Os quatro líderes mapuches condenados no Chile a permanecerem um quarto de século na prisão cumprem hoje um mês de greve de fome pela exigência de um julgamento justo e sem emprego da lei antiterrorista.
Héctor Llaitul, Ramón Llanquileo, José Huenuche e Jonathan Huillical encontram-se em delicado estado de saúde, devido à perda de peso que já ultrapassa os 12 quilos e às sequelas derivadas da greve de fome anterior que ultrapassou os 80 dias.
Sindicados como líderes da Coordenadora Arauco Malleco (CAM), os indígenas pediram a anulação do chamado julgamento de Cañete, na região do Bío Bío, que os considerou culpados de um suposto atentado a um promotor chileno em 2008 a partir do questionável depoimento de uma testemunha sem rosto.
Conhecida a sentença, os acusados decidiram no dia 15 de março retomar o jejum que em rejeição à aplicação da citada legislação já tinham protagonizado em 2010 como parte de um grupo de 34 presos mapuches.
Llaitul, Llanquileo, Huenuche e Huillical exigem ser julgados por um tribunal competente e imparcial e que não apele à lei antiterrorista.
Tal norma jurídica data do regime militar de Augusto Pinochet (1973-1990) e constitui um instrumento do Ministério Público para o uso das chamadas testemunhas secretas e para justificar desmedidos períodos de prisão preventiva.
Para as comunidades mapuches do Chile a condenação a seus irmãos de etnia demonstra a perseguição instalada no país para calar a luta dos povos indígenas por seus direitos.
Mais que uma perseguição de caráter judicial, se trata de uma perseguição política, afirma a porta-voz mapuche Natividad Llanquileo, que chamou a atenção em como os quatro comuneiros condenados são exatamente os líderes de seu povo.
Ficam presos por pensarem diferente e levantar uma bandeira de luta, expressou o comuneiro absolvido Luis Menares, que manifestou que a lei antiterrorista marcou cada minuto do julgamento e não se pode descartar que no futuro volte a ser utilizada contra os mapuches.
Enquanto isso, continuam as mobilizações em Santiago e nas cidades de Concepción e Temuco, capitais das regiões do Bío Bío e La Araucanía, em reivindicação da libertação dos líderes da CAM.
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