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sábado, 28 de agosto de 2010

"Gente fina", da ICAR

Pedófilo, ladrão e drogado. Esse foi o criador da Legionários de Cristo
do La Vanguardia, do México

Pedófilo, ladrão, drogado. Marcial Maciel, definitivamente a antítese de um santo, foi, ao mesmo tempo, o fundador da congregação mais conservadora e uma das mais poderosas da Igreja. Após sua morte, em 2008, revelou-se a sua farsa. Entramos no território privado onde os legionários se confessam.

São a ponta de lança da Igreja mais conservadora. Não se permitem concessões. Não perdem o tempo. É pecado. Sua caça e pesca de fundos e vocações não se detém. Assim como a sua fome de influência. Uma questão de poder no seio da Igreja.

Em 1950, só tinham um sacerdote, seu fundador, Marcial Maciel. Hoje, cerca de mil. Sua estratégia corporativa foi a de crescer a todo o custo. Copiando o ardor guerreiro dos jesuítas e o elitismo da Opus Dei. E acrescentando uma pitada de secretismo.

Seu objetivo sempre foi o de atrair os "líderes do mundo". Como confirma um velho legionário: "Maciel tinha clareza que tínhamos que ir para a ponta da pirâmide. Pelos líderes naturais e econômicos e, por meio de nossos colégios, pelos seus filhos. A chave era influenciar. E, teoricamente, ajudar os pobres através dos ricos, como Robin Hood".

Na Legião, tudo está regulado. Da vestimenta (distinta) ao modelo de relógio (sem adornos e com pulseira preta). Do tempo que um sacerdote deve rezar por dia (três horas) e escovar os dentes (três vezes) até a forma de comer espaguete (cortando-os, nunca enrolando-os no garfo).

Algo que se estende a seu movimento leigo, o Regnum Christi, no qual o manual redigido por Maciel orienta milimetricamente a vida de seus membros; suas amizades, namoro, sexualidade, forma de vestir, espírito laboral, educação dos filhos, caça de fundos e pesca de vocações. Maciel chega a aconselhar seus seguidores que incluam a congregação "em seu próprio testamento".

Eram os eleitos. Iam salvar a Igreja. Foram o eficaz martelo da Santa Sé contra aTeologia da Libertação; ativistas incansáveis contra a camisinha, o aborto, a eutanásia e a reprodução assistida, inimigos do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Generosa fonte de financiamiento para o Vaticano e, sobretudo, a fiel cavalaria leve de João Paulo II para implantar seu modelo de catolicismo: resistência, reconquista e restauração. A Igreja como poder político.

A Legião cresceu muito rapidamente. Tinha os pés de barro. E um terrível segredo em seu interior, que, após décadas de ocultamento, acabaria estourando: seu fundador, Marcial Maciel, nascido no México em 1921, era um farsante.

Marta Rodríguez, uma consagrada de 30 anos que fez promessa de obediência. Pobreza e castidade e tem um irmão legionário, relembra as pompas da Legião de Cristo em novembro de 2004, no Vaticano, quando João Paulo II celebrou os 60 anos de profissão sacerdotal do fundador. Era a consagração da congregação.

"João Paulo II nos dizia: 'Se sente, os legionários estão presentes'. E você acreditava que era o melhor da Igreja. Pensava: sou do Regnum Christi e que fácil é ser do Regnum Christi".

"Quando, em 2009, o padre Luis Garza (número dois da Legião) nos confessou a vida imoral do padre Maciel, chorei três dias... Passei da Disneylândia para a realidade".

Pergunto ao padre Miguel Segura, valenciano, de 39 anos, reitor da comunidade de Roma, mestre de noviços, físico de nadador e um dos homens mais influentes da Legião:

- O senhor autorizaria que se infligisse castigo físico para vencer a tentação?

- Para começar, se você tem uma sexualidade descontrolada, não pode entrar na Legião. Aqui, é preciso viver sadiamente. E, se apertar, eu recomendo amizade, esporte e descanso. Se essa pessoa for homossexual, eu lhe aconselharia que abandonasse a Legião. Se você é gay, não pode ser legionário. Não pode ser sacerdote. Não pode viver a castidade rodeado de homens. Enquanto aos cilícios e a se açoitar... são demonstrações de vaidade. EU aconselho que se levantem antes, jejuem, deem-se banhos frios... Que não ponham sua integridade física em risco.

Diante da gravidade dos fatos, o Papa foi além da pura retórica.

A maquinaria vaticana se encontra na disjuntiva de dissolver, refundar ou simplesmente reformar a ordem. Qualquer possibilidade está à vista.

No último dia 9 de julho, Bento XVI nomeou o arcebispo italiano Velasio de Paolis, de 74 anos, como comissário para a Legião de Cristo.

De Paolis substitui Álvaro Corcuera, que de 2005 até hoje detinha esse cargo. O arcebispo italiano presidia a Prefeitura para os Assuntos Econômicos da Santa Sé.

Desde a condenação de Bento XVI contra Maciel em maio deste ano, seus retratos desapareceram da Legião. Terão sido queimados? Ninguém sabe.

Marcial Maciel, exemplo durante décadas, faleceu de câncer em janeiro de 2008, em Jacksonville, Flórida, 20 meses depois de ter sido afastado da prática do sacerdócio por ter abusado de 20 seminaristas. Não houve julgamento.

Os abusos sexuais eram o primeiro capítulo da biografia de crimes que seriam conhecidos nos meses seguintes.

A declaração da Santa Sé sobre a vida e a obra de Maciel concluía: "Seus comportamentos gravíssimos e objetivamente imorais se configuram, às vezes, em autênticos delitos e manifestam uma vida carente de escrúpulos e de verdadeiro sentimento religioso".

Os números dos Legionários: 15 universidades na Espanha e 48 no México, 177 colégios, 133.000 alunos, 20.000 empregados, 3.450 sacerdotes, 1.000 consagradas (sua rama feminina de religiosas sem hábito) e
75.000 membros do Regnum Christi, o braço laico da organização. (Tradução de Moisés Sbardelotto)

Fonte: PAULOPES WEBLOG

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