Espanha endurece recomendações para grávidas e crianças evitarem atum e espadarte
A Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição endureceu as recomendações para as grávidas e os bebés evitarem o consumo de peixes como o atum ou o espadarte, depois de ter feito uma revisão sobre os efeitos de alguns metais na saúde. A autoridade desaconselha também o consumo de espinafres e acelgas.
Em causa está o elevado nível de mercúrio que os grandes peixes podem conter (Foto:Carla Carvalho Tomás/arquivo)
De acordo com as recomendações da agência, citadas pelo diário espanhol El País, em causa está o elevado nível de mercúrio que os grandes peixes podem conter, assim como o cádmio dos crustáceos e os nitratos presentes em alguns legumes.
Até agora a Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição recomendava que as grávidas e as crianças com menos de três anos não consumissem mais do que 100 gramas de espadarte ou de cação uma vez por semana, ou mais de duas porções de atum. Isto porque estas grandes espécies acumulam nos seus tecidos gordos o mercúrio que absorvem através das guelras e na sua forma mais tóxica: o metilmercúrio.
O mercúrio é um composto químico está presente naturalmente no ambiente, mas também resulta da poluição industrial. Quase todos os peixes contêm metilmercúrio, mas as espécies com vida mais longa e os predadores maiores, como o tubarão ou o espadarte, acumulam maiores quantidades da substância e oferecem um maior risco para a saúde dos consumidores habituais – o que é agravado nos casos das grávidas e crianças com menos de três anos.
Problemas no crescimento
O período pré-natal é a fase da vida humana mais susceptível à exposição ao metilmercúrio, sendo mais grave quando ocorre no segundo trimestre da gravidez, podendo provocar atrasos no crescimento e danos neurológicos permanentes. Tal facto é explicado pela maior sensibilidade do sistema nervoso em desenvolvimento que apresenta uma barreira hematoencefálica mais permeável devido a uma imaturidade do sistema de transporte e na capacidade de fazer de barreira, facilitando a absorção do metilmercúrio.
A agência espanhola estava a ser pressionada pelo sector das pescas para aligeirar as recomendações sobre o consumo deste tipo de peixes por grávidas e crianças e a autoridade decidiu nomear um comité científico para, com base na evidência científica disponível, reavaliar os riscos. “Concluímos não só que não havia margem para relaxamento, como que a maioria das mulheres e das crianças já estão próximas dos limites aceitáveis deste tóxico”, disse ao El País Victorio Teruel, responsável pela área de gestão de riscos químicos da Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição. E explicou que agora a recomendação é de que as grávidas e crianças com menos de três anos não comam de todo espadarte, tubarão ou atum e que as crianças dos três aos 12 não ultrapassem os 50 gramas por semana.
Já em alguns legumes o problema está no nitrato, um composto presente da terra de forma natural e que é sobretudo absorvido por hortaliças de folha larga como as acelgas e espinafres. Grandes quantidades deste componente podem causar problemas de saúde, como a conhecida “doença do bebé azul”, que resulta da falta de oxigenação do sangue, pelo que a autoridade espanhola, também na sequência de conclusões da Agência Europeia de Segurança Alimentar, decidiu recomendar que estes dois legumes sejam excluídos das sopas dos mais pequenos nos primeiros tempos de vida.
As novas recomendações têm preocupado o sector agrícola, há vários anos em crise e recentemente afectado pelas polémicas em torno da bactéria E. coli. Mas a Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição já apelou a tranquilidade e lembrou que os legumes expostos ao sol eliminam mais facilmente os nitratos.
Fonte: PUBLICO (Portugal)
Até agora a Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição recomendava que as grávidas e as crianças com menos de três anos não consumissem mais do que 100 gramas de espadarte ou de cação uma vez por semana, ou mais de duas porções de atum. Isto porque estas grandes espécies acumulam nos seus tecidos gordos o mercúrio que absorvem através das guelras e na sua forma mais tóxica: o metilmercúrio.
O mercúrio é um composto químico está presente naturalmente no ambiente, mas também resulta da poluição industrial. Quase todos os peixes contêm metilmercúrio, mas as espécies com vida mais longa e os predadores maiores, como o tubarão ou o espadarte, acumulam maiores quantidades da substância e oferecem um maior risco para a saúde dos consumidores habituais – o que é agravado nos casos das grávidas e crianças com menos de três anos.
Problemas no crescimento
O período pré-natal é a fase da vida humana mais susceptível à exposição ao metilmercúrio, sendo mais grave quando ocorre no segundo trimestre da gravidez, podendo provocar atrasos no crescimento e danos neurológicos permanentes. Tal facto é explicado pela maior sensibilidade do sistema nervoso em desenvolvimento que apresenta uma barreira hematoencefálica mais permeável devido a uma imaturidade do sistema de transporte e na capacidade de fazer de barreira, facilitando a absorção do metilmercúrio.
A agência espanhola estava a ser pressionada pelo sector das pescas para aligeirar as recomendações sobre o consumo deste tipo de peixes por grávidas e crianças e a autoridade decidiu nomear um comité científico para, com base na evidência científica disponível, reavaliar os riscos. “Concluímos não só que não havia margem para relaxamento, como que a maioria das mulheres e das crianças já estão próximas dos limites aceitáveis deste tóxico”, disse ao El País Victorio Teruel, responsável pela área de gestão de riscos químicos da Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição. E explicou que agora a recomendação é de que as grávidas e crianças com menos de três anos não comam de todo espadarte, tubarão ou atum e que as crianças dos três aos 12 não ultrapassem os 50 gramas por semana.
Já em alguns legumes o problema está no nitrato, um composto presente da terra de forma natural e que é sobretudo absorvido por hortaliças de folha larga como as acelgas e espinafres. Grandes quantidades deste componente podem causar problemas de saúde, como a conhecida “doença do bebé azul”, que resulta da falta de oxigenação do sangue, pelo que a autoridade espanhola, também na sequência de conclusões da Agência Europeia de Segurança Alimentar, decidiu recomendar que estes dois legumes sejam excluídos das sopas dos mais pequenos nos primeiros tempos de vida.
As novas recomendações têm preocupado o sector agrícola, há vários anos em crise e recentemente afectado pelas polémicas em torno da bactéria E. coli. Mas a Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição já apelou a tranquilidade e lembrou que os legumes expostos ao sol eliminam mais facilmente os nitratos.
Fonte: PUBLICO (Portugal)
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