Ambientalista afirma que impactos podem comprometer fauna e flora no local.
Uma área de preservação permanente (APP) próxima a Campo Grande se tornou motivo de embate judicial. Desde julho de 2010, a bióloga Marina Bacha tenta manter preservada a área que abriga a nascente do córrego Fiíca em sua pequena propriedade rural.
A nascente tem água cristalina e abriga várias espécies de peixes como lambari e cascudo, além de algas, seres que lutam para sobreviver no local porque a vida está ameaçada. O curso da água está coberto por galhos e troncos de árvores que foram parar no chão. O verde das matas perde espaço, justamente onde precisava ser mantido e o cenário é de devastação. É com tristeza que a bióloga passeia pela propriedade de 38 hectares que adquiriu a pouco mais de três anos.
”Uma nascente não pode ficar a mercê de uma área de servidão porque no futuro, daqui a 30 ou 40 anos, a área poderá virar um corredor público, outras obras poderão passar por aqui e então temos que pensar como é que ficará essa questão da mata, dos animais, da flora e dos recursos hidrícos”, explica a bióloga Marina Bacha.
O problema começou há um ano e meio quando a bióloga encontrou estacas em vários pontos da propriedade. Ela buscou informações e descobriu que as estacas eram os primeiros sinais de que uma empresa estaria demarcando o local para instalar linhas de transmissão de energia elétrica.
De acordo com a bióloga, na época a empresa havia prometido desviar as linhas de energia para evitar danos ambientais a nascente. Ainda segundo Marina, não foi o que aconteceu porque as obras continuaram sendo feitas mesmo com a decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), que em março deste ano suspendeu a instalação da rede de energia na área.
“Eu não sou contra o desenvolvimento, eu não sou contra a fonte de energia que o estado precisa, mas é preciso também respeitar o meio ambiente. A 300 metros da nascente passa uma estrada vicinal e o que eu peço é que a obra seja deslocada e desvie da nascente”, afirma Marina.
Na tentativa de impedir a entrada ilegal, a bióloga espalhou faixas pela chácara. De acordo com o advogado Roberto Borges a empresa de energia elétrica poderá responder por crime ambiental.
“Eles cometeram dois crimes, crime ambiental por invadir e desmatar uma APP e também o crime de desobediência, uma vez que há uma decisão que mandou suspender as atividades da empresa no local”, explica o advogado.
Segundo a análise do ambientalista Éder Ditimar, o bioma da área já pode estar comprometido.
“Os impactos da instalação da rede são imediatos porque já afetam a qualidade da água, a mata ciliar também fica prejudicada, assim como a flora e a fauna do local”, afirma o ambientalista.
Reflorestamento
Enquanto árvores são derrubadas, a dona da propriedade produz e planta mudas de árvores nativas na área desmatada. A ideia é transformar o espaço em uma reserva para educação ambiental.
O trabalho de reflorestamento começou a ser feito em 2008 quando a bióloga adquiriu a área. Ela queria realizar um sonho, um projeto de aposentadoria que surgiu quando ainda era professora na rede pública, a propriedade tem quase tudo o que buscava: a mata nativa e uma nascente.
“A intenção é fazer com que a nascente se torne uma área de conscientização para que as pessoas possam conhecer e ter noção do que é preservar.”, conta a bióloga.
Fonte: TV MORENA, via G1
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