”, explicou Bittar. De acordo com ele, a legislação exige a realização de prova material. “Só a palavra do réu não é suficiente. Tinham que ter feito o bafômetro”, afirmou o advogado, que não revelou detalhes da decisão porque esta está em segredo de Justiça.
Prisão
O padre Silvio Andrei foi preso na madrugada do dia 16 de maio, um domingo, nu e com sinais de embriaguez dentro do próprio carro. Segundo o inquérito, Andrei estava em uma festa antes de ser encontrado pela polícia. O padre, detido em flagrante pelos crimes de ato obsceno, corrupção ativa e embriaguez ao volante, chegou a passar um dia no Centro de Detenção e Ressocialização (CDR) em Londrina. Depois de permanecer solto, Andrei deixou a cadeia e foi para um local não informado.
Segundo Bittar, em relação às outras acusações, a denúncia foi recebida e o próximo passo será a defesa prévia de Silvio Andrei. “As denúncias foram recebidas e ele será citado para fazer a defesa prévia. A partir daí o juiz pode dar seguimento ao processo, absolver o réu ou reconhecer ilicitude de provas”, argumentou Bittar.
Prova material
O delegado chefe da Polícia Civil de Londrina, Sérgio Barroso, explicou que, tecnicamente, a palavra do policial, que porventura tenha relato o indício de embriaguez, já não vale mais na esfera criminal. “Tem que ter a prova de que há mais de 6 decigramas de álcool por litro de sangue. Ela só pode ser produzida por bafômetro ou exame de sangue”, explicou. De acordo com o delegado, alguns inquéritos aceitam a prova testemunhal do policial, que relata o odor etílico e a forma de andar do cidadão.
O testemunho do policial vale apenas na esfera administrativa, quando o cidadão pode ser multado ou ter o veículo e a habilitação apreendidos. “Hoje, a palavra do policial vale para fins administrativos, e não para a esfera penal, que precisa ter a prova objetiva”, explicou Barroso.
Imagens circuito interno
Imagens do circuito interno da Delegacia de Ibiporã, às quais o JL teve acesso, mostram o padre Silvio Andrei sendo empurrado por policiais e impedido de vestir as calças. Em depoimento, os policiais negaram qualquer abuso ou agressão. Segundo as imagens, o padre Silvio é conduzido à delegacia, somente com uma camisa, e levado a uma sala onde não há visão da câmera. Alguns minutos depois, o preso é empurrado para fora da sala e, antes de bater com a cabeça em uma grade, leva outro empurrão, de menor intensidade, de outro policial.
O sacerdote foi algemado com os braços para trás e teve um dos tornozelos algemado em uma grade da cela. Diversos policiais se movimentam nesta sala. Alguns deles fotografaram e filmaram o religioso somente com a camisa enquanto outros preenchiam documentos.
Um dos policiais, minutos depois, tira as algemas da mão do padre e desprende-o da cela, sem retirar as algemas do tornozelo. Neste momento, o religioso recebe uma cueca. Mais tarde, calças lhe são entregues, mas o padre é impedido de vesti-las. Outro policial retira a vestimenta das mãos do padre, que estava prestes a vesti-la, e coloca em uma mesa ao lado.
Foi neste momento que chegaram, segundo as imagens, duas equipes de televisão e iniciaram as gravações do padre somente vestindo camisa e cueca. Em todos os momentos em que é filmado ou fotografado por policiais ou repórteres, Andrei vira de costas.
Fonte: GAZETA DO POVO
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