David Chazan
Segundo membros da comunidade, há violência nos crimes mesmo quando o alvo é uma mulher
Segundo membros da comunidade, há violência nos crimes mesmo quando o alvo é uma mulher
Uma onda de crimes contra os chineses que vivem em Paris vem assustando os membros da comunidade, que estão pedindo providências das autoridades da capital francesa para resolver o problema.
Os líderes da comunidade dizem que vem ocorrendo pelo menos um crime por dia, e que eles geralmente envolvem violência.
Os líderes da comunidade dizem que vem ocorrendo pelo menos um crime por dia, e que eles geralmente envolvem violência.
Os números são confirmados pela prefeitura e residentes do 20º distrito (arrondissement) parisiense, onde muitos dos crimes acontecem e que era, até pouco tempo atrás, visto como símbolo de harmonia multicultural.
"Isto acontece por causa da pobreza, mas é intolerável", disse o porta-voz da associação chinesa de Paris, Olivier Wang, que afirma que há violência mesmo quando os alvos são mulheres.Ele disse que um chinês que tentava filmar um assalto recentemente foi espancado a ponto de entrar em coma.
Por estarem em situação irregular ou não falarem bem o francês, muitas das vítimas nem vão à polícia. Os que denunciam os crimes dizem que os bandidos raramente são punidos.
A polícia não comentou esta acusação.
Violência
Em menos de um ano, o comerciante Wei Ming Shi acumulou mais de 80 boletins de ocorrência de casos de violência contra chineses e foi, juntamente com a esposa, vítima de um ataque.
"Reagi e eles me acertaram na cara e quebraram meu nariz. Minha visão ficou embaçada por uma semana", disse ele.
"Este tipo de coisa acontece o tempo todo, especialmente com asiáticos."
"Minha esposa teve cinco celulares roubados, as pessoas são atacadas e espancadas, por isso estamos com medo", disse ele.
"Nosso problema não é tanto o fato de que dinheiro ou celulares estão sendo roubados, mas a violência é intolerável", afirma Shi, dono uma auto-escola no bairro de Belleville.
PolíciaA prefeita do 20º distrito, Frederique Calandra, disse acreditar que os ataques não têm motivação racial.
"Os chineses são atacados frequentemente não por causa de racismo, mas porque bandidos enxergam neles a oportunidade de lucro fácil, já que costumam levar consigo muito dinheiro", disse ela.
Os chineses são vistos como prósperos, e muitos são donos de lojas ou restaurantes. Eles costumam carregar grandes quantidades de dinheiro no fim do dia.
A polícia diz que a maioria dos criminosos vem de famílias de imigrantes de outras comunidades.
Os residentes dizem que o policiamento ainda é insuficiente, especialmente à noite, apesar de a polícia ter enviado mais agentes para o bairro.
Muitos parisienses estão chocados com o aumento da violência em áreas até recentemente consideradas tranquilas.
"Belleville era um caldeirão cultural, mas o governo cortou o orçamento destinado à integração e segurança", disse Hamou Bouakkaz, um vice-prefeito de Paris.
O agente comunitário Dominique Dardel, funcionário da prefeitura regional, diz que a solução a longo prazo não é mais policiais nas ruas, mas sim proporcionar aos criminosos outras alternativas.
"As escolas devem mudar a forma como lidam com garotos e os convencer de que eles podem ter um futuro", diz ele.
Mas, por enquanto, vítimas como Shi dizem que os assaltos estão cada vez mais violentos, e a comunidade chinesa não quer mais viver com medo.
Fonte: BBC
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