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terça-feira, 27 de março de 2012

Deputada evangélica resolve cantar da tribuna da Câmara — com playback e coro.

O Congresso Nacional sempre foi uma casa de espetáculos deprimentos. Um dos mais lamentáveis ocorreu na da votação da Constituição Federal, quando se aprovou um preâmbulo que diz ter sido a Carta Magna aprovada por parlamentares "sob a proteção de Deus".

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Lauriete: tribuna da Câmara virou palco de cantora gospel (Foto: Agência Câmara)

Ricardo Setti, na Veja on-line

Não bastavam as ridículas intervenções do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), no Senado, cantando, desafinadíssimo, como volta e meia faz, desde que certa vez resolveu homenagear à sua maneira Bob Dylan tentando entoar “Blowing in the Wind” da tribuna.
A deputada Lauriete (PSC-ES), que é evangélica e cantora gospel, e graças a isso se elegeu, transformou recentemente a tribuna da Câmara dos Deputados em palco em homenagem aos 100 anos da Assembléia de Deus no Brasil e cantou, acompanhada de um coro de parlamentares da mesma orientação religiosa.
Experiente, ela providenciou playback para a música.
Respeito todas as religiões, mas a mim isso ocorrer no plenário da Câmara me parece o fim da picada.


Tempos atrás a Superinteressante descobriu uma estratégia p/ ampliar as vendas que parecia infalível. Bastava a matéria de capa estar relacionada à Bíblia ou a Jesus p/ a edição fazer sucesso. 
Com uma recorrente versão gospel do complexo de vira-latas tão bem delineado pelo Nelson Rodrigues, o rebanho reage animalmente a qualquer tipo de provocação e sai latindo e balindo por aê.
Com um festival de bizarrices sem precedentes na história, o zoo gospel hoje transformou-se num dos pratos principais servidos pela mídia. Duas colheres de Macedo, uma medida de Malafaia e uma pitada de Feliciano são suficientes para fazer crescer a massa da audiência e, em especial, a área de comentários.
Como “lhe dar” quando um cara do naipe do Ricardo Setti lasca em sua coluna um textinho preguiçoso e um vídeo manjadíssimo que já rodou por todos os sites e blogs? Pra começo de conversa, o tal “recentemente” refere-se a junho do ano passado. =/
Claaaro que o expediente deu certo e o pau tá comendo solto na área de comentários. Discussões improfícuas e rasteiras como as que acontecem aos borbotões na internet. Com a afasia (e a dislexia) da chamada “mídia gospel”, parece que estamos condenados a ser eternamente nivelados por baixo, como se o porão (e os roedores variados que nele habitam) fosse a parte + importante da casa cristã.
Para os adeptos da desculpa-clichê que “a Palavra nunca volta vazia”, resta uma ligeira adaptação do brado da funkeira (e evangélica) Tati Quebra-Barraco: “somos feios, mas estamos na moda”.

Fonte: PAVABLOG

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