Assassinato de líder afrikaaner e as tensões raciais
Foto: Arquivo Life
A reportagem sobre a morte de Eugene você confere no Jornal do Brasil desta segunda-feira. Por aqui, vamos conhecer um pouco mais desta figura intrigante, rude e reconhecidamente racista que foi Eugene Terre’Blache. A fundação do partido AWB, feita por ele em 1973, tinha como motivação principal a manutenção do apartheid (1948-1994). Na verdade, o que Eugene queria era uma pátria para brancos, uma nação monocromática! Ele ignorava o fato de a África do Sul ser também dos negros e a possibilidade de dividir terras e dignidade com os sul-africanos de pele escura. Desta forma, os benefícios que o líder reivindicava só seriam possíveis com a segregação, que transformava os negros na sombra da sociedade sul-africana. Essa idéia de privilegiar a “raça pura” teria alguma semelhança com o nazismo? Se positiva a resposta, como seria o escudo ou bandeira do partido?
Foto: Arquivo AWB
Olhando rapidamente, daria para se confundir com a suástica... Quando soube que a era “nazista” estava prestes a ser extinta, ele teve um verdadeiro ataque de ódio. Quando viu o presidente branco Frederik de Klerk negociar com o líder negro Nelson Mandela a transição de poder em 1994, liderou protestos sangrentos e ameaçou provocar uma guerra, caso o plano democrático se concretizasse. Os protestos violentos se mantiveram, mas a guerra civil não foi levada adiante. Eugene teve que engolir a proposta de uma África do Sul democrática e literalmente dos negros, que foram correndo ocupar suas mesas e cadeiras no governo. Em um de seus ataques de fúria, o líder bôer assaltou um funcionário de um posto de gasolina e espancou um guarda negro, no ano de 1996. Foi condenado em 2001 e passou três anos na prisão, tempo que teria feito dele uma pessoa menos racista, segundo o próprio. Difícil de acreditar...
No ano de 2008, o líder de extrema-direita voltou à política! Ativou o partido buscando espaço no poder, aproveitando um cenário de caos na África do Sul: crise energética, aumento da violência e corrupção no governo. O poder de oratória permanecia intocável e, aos poucos, Eugene parecia juntar os cacos do seu partido. Agora, com o assassinato, os membros de AWB adeptos de luta terão um estímulo maior para fazê-la. Essa possibilidade traz insegurança para a África do Sul, que sente um desconfortável aumento nas tensões raciais. “Ainda é prematuro falar sobre o caso e conseqüências. A polícia iniciou a investigação com os dois suspeitos que trabalhavam para Eugene. Independentemente do resultado da investigação, o AWB já mencionou que vai vingar a morte de seu líder”, conta o advogado sul-africano Paul Hofman ao Por dentro da África do Sul , destacando a raiva dos seguidores de Eugene que culpam a canção de Julius Malema.
Um curto trecho dos intermináveis e orgulhosos discursos de Eugene
“Não há uma clara evidência de que a música tenha relação direta com o incidente. Mas é claro que a insistência em repetir o som pode exacerbar as tensões e incitar a violência contra os fazendeiros”. Segundo Paul, muitos sul-africanos vêm dizendo que o número de ataques aos fazendeiros aumentou com o hábito de Malema. “Ele canta durante os discursos para distrair a atenção da população em relação às investigações sobre corrupção”, opina, lembrando que muitos sul-africanos vivem em paz e harmonia e que esse incidente cria percepções que dificultam a promoção da igualdade na nova África do Sul.
Apesar da polêmica, Paul acredita que o assassinato não vai desencadear uma onda de violência e protestos na África do Sul, a exemplo do ocorrido após Chris Hani (líder negro morto em 1993, às vésperas da instalação da democracia sul-africana) ter sido assassinado por um branco. “Eugene representa um grupo pequeno, o grupo de resistência afrikaaner. Mesmo assim, a canção (Kill the Bôer) não deve ser pronunciada. Isso precisa parar imediatamente em nome da paz, progresso e prosperidade na África do Sul”.
Frederico enviou em 07/04/2010 as 07:05:
Quem planta vento, colhe tempestade. Quem quer viver promove vida, defende vida. O caminho construído pelo morto não ía dar em bom local. Uma vida construída a base de racismo, preconceitos, desprezo, desdém e congêneres gera rancor, raiva e ódio em outras vidas. E ódio mata. Quem quer paz promove paz. Quem quer respeito promove e mostra o que é respeito. São poucas as pessoas que levam um soco no olho e viram o outro olho para ser socado. Esse preceito cristão não é aceito por todos. Então, em caso de dúvida, é melhor promover sempre a paz, o respeito, a igualdade para todos. Como diria minha tataravó: respeito é bom e preserva os dentes.
Roger enviou em 07/04/2010 as 15:48:
Respeito é bom. E esse que morreu desconhecia isso. O mundo nao perdeu com a morte dele. E o outro que canta para matar os brancos daqui a pouco vai pelo mesmo caminho.
Roger enviou em 07/04/2010 as 15:48:
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