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terça-feira, 27 de março de 2012

Retirada de crucifixo de tribunais é 'uma ofensa', afirma arcebispo

SEMPRE OS MESMOS ARGUMENTOS FURADOS: A TRADIÇÃO E A HISTÓRIA

O surgimento das religiões cristãs, assim como do Islamismo, resultou de fraturas na tradicional religião judaica. 
Não se valorizou nem a tradição nem a história, naquela época. Só para exemplificar, a Igreja Católica não preservou a tradição da circuncisão, como ritual de iniciação, adotando o denominado batismo. Os sacrifícios de animais foram substituídos por outros ritos. Enfim, muito do que se considerava tradição, cultura e história do judaísmo foi abandonado.
Os costumes de usar sotainas (batinas) e de rezar as missas em latim, durante largo tempo, foram considerados intocáveis, mas a hierarquia da ICAR acabou por modificar tais regras (cânones), circunstância que evidencia que a tradição, a história, os costumes,  a cultura, enfim, podem ser modificados, sim.

Então, para ser coerente, a Igreja Católica jamais deveria invocar tais pretextos em defesa dos seus interesses, não é mesmo?

Aqui em Florianópolis/SC, no afã de justificar o repasse de dinheiro público para o restauro de templos, para a Procissão do Senhor dos Passos também se invoca a tradição, a cultura, a história. Balela pura, de que se vale o culto para praticar indisfarçáveis fruades e desvios de recursos públicos, no que é auxiliada por incontáveis políticos safados, interessados nos votos dos fiéis da religião católica.  

Ou "Dom" Odilo é hipócrita  ou anda delirando. Fico com a primeira hipotese, que me parece mais plausível.

Razão tem o Sottomaior, sempre brilhante e sincero.

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Dom Odilo defendeu a tradição
da exposição do crucifixo 
Dom Odilo Pedro Sherer (foto), arcebispo metropolitano de São Paulo, disse ser uma “ofensa” à Igreja Católica a forma pela qual a Justiça do Rio Grande do Sul decidiu retirar os crucifixos e demais símbolos religiosos de seus tribunais.

“Houve constrangimento”, disse. “Criou-se um problema que não havia.”


Ao participar ontem (26) à noite do programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, dom Sherer reconheceu que a Igreja não pode “pretender exigir” a presença de seus símbolos nos tribunais.


“O Estado é laico”, afirmou. Mas ainda assim defendeu a permanência dos símbolos católicos no espaço público porque  eles fazem parte da tradição e da história do país.


Ao responder uma pergunta sobre o desconforto que alguém que não seja católico, como judeu e ateu, possa ter ao ser julgado diante de um crucifixo, Sherer disse que o símbolo não interfere nas decisões dos juízes, que se baseiam nas leis.


O arcebispo reafirmou, durante a entrevista, a posição da Igreja sobre temas como aborto, casamento de homossexuais e uso de contraceptivos.


Ele reconheceu que a Igreja Católica tem perdido fiéis para as denominações evangélicas. E isso, segundo ele, se deve a vários motivos, que vão desde aos problemas internos, como a falta de sacerdotes, aos “métodos de arrebanhamento de fiéis por alguns grupos religiosos”, que prometem milagres e “solução para todos os problemas da vida”.


Afirmou que isso a Igreja Católica nunca fará.

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/#ixzz1qKEuudzh

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Exposição do crucifixo em público: tradição não significa eternidade

Título original:

Crucifixos devem sair das repartições públicas


por Daniel Sottomaior para Sul21
pé acorrentado de escravo
Escravidão foi uma
tradição que teve fim
Tem sido argumento recorrente dos defensores de crucifixos em repartições públicas a alegação de que eles constituem tradição centenária ligada ao cristianismo que sempre permeou a cultura brasileira. Afinal de contas, se é tradição, é bom e verdadeiro.
Manter a tradição é um princípio que atua sempre em favor do bem comum e que, por isso, deve ser observado incondicionalmente pelos legisladores e pelos operadores do direito.

A escravidão, por exemplo, é uma tradição que remonta não só aos primeiros dias da colonização no Brasil, mas vai muito além, e está bem fundamentada nos textos sagrados das três religiões abraâmicas. Deus, em sua infinita sabedora, dá instruções muito específicas sobre como tomar, tratar e vender escravos.

Jesus fez parábolas com escravos, jamais se incomodando com seu status, e Paulo disse com todas as letras que eles deveriam obedecer aos seus senhores.

Essa é a tradição em que foi fundada nossa civilização, desde muito antes do Império Romano. Ora, este país foi construído sobre o trabalho escravo. E mais: a escravidão é plenamente legitimada por diversas bulas papais. Sua Santidade, Paulo VI, dirigiu ao rei de Portugal a bula Dum Diversas, em que afirmou:

“Nós lhe concedemos, por estes presentes documentos, com nossa Autoridade Apostólica, plena e livre permissão de invadir, buscar, capturar e subjugar os sarracenos e pagãos e quaisquer outros incrédulos e inimigos de Cristo, onde quer que estejam, como também seus reinos, ducados, condados, principados e outras propriedades… e reduzir suas pessoas à perpétua escravidão”

Esta é nossa tradição. Por que deveríamos negá-la, se está sustentada pela Bíblia e reafirmada pelas palavras de mais de um Santo Padre?

Depois da abolição da escravatura, as coisas só pioraram. Ao menos naquela época, a Constituição ainda instituía que o governo deve ser monárquico e que a religião oficial era a Católica Apostólica Romana. O Brasil andou muito bem nos quatro séculos de um Estado legitimado pelo direito divino, uma tradição antiqüíssima que só bem trouxe às gentes, mas ela foi subitamente encerrada com a instituição da República, cujo poder se imaginava emanar do povo, e não de Deus.

Como consequência, a República instituiu o voto universal e – imaginem só – a liberdade religiosa plena. Como pudemos virar as costas para a nossa tradição dessa maneira? Nunca o país teve liberdade religiosa, e nossa origem portuguesa também lhe é contrária. Só uma constituição que não foi proclamada com a proteção divina em seu preâmbulo poderia conter tamanho absurdo.

Depois da abolição da escravatura, da instituição da República e da democracia, da liberdade de divórcio civil, do uso legal de contraceptivos, da igualdade da mulher e tantas outras heresias instaladas em nome de direitos fundamentais, agora vêm de novo esses mesmos iconoclastas nos impor o fim de mais uma tradição fulcral à cultura brasileira.

Retirar os crucifixos das repartições públicas é uma clara perseguição aos cristãos em seu inalienável direito histórico de converter todos os demais à única e verdadeira religião. Ou será que também irão nos dizer que uma mera Constituição, que nem trinta anos tem, deve prevalecer sobre tradições milenares?

Nesse ritmo de negação do passado e de nossas mais profundas raízes, é de se temer que algum dia poderemos chegar à igualdade plena entre os cidadãos de todas as fés, e até mesmo os descrentes. Que Deus nos livre disso.

Daniel Sottomaior é presidente da Atea (Associação Brasileira da Ateus e Agnósticos).

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/#ixzz1qKImUqOe

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