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sexta-feira, 30 de março de 2012

Gente que marcou época - OS SOFISTAS E SÓCRATES

Relendo "A cidade antiga" de Fustel de Coulanges (Edit. Martin Claret/SP/ 2005), deparo-me com as informações que repasso a vocês:

(...) Vieram então os sofistas (...). Eram homens ardentes no combate contra velhos erros. Na luta travada contra tudo o que se ligava ao passado, não pouparam as instituições da cidade nem os preconceitos da religião. Examinaram e discutiram ousadamente as leis que ainda tutelavam o Estado e a família. Os sofistas iam de cidade em cidade pregando os novos princípios; o que ensivam não era bem a indiferença entre o justo e o injusto, mas uma nova justiça, menos acanhada e exclusivista que a antiga, mais humana mais racional, e liberta das fórmulas das idades anteriores. Foimuma empresa ousada, que levantou uma tempestade de ódios e de rancores. Acusaram-nos de não terem nem religião, nem moral, nem patriotismo. (...) Os sofistas abalaram, como nos diz Platão, o que até então estivera irremovível. Colocavam tanto o sentimento religioso como o político na consciência humana, e não nos costumes dos antepassados ou na tradição imutável. Ensinaram os gregos que, para governar o Estado, não bastava invocar os velhos usos e as leis agradas, mas era necessário persuadir os homens  a atuar como vontades livres. Substituíam o conhecimento dos antigos costumes pela arte de raciocinar e de falar, pela dialética e pela retórica. Os seus adversários tinham por si a tradição; os sofistas se ligavam à eloquêncdia e ao saber.
Uma vez despertado o hábito da reflexão, o homem nunca mais  quis crer sem compreender (*), nem se deixar governar sem discutir as instituições. Duvidou da justiça de suas velhas leis sociais, e outros princípios surgiram.. (...)
Sócrates, embora reprovasse o abuso que os sofistas faziam do direito de duvidar, pertencia à sua escola. Como eles, não admitia a autoridade da tradição, e acreditava que as regras de conduta estavam gravadas na consciência humana. (...) Colocava a verdade acima dos costumes e a justiça acima da lei. Distinguia a moral da religião; antes dele o dever senão como mandato dos antigos deuses, mas o filósofo demonstrou que a origem do dever está na própria alma do homem. Em tudo isso, quer o quisesse, quer não, fazia guerra aos cultos da cidade. em vão Sócrates tinha o cuidado de assistir todas as festas e de tomar parte nos sacrifícios; suas crenças e palavras desmentiam a sua conduta. Fundava uma religião nova, contrária à religião das cidades. Acusaram-no com razão "de não adorar os deuses que o Estado adorava: Condenarm-no a morrer por ter atacado os costumes e as crenças dos antrepassados ou, como então se dizia, por corromper a geração da época. a impopularidade de Sócrates e os grandes ódios de seus concidadãos explicam-se, se pensarmos nos costumes religiosos dessa sociedade ateniense, onde existiam tantos sacerdotes e onde eram tão poderosos. Mas a revolução iniciada pelos sofistas, e continuada por Sócrates com mais moderação, não deteve a morte do ancião. A sociedade grega libertou-se, cada vez mais, do domínio das velhas crenças e das velhas instituições. (...) - p. 379.

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(*) Hoje, parece estar renascendo a ignorância do povo antes dos sofistas e de Sócrates. Muita gente continua a crer sem entender, abrindo mão da maior qualidade do ser humano, que é a capacidade de pensar e questionar.

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