Saberá a maioria dos católicos, que participa das festas do Divino, em que consiste o "Divino Espírito Santo", o qual a igreja festeja, com um ciclo de eventos em nossa região?
Faço um desafio para os jornalistas profissionais, qual seja, o de percorrerem as diversas festas anunciadas e entrevistar fiéis, indagando-lhes a respeito do tal Divino.
O resultado de uma enquete assim seria muito interessante, para se avaliar se a religiosidade popular tem bases sólidas.
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Festa do Divino traz fé e diversão para 18 comunidades da Grande Florianópolis
Este é o primeiro fim de semana do ciclo das festividades na região
Roberta Kremer | roberta.kremer@diario.com.br
Com a bandeira em mãos, dona Maria de Lourdes Souza, de 67 anos, percorreu casas do Bairro Praia Comprida, em São José, na Grande Florianópolis, desde a Páscoa. As pessoas recebiam o pano vermelho, com uma pomba sob o mastro, beijavam em sinal de respeito e adoração, e levavam nas cozinhas, salas e quartos para abençoar suas moradas.
Para fechar o ciclo de fé, o símbolo retornou nesta semana à Paróquia de São José, onde neste fim de semana será realizada o primeiro fim de semana do ciclo de festa do Divino Espírito Santo, na Grande Florianópolis. A comemoração também será realizada no Bairro Saco dos Limões, na Capital. Até setembro, pelo menos 18 comunidades vão demonstrar a devoção trazida pelos antepassados açorianos.
O maior festejo popular da região chegou com os primeiros imigrantes. Na celebração da igreja, um casal — geralmente — de adolescentes, vestidos de roupas de imperador e imperatriz são coroados e seguidos por uma corte de crianças.
Conforme os religiosos, o ritual simboliza o ato da rainha de Portugal Isabel de Aragão, que em 1926 teria recebido a graça do Espírito Santo de apaziguar um confronto em sua família. Em agradecimento, teria coroado uma pessoa do povo.
Outra versão, observada pelo Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da Universidade Federal, defende que o culto teria ocorrido após a rainha dar abrigo ao abade Joaquim de Fiori. Ele pregava a Nova Era do Espírito Santo, em que todos seriam iguais e conscientes de seus deveres, ideia que questionava o papel da coroa e a da própria Igreja.
A tradição chegou aos Açores, e, consequentemente, em Santa Catarina. Em solo catarinense, os festeiros escolhem quem participará da corte, um sonho comum das crianças religiosas — menos no Ribeirão da Ilha, onde é feito um sorteio.
Foi com risco de se perder essa cultura em São José, que a festa se aproximou da original. Sem casais interessados em assumir a dispendiosa festa, o Apostolado da Oração — um grupo que faz rezas na igreja — aceitou tocar o evento. Para dar chance aos pequenos da região, as crianças das quatro comunidades da paróquia puderam se candidatar.
— Serviu a roupa, entrou para a corte. Tem crianças de 3 anos a adolescentes de 17 anos. Cada comunidade tem um imperador que participará de uma das quatro missas, durante os três dias de festa — conta uma das festeiras Valdete Rosalina Pereira Voges.
Neste sábado será a vez de a jovem Luiza Felipe da Silva, de 17 anos, realizar o sonho de vestir o traje mais pomposo do evento e ser a imperatriz. O par dela será o primo Guilherme Felipe de Medeiros, de 14 anos, que é coroinha desde os seis anos.
— Toda a nossa família está muito feliz. Ainda mais porque terão dois membros sendo o imperador e a imperatriz — conta Luiza, orgulhosa.
Na igreja, a corte reinará com as crianças vestidas de tecidos de veludo e fios dourados. Assim que a missa acabar, começa a folia regada a comida — como churrasco, carne de sol e peixe frito — bebidas, foguetório e música. É o lado profano da festa mais divina de Santa Catarina, que celebra o espírito de Deus e a igualdade entre os homens.
Fonte: DC
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