Modelo está no Salão de Frankfurt e será vendido na Europa.
Setor de duas rodas recebe atenção de outras montadoras.
Pressionadas para desenvolver carros menos poluentes, as montadoras decidiram investir no segmento de bicicletas. A primeira "pedalada" ousada neste sentido foi a da Peugeot, marca que começou no mundo das duas rodas e defende esta tradição. Ela comercializa uma bicicleta elétrica desde o ano passado na Europa, por cerca de 3 mil euros. Famosa pelos minicarros, a Smart agora aproveitou o Salão de Frankfurt para estrear neste segmento com o modelo híbrido E-Bike, que começa a ser vendido no ano que vem.
A “bike” que funciona com pedaladas e um motor elétrico não é apenas um produto que propõe uma alternativa de mobilidade a quem ainda não tem idade para tirar a habilitação de moto ou carro, mas também uma forma de aprimorar a tecnologia elétrica — que sofre pela baixa autonomia que proporciona —, aumentar o portfólio de produtos e de reforçar a imagem da marca do grupo Daimler.
Vice-presidente da Smart, Annette Winkler, promove a E-Bike (Foto: Divulgação)
"Na área da eletro-mobilidade, agradar os clientes e realizar um novo conceito é importante e a bicicleta tem uma parte dentro disso. Mas também é, com certeza, uma estratégia de marketing. É bem difícil ligar a marca Smart a carros maiores, por ser bem focada em veículos de entrada, mas é mais fácil para ela avançar na realização de novos veículos”, afirma o diretor da empresa de consultoria Roland Berger, Stephan Keese.
Porém, a vice-presidente mundial da Smart, Annette Winkler, nega que o novo produto seja uma estratégia de marketing, mas, sim, um trabalho sério dentro da empresa. "Veja, isto aqui é um Smart de duas rodas. Em todos os sentidos, até na tração traseira", diz a executiva ao mostrar a funcionalidade da bicicleta a jornalistas brasileiros. "Você pode ir ao trabalho com ela sem suar, porque tem um motor elétrico auxiliar. E sua roupa não vai sujar, porque a correia dentada de carbono não tem graxa. E você pode estar até de salto", demonstrou Annette, com grande entusiasmo.
Dessa forma, a Smart entra na lista "premium” das bicicletas, composta por modelos até mais luxuosos por carregar os emblemas de marcas como Audi, Maserati e McLaren e pela mais do que concorrente Mini, que lançou recentemente uma bicicleta dobrável que cabe nos modestos porta-malas de seus carros. Mas todas essas, fora a da Peugeot, não têm motor elétrico.
Inviabilidade no Brasil
A propulsão elétrica faz a marca entrar em um nicho com forte potencial na Europa. De acordo com previsões da associação da indústria de duas rodas (ZIV), as bicicletas híbridas devem estimular em 2018 o aumento de 15% de todas as vendas da “magrela” na Alemanha. Em 2010, foram 20 mil unidades vendidas. Ao considerar todo o continente, em 2007, cerca de 200 mil pessoas optaram por uma bicicleta híbrida e, de acordo com a ZIV, até 2009 este número já tinha subido para 500 mil. Em 2010, cerca de 700 mil bikes eletrificadas foram vendidas no mercado europeu.
"É isso o que a Peugeot quer, alternativas inteligentes para a mobilidade", diz o diretor de relações exteriores e marketing da montadora francesa, Marc Bocqué.
Mas a realidade brasileira é diferente pela falta de infra-estrutura. Por isso, nem a Smart e nem a Peugeot vão vender tão cedo as "bikes" no país. O mercado brasileiro de bicicletas é o quinto maior do mundo, com 5% de participação, segundo a Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Ele fica atrás da China, que consome 21% do que é produzido globalmente — em 2010, foram vendidas no mercado chinês 25 milhões de bicicletas —; dos Estados Unidos (15%, com 18 milhões); do Japão (9%, com 11 milhões) e da Índia (8%, 10 milhões). No ano passado, a China consumiu 22 milhões de bikes elétricas.
Os números brasileiros poderiam ser maiores se não fosse a grande informalidade que existe neste setor. “Muita gente compra [importa] as peças separadamente e monta a bicicleta do jeito que quer", afirma o diretor-executivo da Abraciclo, Moacyr Alberto Paes.
Exemplares no país
No Brasil, se a resolução 315 do Conselho Nacional do Trânsito (Contran), publicada em maio de 2009, fosse cumprida, as bicicletas híbridas teriam que ser licenciadas e só poderiam ser conduzidas por quem tem carteira de habilitação, porque são classificadas como motoneta. A norma provoca protestos e a Associação Brasileira do Veículo Elétrico briga para que ela seja mudada.
Pode parecer estranho uma bicicleta com motor elétrico. Mas a ideia da marca com o modelo — apresentado como protótipo no Salão de Paris de 2009 — é oferecer um produto acessível a quem ainda não tem idade para dirigir um carro, para quem não tem tanto condicionamento físico para grandes esforços em ladeiras ou mesmo quem deseja ir ao trabalho com ela.
Fonte: G1
Entre as associadas à entidade, Caloi, Princebike e Ox Bike, nenhuma produz esse tipo de produto. No entanto, algumas fabricantes investem no segmento mesmo esbarrando em problemas de legislação. As primeiras bikes híbridas importadas começaram a entrar no Brasil há três anos. Caso da EcoBike, marca de uma empresa de Novo Hamburgo (RS) que traz o produto da China.
No ano passado, a seguradora Porto Seguro procurou a Pro X, de fabricante paulistano, e desenvolveu um modelo nacional para seus mecânicos, que prestam socorro nas ruas. Como o produto começou a chamar a atenção, a empresa lançou o modelo para venda.
"Eu entendo a bicicleta híbrida como uma evolução natural do produto. É um nicho, estamos começando com isso no Brasil, mas em outros países esse conceito está mais avançado”, afirma o diretor da Abraciclo. O especialista ressalta que a tecnologia ainda é muito cara no Brasil, por isso a popularização deste tipo de veículo é mais difícil. “Se você tiver uma demanda maior, naturalmente o preço vai cair. É uma questão de tempo”, diz Paes.
Peugeot comercializa bicicleta híbrida na Europa desde o ano passado (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)
Na lei, "bike" elétrica é motoneta
No Brasil, se a resolução 315 do Conselho Nacional do Trânsito (Contran), publicada em maio de 2009, fosse cumprida, as bicicletas híbridas teriam que ser licenciadas e só poderiam ser conduzidas por quem tem carteira de habilitação, porque são classificadas como motoneta. A norma provoca protestos e a Associação Brasileira do Veículo Elétrico briga para que ela seja mudada.
Pela lei europeia, por exemplo, na bicicleta com motor elétrico a "partida" deve ser feita pela força muscular do ciclista nos pedais, por isso é classificada como híbrida. Além disso, o motor deve parar de funcionar quando a velocidade atingir 25 km/h e quando o freio for acionado, ainda que o ciclista continue pedalando. A potência do motor não deve superar 250 watts.
A cada pedalada ajuda a recarregar a bateria de bicicleta da Smart (Foto: Divulgação)
E-Bike dá folga nas subidas
Pode parecer estranho uma bicicleta com motor elétrico. Mas a ideia da marca com o modelo — apresentado como protótipo no Salão de Paris de 2009 — é oferecer um produto acessível a quem ainda não tem idade para dirigir um carro, para quem não tem tanto condicionamento físico para grandes esforços em ladeiras ou mesmo quem deseja ir ao trabalho com ela.
O motor auxilia em subidas e, a cada pedalada, a bateria de íon-lítio que alimento o pequeno motor é recarregada. Por causa da assistência elétrica, a bike tem quatro trocas de marchas, com quatro opções de potência. E, para a segurança de quem pedala, quando o motor elétrico está em funcionamento, a velocidade não ultrapassa os 25 km/h.
Dependendo do nível de energia selecionado e o modo de andar com a bicicleta, uma carga de bateria pode durar mais de 62 quilômetros. A bateria pode ser recarregada em uma tomada normal. A bike da Smart será produzida com qualidade “premium”, de acordo com a Smart e a parceira também alemã Grace.
Fonte: G1
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