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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O que é o(a) quipá?

Quipá















A quipá (em hebraico כיפה, kipá, "cúpula", "abóbada" ou "arco") ou yarmulke (em iídicheyarmlke, do polonês jarmułka, que significa "boina"), é um pequeno chapéu em forma de circunferência, semelhante ao solidéu, utilizada pelos judeus tanto como símbolo da religião como símbolo de "temor a Deus". יאַרמלקע,

Quipás (kipót)à venda em Jerusalém

O Talmude enfatiza a necessidade de se ter sempre o temor a Deus sobre nossas cabeças. A maioria dos judeus utiliza a quipá apenas em ocasiões solenes e de devoção, enquanto alguns utilizam-no o dia inteiro, ilustrando a necessidade de se temer a Deus em todos os momentos da vida.

O surgimento da quipá e o sentido inicial do seu uso dentro do judaísmo até hoje não tem uma explicação satisfatória. No entanto, durante muito tempo seu uso não foi obrigatório. Somente no século XIX, diante do perigo da assimilação, os ortodoxos instituiram a obrigatoriedade do uso. Certas ramificações, como os caraítas, não seguem esse costume.

De acordo com a tradição, apenas homens devem usar quipá, ainda que nos tempos modernos ramificações não-ortodoxas do judaísmo permitam que as mulheres também a utilizem. Seu uso é usualmente associado ao reconhecimento da superioridade divina sobre o ser humano, sendo o símbolo de humildade perante o criador e de submissão à sua vontade.

Fonte: WIKIPEDIA

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19/08/2010 - 08:46 - Atualizado em 19/08/2010 - 15:35

Jogador é punido por comemorar gol com quipá

Itay Shechter, atacante do Hapoel Tel-Aviv, comemorou um gol na Liga dos Campeões usando um quipá e o juiz português que comandava a partiu o advertiu com um cartão amarelo

REDAÇÃO ÉPOCA
Kerstin Joensson / AP
PUNIDO Itay Shechter (à dir.) e Eran Zahavi comemoram o terceiro gol do Hapoel Tel-Aviv. Celebração rendeu cartão amarelo a Shechter

O atacante israelense Itay Shechter, do Hapoel Tel-Aviv, recebeu um cartão amarelo um tanto inusitado na partida de quarta-feira (18) de seu time contra o Salzburg, da Áustria, válida pelos playoffs da Liga dos Campeões, o principal torneio de clubes da Europa. Após marcar o terceiro gol do time na importante vitória fora de casa, Shechter tirou um quipá – o pequeno chapéu judaico – de dentro da meia, colocou na cabeça e, aparentemente, fez uma oração. O juiz português Pedro Proença não teve dúvidas: mostrou o cartão amarelo para o atacante.

Shechter se mostrou surpreso com a atitude do juiz português e, depois do jogo, vencido pelo Hapoel por 3 a 2, disse que não teve a intenção de provocar os adversários ou qualquer outra pessoa. "Um torcedor no aeroporto me deu o quipá com o escudo do Hapoel no aeroporto e eu pensei em colocar na meia e, se Deus me permitisse marcar eu colocaria e diria Shema Yisrael ("Escuta ó Israel", parte de uma importante oração dos judeus)", disse o jogador segundo o jornal Jewish Chronicle. "Eu não quis provocar ninguém, só estava pensando na felicidade de todos os judeus que estavam vendo o jogo pela TV", afirmou o atleta.

O técnico do Hapoel, Eli Guttman, defendeu o atleta. "Eu não tenho problemas com jogadores cristãos que fazem o sinal da cruz depois de marcarem, então porque Shechter não pode orar como quiser?", afirmou Guttman.

Apesar da reclamação do Hapoel, o juiz português seguiu as regras da Federação Internacional de Futebol (Fifa), que proíbe manifestações religiosas por parte dos jogadores. A entidade, que nunca foi favorável a esse tipo de atitude, ficou ainda mais atenta depois da Copa das Confederações de 2009, conquistada pelo Brasil. Ao comemorar o título, jogadores como o goleiro Gomes e os zagueiro Lúcio e Luisão substituíram o uniforme da seleção brasileira por camisas com inscrições como "Eu amo Jesus" e "Eu pertenço a Jesus".


Na ocasião, o Brasil não foi punido, mas o presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, fez questão de dizer que “não há lugar para a religião no futebol". Durante a Copa do Mundo de 2010, quando as questões nacionais - e às vezes religiosas - poderiam estar mais acirradas, não se viu qualquer manifestação do tipo. A Fifa também pune manifestações comerciais e políticas dos jogadores.

Rev. ÉPOCA

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30/01/2010 - 08:17 - Atualizado em 01/02/2010 - 19:27
Cartão vermelho para Deus
Por que a proibição de mensagens religiosas nos jogos de futebol ajuda a proteger –e não a cercear – a liberdade de culto
André Fontenelle
Mike Hewitt
FÉ POLÊMICA
Os jogadores da Seleção oram depois da vitória na Copa das Confederações. A religiosidade ostensiva desagradou à Fifa

Deus, como se sabe, é brasileiro, e ainda que a contribuição de Pelé, Garrincha, Romário e Ronaldo não tenha sido desprezível, Ele talvez tenha tido sua parte nos cinco triunfos nacionais em Copas do Mundo. De alguns anos para cá, sobretudo com a ascensão do grupo conhecido como Atletas de Cristo, os jogadores da Seleção passaram a expressar sua gratidão pela intercessão divina de forma cada vez mais ostensiva.

O ponto culminante foi a final da Copa das Confederações, em junho, na África do Sul. Vencido o jogo contra os Estados Unidos, jogadores e membros da comissão técnica transformaram o gramado do Ellis Park, em Johannesburgo, em altar. Evangélicos, católicos e adeptos de outras confissões fizeram um círculo de oração e exibiram camisetas com dizeres como “Eu amo Jesus” e “Eu pertenço a Jesus”, em inglês.

Em geral tolerantes, ecumênicos e sincretistas, os brasileiros já se acostumaram à mistura entre futebol e religião em campo. Jogadores erguem as mãos ao céu antes do pontapé inicial, depois de fazer um gol ou até para bater uma falta. Desta vez, porém, por ter ocorrido num palco internacional – no mesmo país onde dentro de um ano será disputada a Copa do Mundo – e pelos ares de pregação, a comemoração da Seleção incomodou a muitos.

Um dirigente da federação da Dinamarca – país que tem igreja oficial, a Luterana, mas é tradicionalmente laico – pediu à Fifa (a federação internacional) que proíba manifestações do gênero. Na verdade, a Fifa já as proibira. A regra 4 do futebol (uniforme) veda a exposição de mensagens de conteúdo político ou religioso escondidas. Mas não prevê claramente qual a punição – diz apenas que o time ou o jogador será “sancionado pelo organizador da competição ou pela Fifa”.

O Brasil escapou só com uma reprimenda. “Não há lugar para a religião no futebol”, disse o presidente da Fifa, Sepp Blatter. Ao não aplicar uma punição mais concreta (uma multa, por exemplo), Blatter pode ter aberto um precedente perigoso. Se na Copa do Mundo do ano que vem a seleção da casa homenagear uma divindade da mitologia zulu antes de um jogo ou se os jogadores de um país muçulmano se ajoelharem na direção de Meca dentro do campo, a impunidade brasileira será inevitavelmente invocada, e a Fifa será acusada de adotar dois pesos e duas medidas. A igualdade de tratamento é a primeira razão para banir toda e qualquer imiscuição da religião no esporte.

A outra razão é a preservação da liberdade religiosa dos próprios jogadores. É razoável supor que entre os 23 atletas e outros tantos membros da delegação brasileira ajoelhados no campo de Johannesburgo não houvesse apenas católicos e evangélicos. Por mais que se diga que todos são livres para expressar ou não sua fé, um jogador discordante – ateu, por exemplo – pode se sentir coagido a participar para não ser discriminado.

Os cartolas brasileiros têm feito vista grossa para a intromissão da religião. Isso só tem feito aumentar a influência do grupo protestante, do qual os maiores expoentes são Kaká (da igreja Renascer) e Lúcio (batista). Na última Copa do Mundo, dois batistas, o pastor Anselmo Reichardt e o ex-piloto de Fórmula 1 Alex Dias Ribeiro (um Atleta de Cristo), frequentavam o hotel da Seleção para levar a palavra de Cristo ao time. O técnico Carlos Alberto Parreira dizia não se incomodar com isso. Agora, há um líder dos Atletas de Cristo na cúpula da Seleção – o auxiliar de Dunga, o ex-jogador Jorginho. Três anos atrás, quando dirigiu o América Futebol Clube, Jorginho baniu o símbolo do clube (o Diabo, alusão à cor vermelha da camisa), atribuindo a sua influência negativa o jejum de títulos de quase meio século do time carioca.

No passado, a presença da religião no futebol era discreta e raramente motivo de polêmica. Na Copa do Mundo de 1970, o eslovaco Ladislav Petras ajoelhou-se e fez o sinal da cruz depois de marcar um gol contra o Brasil – ato cheio de simbolismo numa época em que o governo de seu país, a hoje dividida Tchecoslováquia, era comunista e perseguia a Igreja. Um jogador brasileiro, Jairzinho, copiou o gesto, esvaziando sua carga política.

No Brasil, são conhecidas histórias como a de Santana, o massagista pai de santo do Vasco da Gama que fazia trabalhos para “amarrar” os adversários. O Corinthians tem um santo padroeiro (São Jorge) e o Flamengo outro (São Judas Tadeu), a que apelam sempre que os resultados em campo não andam bons. Não há nenhum problema quando torcedores e jogadores exercem sua religiosidade dessa maneira, do lado de fora de campo. Quando se tenta promover uma religião dentro dele, porém, um limite é claramente ultrapassado.

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