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quarta-feira, 13 de julho de 2011

200 Anos da Revolução Uruguaia

José Artigas, Caudilho dos Homens Livres

Mário Maestri*




Em 27 de fevereiro de 1811, nas margens do arroio Asencio, no atual departamento de Soriano, um punhado de orientais jurou combater as forças espanholas e solicitou o apoio de Buenos Aires, que se sublevara, em maio de 1810, para levar a revolução aos campos e às cidades da Banda Oriental. 


Ao incorporar-se à revolta, José Artigas tornou-se o maior líder da luta pela independência no futuro Uruguai.

Conquistando rapidamente o apoio dos orientais, os revolucionários ocupam as vilas de Mercedes, Soriano, Rosário, San Carlos, Maldonado, Sacramento, etc. Na manhã de 18 de maio de 1811, Artigas venceu os realistas na batalha de las Piedras, sitiando a seguir Montevidéu, reduto realista. Durante aquele combate, parte das tropas do partido espanhol desertou para as filas dos patriotas.

José Gervasio Artigas Arnal, terceiro de seis filhos, nasceu em Montevidéu, em 19 de junho de 1764, de pais descendentes dos fundadores da vila e proprietários de algumas terras. Artigas viveu sua infância em Montevidéu e na chácara paterna, junto ao arroio Carrasco, estudando as primeiras letras com os franciscanos.

Aos doze anos, partiu para o interior onde, em terras familiares, viveu plenamente agauchado. Aos dezesseis anos, participava de partidas de changadoras e de contrabandistas que vendiam gados e couros nos territórios lusitanos, com destaque para a longínqua vila de rio Pardo. Autores propõem que, nesse então, devido às estripulias que praticara, fora viver entre os charruas, com toldo, mulher e filho, como era normal entre a população gaúcha.

Em 1797, com 33 anos, acolheu anistia real e integrou, como soldado raso, o corpo de Blandengues de Montevidéu, onde progrediria rapidamente, devido a sua capacidade pessoal e ao enorme conhecimento da fronteira. O corpo policial fora criado para vigiar a fronteira e combater a expansão dos criadores luso-sul-rio-grandenses.

Antes do fim do século, Artigas teria comprado e libertado, na fronteira com o Rio Grande do Sul, cativo afro-oriental escravizado ilegalmente pelos lusitanos. Joaquín Lenzina, o negro Ansina, [1760-1860] seguiria-o como amigo, cronista [payador], companheiro de armas, inclusive no longo exílio paraguaio, onde o caudilho encontraria a morte, aos 72 anos.

Em 1800, José Artigas secundou o militar, geógrafo e naturalista Félix de Azara na operação de "Arreglo de los campos" e na fundação de Batovy. O projeto objetivava interromper o avanço lusitano nos territórios orientais com ampla distribuição de pequenas estâncias a espanhóis pobres, gaúchos, mulatos, nativos, etc. O projeto não prosperou devido à oposição dos grandes proprietários castelhanos e portugueses.

Em 1809, quando do ataque inglês a Buenos Aires, Artigas não chegara a tempo para participar da resistência. Após a Revolução de Maio de 1810, já capitão do corpo de Blandengues, tentaria reprimir inutilmente a população entrerriana sublevada. Visto pelos patriotas de Buenos Aires como decisivo à vitória da revolta na Banda Oriental, desertou os Blandengues de Sacramento e ofereceu-se aos insurretos, recebendo o posto de tenente-coronel, cento e cinqüenta homens e duzentos pesos.

Em inícios de abril de 1811, na margem oriental do rio Uruguai, já com 180 homens, Artigas lançou a Proclamação de Mercedes, assumindo a direção da luta anti-espanhola na ex-província do vice-reinado do rio da Prata, no único movimento de luta pela independência americana explicitamente associado à democratização social, através de distribuição de terra entre os subalternizados. Nesses anos, cativos desertaram o Rio Grande do Sul e se transformavam nos mais destemidos soldados artiguistas, segundo o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire.

Mário Maestri, 63, é professor do Curso e do Programa em Pós-Graduação em História da UPF, Rio Grande do Sul. E-mail: maestri@via-rs.net

maestri@via-rs.net

Fonte: PRAVDA

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