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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Os tentáculos de EIKE BATISTA na política

Isenção de R$ 75 milhões em impostos para amigo



Deputados cobram explicações do governo sobre a facilidade oferecida para empresas de Eike Batista, que empresta avião para Cabral. Contratos com a Delta também na mira


Rio - A ligação do governador Sérgio Cabral com o empresário Eike Batista transformou-se no novo alvo da bancada de oposição na Assembleia Legislativa. As empresas do Grupo EBX, de Eike, foram beneficiadas pelo estado com isenções fiscais de R$ 75 milhões entre 2007 e 2011 e viram as licenças ambientais — costumeiramente lentas — serem expedidas com rapidez pelo Instituto Estadual do Ambiente. O empresário é dono do jato que levou, sexta-feira, Cabral e o filho para a festa do empreiteiro Fernando Cavendish, na Bahia.

Ontem, os parlamentares elaboraram o requerimento que pede explicações a Cabral sobre negócios entre o estado e as empresas de Eike e Cavendish. >Conhecido por colocar a letra X em seus empreendimentos, Eike foi chamado de ‘Homem X’ pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL) ao enumerar as isenções das empresas OGX de Petróleo (R$ 69 milhões) e LLX Minas-Rio (R$ 6 milhões).


Adriana Ancelmo e Cabral juntos no adeus a Jordana, mulher do dono da Delta | Foto: Severino Silva / Agência O Dia


Outro empreendimento de Eike listado como suspeito de obter facilidades foi o Porto de Açu. Segundo Freixo, a cessão do terreno foi ilegal, e a licença ambiental, concedida sem relatório de impacto: “Licenciaram sem conhecer o traçado do mineroduto”.


Grupo EBX nega privilégio


O Grupo EBX disse que os benefícios fiscais concedidos pelo Estado são “idênticos aos disponíveis para qualquer empresa que disponha a correr os riscos de empreender projetos semelhantes”. Sobre as licenças ambientais, a EBX lembrou que tem o compromisso com desenvolvimento sustentável do Estado do Rio de Janeiro.


Casal Cabral consola empreiteiro


Abalados, o governador Sérgio Cabral e a primeira-dama, Adriana Ancelmo, consolaram o amigo Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, no Cemitério do Caju, ontem de manhã. A mulher dele, Jordana Cavendish, e o piloto, Marcelo de Almeida, foram cremados.


O casal estava muito abalado. À cerimônia, foram também o pai do governador, o jornalista Sérgio Cabral, e a cúpula do Executivo: o vice Luiz Fernando Pezão, e os secretários Régis Fichtner e Júlio Lopes.


Na cremação de Marcelo, estavam João Pedro, filho do governador, o presidente do Detran, Fernando Avelino, e membro do cerimonial do Palácio Guanabara.


Construtora é campeã de contratos sem licitação na Prefeitura do Rio


Outra empresa que terá suas operações esmiuçadas pela oposição é a Construtora Delta, do empresário Fernando Cavendish, que faturou R$ 1 bilhão em contratos com o governo do Rio entre 2006 e 2011: e um quarto dos negócios com dispensa de licitação. 


No requerimento que encaminharão na próxima semana ao governador Sérgio Cabral, os deputados querem as cópias dos editais e as razões das dispensas de licitações nos contratos firmados entre a Delta e DER, Cedae e Emop, além de informações sobre doações feitas pela construtora e por Eike Batista.


A Câmara Municipal também se mobiliza para investigar os contratos da Delta com a Prefeitura do Rio. Vereadora Teresa Bergher entrou com pedido para que sejam abertos os contratos, de R$ 389,9 milhões. Levantamento da vereadora Andrea Gouvêa Vieira mostra que a construtora lidera o ranking de pagamentos recebidos pelo município de obras sem licitação em 2010.


Uso pessoal de jato licitado


Gastos com o jato fretado para levar a Porto Seguro o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o chefe da Casa Civil estadual, Régis Fichtner não serão devolvidos. Autorizados por Cabral, eles usaram, sábado, o avião reservado para voos oficiais para ir à Bahia lhe dar apoio após a queda do helicóptero que matou 7 pessoas, entre elas a namorada de um de seus filhos. A assessoria do governador alega que o voo foi feito pela Lider Táxi, vencedora de licitação, e que se tratava de emergência. A assessoria de Paes afirmou que ele foi de carona.


Delta: R$ 2,3 milhão para PT e PMDB


A Delta Construções foi, no ano passado, uma das doadoras de campanha para o PMDB, partido do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes. A empreiteira, como mostra o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fez três transferências eletrônicas — somando R$ 1,15 milhão — para a direção nacional da legenda. 



A ajuda foi direcionada exclusivamente para os partidos, sem especificar candidato. O PMDB não foi o único a receber quantia da Delta. O PT recebeu o mesmo valor destinado ao PMDB para ajudar a bancar a campanha de seus candidatos nas eleições do ano passado.

Reportagem de Christina Nascimento e João Antônio Barros


Fonte: O DIA

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