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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Famosa por minicarros, Smart lança bicicleta com motor elétrico

Modelo está no Salão de Frankfurt e será vendido na Europa.
Setor de duas rodas recebe atenção de outras montadoras.

Priscila Dal Poggetto Do G1, em Frankfurt (Alemanha) - A jornalista viajou a convite da Anfavea

Pressionadas para desenvolver carros menos poluentes, as montadoras decidiram investir no segmento de bicicletas. A primeira "pedalada" ousada neste sentido foi a da Peugeot, marca que começou no mundo das duas rodas e defende esta tradição. Ela comercializa uma bicicleta elétrica desde o ano passado na Europa, por cerca de 3 mil euros. Famosa pelos minicarros, a Smart agora aproveitou o Salão de Frankfurt para estrear neste segmento com o modelo híbrido E-Bike, que começa a ser vendido no ano que vem.
A “bike” que funciona com pedaladas e um motor elétrico não é apenas um produto que propõe uma alternativa de mobilidade a quem ainda não tem idade para tirar a habilitação de moto ou carro, mas também uma forma de aprimorar a tecnologia elétrica — que sofre pela baixa autonomia que proporciona —, aumentar o portfólio de produtos e de reforçar a imagem da marca do grupo Daimler.
bicicleta smart (Foto: Divulgação)
Vice-presidente da Smart, Annette Winkler, promove a E-Bike (Foto: Divulgação)
 
"Na área da eletro-mobilidade, agradar os clientes e realizar um novo conceito é importante e a bicicleta tem uma parte dentro disso. Mas também é, com certeza, uma estratégia de marketing. É bem difícil ligar a marca Smart a carros maiores, por ser bem focada em veículos de entrada, mas é mais fácil para ela avançar na realização de novos veículos”, afirma o diretor da empresa de consultoria Roland Berger, Stephan Keese.
Porém, a vice-presidente mundial da Smart, Annette Winkler, nega que o novo produto seja uma estratégia de marketing, mas, sim, um trabalho sério dentro da empresa. "Veja, isto aqui é um Smart de duas rodas. Em todos os sentidos, até na tração traseira", diz a executiva ao mostrar a funcionalidade da bicicleta a jornalistas brasileiros. "Você pode ir ao trabalho com ela sem suar, porque tem um motor elétrico auxiliar. E sua roupa não vai sujar, porque a correia dentada de carbono não tem graxa. E você pode estar até de salto", demonstrou Annette, com grande entusiasmo.
Dessa forma, a Smart entra na lista "premium” das bicicletas, composta por modelos até mais luxuosos por carregar os emblemas de marcas como Audi, Maserati e McLaren e pela mais do que concorrente Mini, que lançou recentemente uma bicicleta dobrável que cabe nos modestos porta-malas de seus carros. Mas todas essas, fora a da Peugeot, não têm motor elétrico.
arte bicicleta (Foto: Arte G1)

Inviabilidade no Brasil
A propulsão elétrica faz a marca entrar em um nicho com forte potencial na Europa. De acordo com previsões da associação da indústria de duas rodas (ZIV), as bicicletas híbridas devem estimular em 2018 o aumento de 15% de todas as vendas da “magrela” na Alemanha. Em 2010, foram 20 mil unidades vendidas. Ao considerar todo o continente, em 2007, cerca de 200 mil pessoas optaram por uma bicicleta híbrida e, de acordo com a ZIV, até 2009 este número já tinha subido para 500 mil. Em 2010, cerca de 700 mil bikes eletrificadas foram vendidas no mercado europeu.
"É isso o que a Peugeot quer, alternativas inteligentes para a mobilidade", diz o diretor de relações exteriores e marketing da montadora francesa, Marc Bocqué.
Mas a realidade brasileira é diferente pela falta de infra-estrutura. Por isso, nem a Smart e nem a Peugeot vão vender tão cedo as "bikes" no país. O mercado brasileiro de bicicletas é o quinto maior do mundo, com 5% de participação, segundo a Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Ele fica atrás da China, que consome 21% do que é produzido globalmente — em 2010, foram vendidas no mercado chinês 25 milhões de bicicletas —; dos Estados Unidos (15%, com 18 milhões); do Japão (9%, com 11 milhões) e da Índia (8%, 10 milhões). No ano passado, a China consumiu 22 milhões de bikes elétricas.
Os números brasileiros poderiam ser maiores se não fosse a grande informalidade que existe neste setor. “Muita gente compra [importa] as peças separadamente e monta a bicicleta do jeito que quer", afirma o diretor-executivo da Abraciclo, Moacyr Alberto Paes.

Exemplares no país
Entre as associadas à entidade, Caloi, Princebike e Ox Bike, nenhuma produz esse tipo de produto. No entanto, algumas fabricantes investem no segmento mesmo esbarrando em problemas de legislação. As primeiras bikes híbridas importadas começaram a entrar no Brasil há três anos. Caso da EcoBike, marca de uma empresa de Novo Hamburgo (RS) que traz o produto da China.
No ano passado, a seguradora Porto Seguro procurou a Pro X, de fabricante paulistano, e desenvolveu um modelo nacional para seus mecânicos, que prestam socorro nas ruas. Como o produto começou a chamar a atenção, a empresa lançou o modelo para venda.
"Eu entendo a bicicleta híbrida como uma evolução natural do produto. É um nicho, estamos começando com isso no Brasil, mas em outros países esse conceito está mais avançado”, afirma o diretor da Abraciclo. O especialista ressalta que a tecnologia ainda é muito cara no Brasil, por isso a popularização deste tipo de veículo é mais difícil. “Se você tiver uma demanda maior, naturalmente o preço vai cair. É uma questão de tempo”, diz Paes.
Peugeot comercializa bicicleta híbrida na Europa desde o ano passado (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)
Peugeot comercializa bicicleta híbrida na Europa desde o ano passado (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)
 
Na lei, "bike" elétrica é motoneta

No Brasil, se a resolução 315 do Conselho Nacional do Trânsito (Contran), publicada em maio de 2009, fosse cumprida, as bicicletas híbridas teriam que ser licenciadas e só poderiam ser conduzidas por quem tem carteira de habilitação, porque são classificadas como motoneta. A norma provoca protestos e a Associação Brasileira do Veículo Elétrico briga para que ela seja mudada.
Pela lei europeia, por exemplo, na bicicleta com motor elétrico a "partida" deve ser feita pela força muscular do ciclista nos pedais, por isso é classificada como híbrida. Além disso, o motor deve parar de funcionar quando a velocidade atingir 25 km/h e quando o freio for acionado, ainda que o ciclista continue pedalando. A potência do motor não deve superar 250 watts.
bike smart (Foto: Divulgação)
A cada pedalada ajuda a recarregar a bateria de bicicleta da Smart  (Foto: Divulgação)
 
E-Bike dá folga nas subidas

Pode parecer estranho uma bicicleta com motor elétrico. Mas a ideia da marca com o modelo — apresentado como protótipo no Salão de Paris de 2009 — é oferecer um produto acessível a quem ainda não tem idade para dirigir um carro, para quem não tem tanto condicionamento físico para grandes esforços em ladeiras ou mesmo quem deseja ir ao trabalho com ela.
O motor auxilia em subidas e, a cada pedalada, a bateria de íon-lítio que alimento o pequeno motor é recarregada. Por causa da assistência elétrica, a bike tem quatro trocas de marchas, com quatro opções de potência. E, para a segurança de quem pedala, quando o motor elétrico está em funcionamento, a velocidade não ultrapassa os 25 km/h.
Dependendo do nível de energia selecionado e o modo de andar com a bicicleta, uma carga de bateria pode durar mais de 62 quilômetros. A bateria pode ser recarregada em uma tomada normal. A bike da Smart será produzida com qualidade “premium”, de acordo com a Smart e a parceira também alemã Grace.

Fonte: G1

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