Há 32 anos no poder, Saleh diz que revolta no mundo árabe partiu dos judeus
Manifestação na capital iemenita: população pressiona, mas ditador promete continuar no poder (Ahmad Gharabli/AFP)
"Os acontecimentos que agitam o mundo árabe são uma tempestade orquestrada a partir de Tel Aviv, sob a supervisão de Washington", diz o ditador Saleh
Uma grande manifestação convocada pela oposição acontece nesta terça-feira no centro de Sanaa, capital do Iêmen, para exigir a renúncia do ditador do país, Ali Abdullah Saleh, que está no poder há 32 anos. De acordo com testemunhas, os manifestantes bloqueavam três ruas que levam à Universidade de Sanaa, o epicentro dos protestos na cidade desde janeiro. O ditador, porém, tenta minimizar a crise - e defender uma tese esdrúxula para justificar a realização dos protestos.
"O Iêmen não é a Tunísia nem o Egito. O povo iemenita é diferente", disse Saleh, que acredita que a onda de manifestações é só uma "tentativa de imitar" as revoltas que derrubaram os ditadores de dois países vizinhos. Na hora de tentar achar uma explicação para o que está acontecendo nos países islâmicos, ele recorre ao antissemitismo. "Os acontecimentos que agitam o mundo árabe são uma tempestade orquestrada a partir de Tel Aviv, sob a supervisão de Washington", afirma.
Ainda de acordo com o ditador, "todos esses protestos são financiados pelos sionistas de Israel e dirigidos a partir de uma sala de operações em Tel Aviv". Saleh discursava em meio a professores universitários na capital, no mesmo momento em que os principais partidos de oposição convocavam mais uma rodada de protestos com o objetivo de insistir na renúncia do ditador. No domingo, Ali Abdullah Saleh prometeu lutar "até a última gota de sangue" para permanecer no poder.
Divisão - A manifestação desta terça-feira, classificada de "Dia da Ira", reuniu dezenas de milhares de pessoas. Outras cidades também tiveram manifestações. Na capital, os manifestantes se reuniram no começo da manhã em uma praça em frente à Universidade de Sanaa, que os opositores chamam de "praça das mudanças". Os participantes do protesto gritavam pela queda do regime e traziam cartazes com palavras contra o regime e bandeiras do Iêmen, Egito, Tunísia e Líbia.
Na segunda-feira, a oposição iemenita rejeitou a oferta de Saleh de participar de um governo de união nacional e disse que manterá os protestos nas ruas. Também na segunda, Saleh advertiu sobre o risco de divisão no país caso os protestos o obriguem a deixar o poder. "O Iêmen se dividirá em quatro partes, não em duas, como antes", afirmou, referindo-se à etapa prévia à unificação entre o norte e o sul, em 1990. Nas últimas duas semanas, 17 pessoas morreram nos protestos.
(Com agências France-Presse e EFE)
Fonte: TERRA
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