DA REUTERS, EM BARCELONA
Os fãs das touradas gritarão "olé" pela última vez na praça de touros
Monumental, de Barcelona, no domingo, antes que a proibição ao esporte
entre em vigor na região da Catalunha, no nordeste da Espanha.
A lei regional proibiu no ano passado a tradição secular - que coloca um
"matador" armado com uma espada em trajes brilhantes e capa vermelha
contra um touro enfurecido -, depois que os catalães assinaram uma
petição.
O setor das touradas ainda está convencido de que tem uma chance de
derrubar a proibição e trazer na próxima temporada os "toros" de volta
para a Catalunha, a única região da Espanha que proibiu o esporte - ou a
arte, como seus fãs a enxergam.
"Acho que os políticos vão pensar duas vezes sobre a proibição e a
tourada vai continuar. E graças a Deus, porque a Catalunha tem muitos
fãs de touradas e em um país democrático eles deveriam poder ir a uma
tourada", disse Moisés Fraile, de 64 anos, proprietário do El Pilar, que
fornecerá os touros para o espetáculo de domingo.
Cerca de 20.000 espectadores devem lotar o Monumental, a única praça de
touros ainda em atividade na Catalunha. Os ingressos estão esgotados
para a corrida de domingo, da qual tomará parte o matador madrilenho
José Tomás, que se aposentou em 2002, mas faz raras aparições desde
2007.
Manu Fernandez/Associated Press | ||
O toureiro Jose Tomas cumprimenta a multidão na praça de touros Monumental, de Barcelona. |
"Há vários catalisadores que poderiam fazer com que a proibição fosse
derrubada", disse Paco March, crítico de touradas do La Vanguardia, o
principal jornal da Catalunha.
March diz que o conservador Partido Popular - uma das principais forças
políticas da Espanha - está lutando contra a proibição, tomando como
referência a Constituição, e a Federação das Touradas da Catalunha está
coletando assinaturas para entrar com uma petição no Congresso espanhol.
Os problemas econômicos da Espanha também poderiam ser um fator
decisivo, já que os governos regionais como o da Catalunha estão sob
enorme pressão para reduzir gastos e ajudar o país a cortar seu déficit
público, enquanto tentam se esquivar da crise da dívida da zona do euro.
Tais medidas de austeridade poderiam dificultar para o governo catalão
pagar ao proprietário do Monumental, Pedro Balañá, vários milhões de
euros pelo prédio.
TOURADAS EM VIAS DE EXTINÇÃO
Mesmo que o lobby pró-touradas consiga reabrir o Monumental, a cada ano
menos espanhóis vão às praças de touros. O número de touradas encolheu
34 por cento entre 2007 e 2010, segundo dados oficiais. A praça Las
Arenas, de Barcelona, fechou nos anos 1970 e hoje é um shopping center.
"Não conheço ninguém com a minha idade que vá a uma tourada. Não é uma
tradição catalã, mas da Andaluzia ou de Extremadura. O fato de que o
touro seja tratado tão mal mesmo antes da luta deveria acabar com
qualquer tradição", disse Laia Gómez, de 31 anos, funcionária do serviço
público, em Barcelona.
Jovens espanhóis não sabem os nomes dos principais toureiros e sentem
dificuldade em explicar para um estrangeiro as regras da tradição.
Fonte: FOLHA DE SP
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