Empresas financeiras impuseram bloqueio a doações para organização em dezembro de 2010
Cedê Silva - Especial para o Ponto Edu
O porta-voz do WikiLeaks, Kristin Hrafnsson, anunciou nesta sexta-feira, 1, que sua organização vai processar a Visa e outras empresas financeiras pelo bloqueio imposto a doações para o grupo desde dezembro. O WikiLeaks foi impedido de receber doações via cartão de crédito após ter divulgado milhares de telegramas do serviço diplomático americano. "Não conseguimos um acordo extrajudicial", disse Hrafnsson, em São Paulo, durante congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). "Essas empresas agiram como júri, juiz e carrasco", protestou.
Ao seu lado na mesa, a jornalista brasileira Natalia Viana, colaboradora do WikiLeaks, anunciou para daqui a "uma ou duas semanas" a divulgação de milhares de documentos inéditos sobre o Brasil. Todos os telegramas foram produzidos durante o governo Lula (2003-2010). Ela adiantou que alguns dizem respeito a doações dos Estados Unidos para as polícias de diversos Estados brasileiros. Em novembro de 2010, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse ao Estado ter informações que "abalariam as eleições no Brasil".
Censura
Hrafnsson falou de sua carreira de jornalista antes de se juntar à organização que, alega, contribuiu em parte para os protestos em países árabes. Ele trabalhou numa reportagem para a TV estatal da Islândia sobre operações fraudulentas nos bancos do país, após a crise de 2008. Cinco minutos antes da reportagem ir ao ar, em julho de 2009, chegou à emissora um cala-boca judicial, o primeiro nos 65 anos de existência. O âncora então começou assim o telejornal: "Aqui estão as manchetes sobre as quais podemos falar hoje... mas, para informações sobre o escândalo nos bancos, acessem wikileaks ponto org, repito, wikileaks ponto org".
"É ridículo censurar um veículo se a informação está disponível na internet", disse Hrafnsson. Para ele, governos e empresas estão cada vez maiores e mais difíceis de controlar, daí a necessidade de novos instrumentos para divulgar informações sobre eles. "Devemos dar ao povo Internet, e não armas".
Fonte: ESTADO DE SP
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