Perfil

Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

Mensagem aos leitores

Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

União Soviética combateu as religiões, mas não foi um Estado ateu

 
por José Geraldo Gouvêa a propósito de
Exploração de pobres por igrejas fere o Estado laico, afirma juiz

A URSS não era um estado ateu. É meio cansativo ficar repetindo, mas é necessário, vamos lá.

A URSS foi um estado socialista totalitário. Por estas duas razões, combateu as religiões. Por ser socialista, acreditava que toda religião organizada é uma estrutura de poder voltada para legitimar a exploração do homem pelo homem. Por ser totalitário, acreditava que toda entidade civil deveria ser submetida diretamente ao estado, inclusive quanto à autorização de funcionamento.


A URSS restringiu a liberdade de religiões, mas também a de sindicatos (alguém tem a ousadia dizer que a URSS era "patronal"?), de grêmios estudantis, de partidos políticos (a não ser o PCUS) e até de grupos musicais. Sim, grupos musicais. Na URSS somente compositores devidamente licenciados podiam escrever música, especialmente música pop. Será que a URSS era um estado anti-musical?

Com os exemplos acima eu creio que demonstrei que a URSS não era ateísta, mas radicalmente secular e totalitária (e são coisas diferentes). Mas se os exemplos não são suficientes, recomendo a leitura das obras de Lênin, Kropotkin, Isaac Babel, Trótski e até de Stálin. Descobrirão que havia padres lutando pela Revolução Russa e que havia entidades religiosas toleradas.

A Igreja Ortodoxa, por exemplo, gozou de grandes privilégios nos anos 30-50 e o Islã sempre foi cuidosamente trabalhado pelos comunistas, que viam nos seus ideais internacionalistas uma analogia com o próprio comunismo.

No filme "Reds" (baseado na autobiografia de John Reed), vemos como os comunistas sonhavam em fazer os muçulmanos verem no socialismo o "estágio seguinte do islamismo". Isso chocou Reed, mas foi muito eficaz para assegurar a fidelidade da Ásia Central à Revolução.

Outra coisa curiosa a respeito do comunismo (pelo menos o soviético) foi que ele matou mais, proporcionalmente, pessoas de crenças não cristãs. As principais vítimas foram animistas (nativos siberianos, nativos árticos), muçulmanos (na Ásia Central, no Cáucaso e na borda do Mar Negro) e ateus mesmo (os famosos expurgos do PCUS). Se o número de cristãos morto é maior, isso é apenas porque a URSS era predominantemente cristã.

Não é verdade, tampouco, que a URSS fosse um estado oficialmente ateu. A Constituição soviética assegurava liberdade de crença, apenas restringia as organizações religiosas. Na prática isso dificultava o proselitismo, mas ser 'cristão' não era, em si, ilegal.

A maior prova do fracasso do "ateísmo" soviético é que a proporção de ateus na URSS, após o fim do comunismo, revelou-se pequena. A perda de fieis afetou principalmente a Igreja Ortodoxa, que já vinha desde o século XVIII sofrendo com cismas, corrupção do clero e perda de ascendência moral sobre a sociedade. O islamismo cresceu durante os 70 anos de comunismo.

Fonte: PAULOPES WEBLOG


Nenhum comentário: